O Custo da "operadinha" #USDBRL

 


Na elaboração de um portfólio, uma parcela dele deve ser destinada a ativos de risco, nunca devendo ser igual a 0%, mesmo para o mais conservador. Identificar qual seria essa parcela é outra questão. Tenho boa experiência nesse assunto e já estive envolvido no desenvolvimento de modelos para determinar essa parte. Contudo, não estou convencido de que um deles funcione a contento. A principal razão está relacionada à diferente reação a perdas e ganhos pelo ser humano – já repeti diversas vezes, mas não custa reforçar o que o prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman, concluiu: uma perda de x% tem efeito dobrado em relação a um ganho de mesma magnitude.

Existe ainda outra reação ao avaliar um portfólio: observar as classes de ativos de forma individual. Ou seja, se uma classe não está performando bem, por que não eliminá-la? Isso é algo natural, acontece com todos nós, inclusive comigo! É necessário realizar um exercício para não reagir a esse momento – a menos que a participação dessa classe esteja muito elevada para seu perfil ou que precise ser reavaliada.

É muito difícil para qualquer pessoa, inclusive os profissionais, “arriscar uma operadinha”. Afinal, se, por exemplo, a bolsa vai cair, por que não reduzir a posição e aumentar depois? Com o passar do tempo, é natural que o investidor ganhe experiência e se sinta capaz de realizar essas movimentações. Mas será que funciona? Derek Horstmeyer comenta no Wall Street Journal que a pesquisa mostra que investidores de todas as categorias de fundos têm tentado comprar barato e vender caro – e não têm se mostrado eficientes.

A pandemia de Covid-19 causou estragos não apenas na saúde pública, mas também no comportamento de negociação dos investidores individuais. Entre 2020 e 2024, esses investidores apresentaram comportamentos de negociação mais prejudiciais do que antes da Covid, assumindo apostas mais arriscadas e negociando de forma menos eficiente ao tentar cronometrar os picos e vales do mercado. O resultado: bilhões de dólares perdidos anualmente nos valores das carteiras.

Em uma análise de vários estilos de fundos mútuos negociados ativamente, entre 2015 e 2019, meus assistentes de pesquisa (Ali Alhassan e Brian Gaydos) e eu estimamos que o mau timing de mercado custou aos investidores 0,53 ponto percentual por ano em valor de suas carteiras. Em comparação, de 2020 a 31 de outubro de 2024, a destruição média de valor devido ao mau timing de mercado quase dobrou, chegando a pouco mais de 1,01 ponto percentual por ano em participações ativamente geridas.

 



 

Nossos métodos de pesquisa

Para estudar esse fenômeno, coletamos todos os dados de retorno de fundos mútuos denominados em dólares americanos nos últimos 10 anos. Em seguida, os separamos em fundos geridos ativamente e fundos passivos que seguem índices.

Depois, calculamos a diferença média de retorno (return gap) de cada categoria de fundo nos cinco anos antes da Covid e nos cinco anos após. Essa diferença de retorno é a discrepância entre o retorno anual declarado e o retorno real ponderado em dólares no fundo (uma taxa interna de retorno que considera entradas e saídas de recursos — isto é, compras ou vendas líquidas). Essa diferença captura a diferença entre o retorno médio do fundo e o retorno efetivamente experimentado pelo investidor médio.

Por que esses números podem não coincidir? O retorno declarado de um fundo reflete o retorno médio de seus ativos durante um período. Mas, como os investidores, em média, retiram dinheiro no momento errado (vendendo em pânico quando o mercado já atingiu o fundo e investindo mais no topo), eles muitas vezes não experimentam o retorno total declarado. Em outras palavras, essa diferença de retorno reflete como os investidores negociam ineficientemente suas participações em fundos mútuos.

Nossas descobertas

Em geral, para fundos mútuos ativos, a diferença de retorno aumentou no período de 2020 a 2024. Por exemplo, de 2015 a 2019, a diferença de retorno média para investidores em fundos de ações de grande capitalização dos EUA era de 0,37 ponto percentual por ano. De 2020 a 2024, essa diferença subiu para 0,83 ponto percentual por ano, indicando que, desde o início da Covid, os investidores nesses fundos têm perdido 0,46 ponto percentual adicional de retorno devido a negociações mal calculadas. Embora essa diferença possa parecer pequena, ela é suficiente para anular parte ou todos os custos de administração de um fundo.

