A IA vai bater na sua porta #nasdaq100 #NVDA

 


Quer queira, quer não, os dias de muitas funções estão contados. Fico surpreso com o quanto os empresários no Brasil estão distantes da realidade que ocorre bem debaixo de seus narizes. Quando comento sobre o que estou fazendo com o ChatGPT, sinto que estou falando grego para eles. E, se não estiverem conectados, não serão seus funcionários que farão por eles.

Já não estou na linha de frente há bastante tempo, mas conheço exatamente as funções dentro da área de investimentos. Fico imaginando que, se tivesse acesso ao banco de dados de uma XP ou BTG, certamente faria uma avaliação de risco muito melhor do que os questionários aplicados ou perguntas do tipo: "Você se considera um investidor conservador, moderado ou arrojado?" Acredito que todos eles têm pouca utilidade, pois apresentam um tremendo viés. Perguntar se o investidor suporta uma queda de 10% na teoria é muito diferente da prática.

Outro dia, em conversa com um executivo de uma grande instituição financeira, arrisquei alguns palpites. Hoje em dia, um banker cuida de 50 a 100 contas de clientes ativos. Duvido que faça um trabalho tailor-made. Por que essa afirmação? Primeiro, ele conhece pouco dos produtos disponíveis para oferecer. Não que não seja capaz, mas, nos dias atuais, é impossível conhecer os detalhes de todos. Segundo, existe o viés dele na composição da carteira. Por último, não faz um pente-fino com a frequência desejada, dado o número de mudanças internas e externas.

Perguntei a esse executivo se há uma equipe na empresa pensando em IA. Sua resposta indicou que devem ter alguns estagiários, e nada mais. Isso contrasta com o JPMorgan, onde, hoje, o diretor de IA faz parte do comitê do banco. Depois, arrisquei dizer que, daqui a alguns anos, um banker cuidará de 1.000 contas, e as mudanças de portfólio serão feitas automaticamente por um modelo de IA, com execução tailor-made para cada investidor. Sua resposta não poderia ser mais negacionista: "Imagina se o cliente vai falar com uma máquina?" Eu retruquei: "Vai, pois o resultado será melhor que o atual."

Dentro das minhas divagações, será que a IA pode entrar no lado ativo, na gestão de ativos? Tentei utilizá-la para formatar cenários na análise técnica, mas não fui bem-sucedido, pelo menos usando o ChatGPT. Aaron Brown traz, na Bloomberg, o resultado de uma entrevista com Cliff Asness, ex-diretor de pesquisa da AQR Capital Management, que fez a seguinte afirmação: "A IA está vindo para ocupar meu lugar!"

Cliff Asness, executivo de hedge funds, afirma que a inteligência artificial está ficando "irritantemente melhor" em realizar partes do seu trabalho. A IA utilizada pela sua empresa, AQR Capital Management, onde trabalhei por uma década, está combinando fatores de investimento para construir carteiras que superam o mercado — algo que costumava ser a especialidade de Asness. "A IA está vindo atrás de mim agora", disse ele à Bloomberg Television em uma entrevista recente.

Sete anos atrás, Asness expressou ceticismo ao Financial Times, dizendo que big data e aprendizado de máquina eram perigosos porque identificavam muitos padrões espúrios, e até mesmo padrões genuínos eram rapidamente competidos fora dos mercados. No entanto, como um bom gestor de portfólio, ele fez uma ressalva, afirmando: "Estamos tateando. Se nossos primeiros experimentos derem resultado, faremos mais. Se descobrirmos que somos bons nisso, se tornará uma parte maior da AQR."

Voltando ainda mais no tempo, em 2010, lembro-me do entusiasmo inicial pela IA no investimento quantitativo. Avanços nos algoritmos de IA e melhorias no processamento computacional criaram uma mentalidade de corrida ao ouro entre muitos gestores de investimento. Os quants pareciam estar bem-posicionados para serem os primeiros a encontrar o filão, pois tinham o treinamento e as habilidades para entender e aplicar a IA. Mas os resultados iniciais foram decepcionantes — não terríveis, apenas aquém das melhorias que aficionados e fãs de ficção científica esperavam.

No entanto, os últimos sete anos — geralmente datados da publicação de “Attention Is All You Need” por pesquisadores da Alphabet Inc. em 2017 — mudaram drasticamente o cenário, e o sonho de portfólios totalmente autônomos parece ao alcance.