O setor onde os investidores mais prejudicam suas carteiras é em fundos de ações de pequena capitalização dos EUA. Antes da Covid, a diferença de retorno média nesse segmento era de 0,62 ponto percentual por ano. Desde a pandemia, essa diferença saltou para 1,38 ponto percentual por ano, fazendo com que os investidores perdessem 0,76 ponto percentual adicional de retorno em suas carteiras.

Esses resultados são consistentes em todo o universo de fundos mútuos ativos, mas são um pouco menos pronunciados quando analisamos fundos de índice. Para investidores que negociam fundos de índice, a diferença de retorno piorou no período da Covid em apenas 4 das 8 categorias de fundos estudadas — grande capitalização, pequena capitalização, valor e crescimento. Além disso, o aumento médio na diferença de retorno para esses grupos foi marginal e muito menor em comparação aos resultados observados em fundos ativos.

O impacto da Covid

O papel da Covid no aumento do timing de mercado ainda não está totalmente claro, mas parece que investidores autodidatas, confinados em casa, ficaram mais propensos a negociações impulsivas durante alguns dos momentos mais voláteis do mercado. E essas negociações subótimas persistiram mesmo após a diminuição da ameaça à saúde pública, em parte devido a recursos que incentivam negociações ativas e fóruns na internet que promovem ações, como o WallStreetBets do Reddit.

Por fim, os retornos perdidos desde a Covid reforçam algo que já era conhecido: a maioria dos investidores se sai melhor ao não tentar cronometrar o mercado.

Derek Horstmeyer é professor de finanças no Costello College of Business, na George Mason University, em Fairfax, Virgínia.

Minha análise sobre o artigo: O argumento citado no artigo, de que a permanência em casa dos investidores gerou uma elevação da perda, pode estar relacionado com o acompanhamento mais frequente de seus investimentos e pela alta volatilidade apresentada principalmente em 2021/2022. Eu teria feito esse estudo separando esses dois períodos e analisado o que ocorreu, verificando se realmente depois da pandemia os investidores ficaram piores no timing de mercado ou se esse aumento foi função de fatores isolados.

Mas talvez essa não seja a principal conclusão do artigo – a piora – e sim o fato de que, desde sempre, esses movimentos têm reduzido parte do retorno que poderia ser incrementado ao portfólio. Minha recomendação é que não olhem as classes individuais, e sim o retorno total. Se não estiverem satisfeitos, ou mudem definitivamente as participações¹ ou troquem de consultor.

¹ sugiro que, ao alterarem as posições (pode ser aumentar ou diminuir), façam isso em parcelas, evitando mudar tudo de uma vez. Por exemplo, dividam as alterações em três meses.

 


Análise Técnica

No post trump-pode-tudo fiz os seguintes comentários sobre o dólar:
“Nessa contagem, pode-se esperar uma alta até o nível entre R$ 6,23 e R$ 6,27 – na outra opção, o final se encontra um pouco mais acima, entre R$ 6,34 e R$ 6,37”... ...”Depois de terminada a onda 3 vermelha, podemos esperar um período, que pode durar várias semanas, levando o dólar para um patamar entre R$ 5,59 e R$ 5,41 – no outro cenário, a retração seria um pouco menor, em torno de R$ 5,67. Na sequência, o dólar atingiria seu pico entre R$ 6,95 e R$ 7,28”.

 



No movimento de curto prazo, para que essa opção continue em vigor, o dólar não poderia negociar abaixo de R$ 5,8331. O movimento da onda (IV) vermelha pode perdurar mais um pouco. Ultrapassando a máxima de R$ 6,1150, os objetivos possíveis se encontram dentro do retângulo.

 



O S&P500 fechou a 6.053, com queda de 0,61%; o USDBRL a R$ 6,0848, sem alteração; o EURUSD a € 1,0555 com queda de 0,17%; e o ouro a U$ 2.657, com alta de 0,94%.

Fique ligado!

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