Existem três passos principais no investimento quantitativo: identificar fatores como valor e momentum que preveem retornos futuros, combinar sinais desses fatores em portfólios ótimos e executar negociações para manter o portfólio real alinhado com o ideal. Entre 2010 e 2017, a IA foi insatisfatória na identificação de fatores e combinação de sinais. Era útil na execução de negociações, mas com melhorias similares às obtidas por métodos convencionais, sem um salto quântico.

Nos últimos sete anos, de 2017 a 2024, como Asness mencionou, a IA finalmente começou a render frutos na identificação de fatores e na construção de portfólios. Mas essa não é a grande novidade. O avanço mais empolgante no horizonte — aquele que pode finalmente realizar o sonho da ficção científica — é que pesquisadores de IA descobriram como diferentes tipos de sistemas de IA podem se comunicar. A sinergia resultante da combinação de três sistemas diferentes de IA deve ser muito maior do que as vantagens individuais de cada etapa.

Por exemplo, a IA de negociação deve enviar informações sobre preços instáveis ou volumes erráticos em valores mobiliários para as IAs de identificação de fatores e construção de portfólios, que, por sua vez, devem compartilhar insights entre si e com a IA de negociação. Essa era uma das principais vantagens dos antigos gestores de hedge funds, que faziam sua própria pesquisa, construção de portfólio e negociação. Mas, nos grandes hedge funds quantitativos de hoje, essas tarefas são realizadas por diferentes especialistas.

Ainda não chegamos ao ponto de quebrar a maldição da Torre de Babel. Embora diferentes sistemas de IA possam se comunicar, ainda é mais uma linguagem de sinais rudimentar do que uma troca fluente e precisa de informações.

E, mesmo os melhores sistemas de IA não conseguem evitar erros grosseiros ocasionais — do tipo que nenhum humano cometeria — e apenas um desses erros pode destruir a eficácia de todo o processo. É por isso que ainda temos humanos examinando a saída de cada sistema de IA antes de utilizá-la como entrada para o próximo sistema (por exemplo, do sistema de identificação de fatores para o de gestão de portfólio). Além disso, a comunicação ascendente (do sistema de negociação, por exemplo, para o de identificação de fatores) é restrita ou proibida.

Mas esses problemas agora parecem solucionáveis com algum ajuste nos algoritmos e maior capacidade computacional — questões que podem ser resolvidas por quants no dia a dia, sem necessidade de grandes inovações por gênios.

Além dos três passos mencionados para o processo de investimento central, em 2010 esperava-se que a IA ajudasse indiretamente em outras áreas: codificação, monitoramento e explicação. A codificação foi o primeiro sucesso absoluto da IA em finanças quantitativas; ninguém mais precisa codificar, a IA faz isso de maneira muito melhor, mais rápida e mais barata. Contudo, não tivemos sucesso em tarefas de monitoramento — como fazer a IA emitir alertas de que algum fator não está se comportando como esperado ou de que certos dados parecem suspeitos — e tampouco em explicações de eventos, como por que uma relação de preços no mercado quebrou. Estou vendo progresso nessas áreas também, embora mais lento do que no núcleo do investimento quantitativo.

Se tudo isso funcionar, podemos ver o fim da indústria de gestão de investimentos como a conhecemos. Em vez disso, cada pessoa poderá ter uma IA pessoal que combine informações individuais — situação fiscal, objetivos financeiros, perspectivas de renda — com um conhecimento superior de mercado e que nunca dorme ou se distrai. Essas IAs poderiam negociar entre si sem necessidade de intervenção humana.

Sem dúvida, os gestores de investimento existentes tentarão cobrar taxas por planejamento financeiro e robôs de investimento baseados em IA proprietária, enquanto empresas de fintech oferecerão suas próprias versões, alegando superioridade tecnológica em vez de conhecimento financeiro especializado. Suspeito que a maioria das pessoas deixará empresas como Alphabet ou Amazon oferecerem versões gratuitas de alta qualidade em troca das informações valiosas que essas empresas poderão agregar de milhões de situações e decisões financeiras individuais. É provável que existam algumas excelentes versões de código aberto e domínio público para pessoas com maior conhecimento técnico e desejo de privacidade. Mas as taxas totais coletadas provavelmente serão uma fração ínfima das taxas de gestão de investimentos atuais.

Eu acrescentaria que a gestão de investimentos é apenas uma das muitas indústrias em que a IA causará reduções drásticas de receita para os fornecedores e ganhos massivos para os consumidores individuais.

Isso não acontecerá imediatamente, mas eu diria que em cinco anos os humanos na gestão de investimentos estarão trabalhando para a IA, em vez de fazer a IA trabalhar para eles. Em dez anos, alguns pioneiros já estarão experimentando com gestores financeiros pessoais baseados em IA. Em vinte anos, uma decisão financeira tomada por um humano parecerá tão anacrônica quanto um piloto de avião desligar o GPS e o piloto automático para voar manualmente.

Parece que minhas ideias fora da caixinha não são tão absurdas quanto parecem. O relato de Asness não é muito diferente da minha visão, e ele, com muito mais conhecimento de causa, consegue enxergar melhor do que eu o que está por vir.

Tudo isso reforça meu otimismo com a IA, e esse é apenas um exemplo de uma área na qual tenho um pouco mais de familiaridade. Imagino que, em todas as áreas, poderão ocorrer melhorias substanciais acompanhadas de economias de custo significativas. A ideia da "Carteirinha" também se insere nessa tendência. Por exemplo, será que uma instituição financeira que considera o desenvolvimento de IA algo secundário ainda existirá daqui a 10 anos?

 


Análise Técnica

No post "estar-no-lugar-certo", fiz os seguintes comentários sobre a Nasdaq 100: "não posso afirmar que a onda ii laranja terminou, nem que a Nasdaq 100 já se dirige para o objetivo de 23.362. Por enquanto, mantenha os parâmetros acima."

 



A onda ii laranja terminou, e provavelmente estamos caminhando seguindo a sequência de ondas laranja iii, iv e v, cujos objetivos podem ser vistos no gráfico a seguir. Como medida cautelar, o stop loss seria movido para 20.316 — veja observação no final.




Sobre a Nvidia, meus comentários foram: "A Nvidia chegou perto de U$ 132, mas depois disso houve uma pequena recuperação. Mas nada disso é conforto para quem está comprado; precisa passar os U$152,89. Quando ameaçou romper, foi só um 'beijinho'."

 



A "Queridinha", diferentemente da Nasdaq 100, ainda não ultrapassou a máxima de U$152,89, sendo fundamental que isso ocorra para seguir na trajetória de alta. O primeiro objetivo da onda 3 azul seria em U$190. Enquanto a ultrapassagem do nível mencionado não ocorrer, não posso alterar o stop loss, que permanece em U$115.

 



O relatório recente elaborado por Ed Yardeni enfatiza o extremo otimismo nos mercados de risco. A tentativa de ultrapassar a barreira de U$100 mil pelo bitcoin é um exemplo disso. No relatório, ele destaca alguns indicadores em níveis elevados e alerta para o risco de uma correção, que pode frustrar as expectativas de alta para o final do ano — como esperam torcidas do Corinthians, Chelsea, Real Madrid, entre outras.




Diante disso, devemos pegar o telefone — ou melhor, o WhatsApp! Hahaha... e dar ordens para liquidar as posições? É uma situação difícil, pois os dados técnicos não indicam essa urgência. Vou analisar mais a fundo e informo a decisão. 

Fiquei bastante em dúvida durante o dia se deveria liquidar. Como comentei no post "o-futuro-da-inflação-americana", esse movimento deveria ser mais pujante: "Com novas máximas atingidas na semana passada, tudo indica que essa seja a opção mais provável. Embora fosse esperado um ímpeto maior nessa configuração, isso não elimina a possibilidade de o movimento ser mais “lento”. Decidi por uma solução intermediaria, apertei o stop loss para 6.032.

 



O S&P500 fechou a 6.085, com alta de 0,18%; o USDBRL a R$ 6,0822, com alta de 1,19%; o EURUSD a € 1,0561, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 2.634, sem variação.

Fique ligado!

Comentários

  1. Nada me tira da cabeça que estamos muito próximos do mercado de baixa. Curvas de juros desinvertendo, turbulência política, guerra comercial, guerras de verdade, deficit fiscais elevados mundo a fora, juros altos, ativos extremamente esticados e etc. Talvez essa emissão de divida para alavancar uma posição em bitcoin pela MSTR seja o fato mais aparente que o nosso mercado atual está irracional!

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    1. o bitcoin está numa bolha no meu entender

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  2. Dá uma lida no paper do pessoal da Apple. As LLMs atuais ainda tem um problema em raciocinar matematicamente em contextos mais complexos. https://machinelearning.apple.com/research/gsm-symbolic

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    1. acho que não se pode concluir sobre o futuro com o estágio atual da IA. É verdade que muita coisa tem que acontecer para que minha ideia se concretize

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