Agora é para valer #TB 10years #USDBRL
Desde que a taxa de juros dos títulos de 10 anos começou a subir em 2020 de forma consistente, por várias vezes o mercado ficou em dúvida se os juros não voltariam a cair. É verdade que a inflação, durante a pandemia, atingiu níveis nunca antes visto por grande parte dos investidores. O Fed por sua vez derrapou ao acreditar que a alta era temporária. Em março de 2022, depois de assumir seu erro, começou a escalada na taxa dos Fed Funds que só terminou em dezembro de 2023.
Rapidamente, os agentes financeiros buscaram na história
como os juros se comportavam no período imediatamente posterior ao ciclo de
alta, e mesmo antes do Fed parar de subir os juros, apostaram que haveria
muitos cortes pela frente, o que fez a taxa de 10 anos recuar de 5% a.a. para
3,8% a.a. Essa precipitação ocorreu nos últimos 2 meses de 2023. Desde então, e
como ocorre na brincadeira da dança das cadeiras, o mercado apostava na queda e
se arrependia, até chegar a última reunião que ocorreu em dezembro onde o Fed
cortou os juros para 4,25% a.a. e não deixou muitas pistas para o que retende
fazer em 2025.
Como macaco velho que sou, e por ter vivido períodos em que
o juro americano chegou a 20% a.a., notei desde o início que as projeções do
mercado e suas apostas eram ruins, como mencionei aqui diversas vezes. É
importante também, que paralelamente, havia uma crença que a economia americana
entraria em recessão, o que não só não aconteceu como ela cresceu de forma
pujante.
A taxa de juros entre os títulos de 10 anos versus o de 2
anos andou errada por toda trajetória e só mais recentemente adquiriu um certo
grau de normalidade, apresentando um diferencial positivo.
Depois desses anos o mercado entendeu que a moleza de juro a
0% era uma anomalia e que a alta de juro é para valer e deve se situar em um
nível normal para mim, não vejo nenhum problema se esse nível for de 5%. Se o
pessoal do setor imobiliário, o mais afetado pela alta, reclamar, “I’m sorry”,
é melhor se acostumar.
Do ponto de vista técnico, o Mosca já trabalha com essa
possibilidade desde o início, em 2022, quando foi rompida a reta de resistência
longo prazo, e isso significa nessa linguagem que o juro vai subir por muito
tempo.
No post 10y-bonds-encruzilhada fiz os seguintes
comentários: “ o ano de 2024 teria os juros contidos dentro em um intervalo
entre 4,0% - 4,90% com altas e baixas no triangulo exposto abaixo (A) –
(B) – (C) – (D) – (E) em azul até que o movimento de alta ganhe tração
e leve os juros a níveis bem mais elevados que qualquer um hoje pode imaginar”
.
Uma das configurações mais comuns na onda 4 é o triângulo, razão pela qual adotei essa formação para o juro de 10 anos. Entretanto tudo indica que está se formando como zig-zag. Nessa hipótese o juro ficou contido entre 3.60% / 4.70%, não muito diferente do que eu tinha projetado no caso do triângulo.
É provável que a onda (4) vermelha tenha terminado e
o juro caminha para novas altas que deveriam ocorrer nos próximos 2 anos
culminado com um nível de 6.23 % a.a. – importante frisar que caso a onda
(4) vermelha não tenha terminado, o juro deveria ainda ficar contido no
intervalo acima.
O leitor poderia se perguntar o que ocasionaria essa alta fora de qualquer expectativa atual. Vou dar a resposta clássica: inflação; atividade econômica muito forte ou ambas. Vamos fazer uma hipótese: se a inflação ficar em 2,5% a.a. o PIB crescer 3% a.a., o Fed ao invés de cair mais os juros vai ter que subir. Suponha que o Fed funds de meia volta das quedas e retorne a 5,25%. Numa situação como essa e considerando um prêmio de 100 pontos sobre o Fed funds a taxa dos títulos do governo de 10 anos seria 6,25%. Bingo!
Por enquanto o mercado não parece projetar inflação muito
superior ao que ocorria no passado. Como se pode ver no gráfico abaixo 60%,
espera que o juro fique abaixo de 4%. Embora parece elevado está dentro da
normalidade estatística.
Mas eu não tenho somente essa versão nas outras o juro ficaria bem superior a esse, e se acontecer, não terei dúvidas de assumir que a inflação é mais alta. Pois bem, se pode assumir com tranquilidade que a alta de juros é para valer.
Em relação ao dólar, no final de 2023, o governo Lula já
dava indícios que não levaria muito a sério o controle do déficit público, o
que culminou como o mercado jogando a toalha e agindo da forma esperada, apostando
contra o real. A inflação, como desconfiava o BCB durante boa parte do ano,
está projetando elevação no próximo ano. O grande risco seria uma leniência por
parte da autoridade monetária que estará sobre novo comando.
O presidente Lula recentemente, após as intervenções
cirúrgicas que sofreu fez uma aparição junto com Galípolo, que didaticamente
explicou os motivos da alta do dólar. Lula deu meia volta nas suas retorica e
disse: o banco central tem total independência e não vai sofrer nenhuma
interferência do governo. Como é, mudou o discurso que achava o juro absurdo
quando estava no nível de 10% a.a., e agora com uma alta já contratada até
14.25% ‑ Roberto Campos quebrou o galho do novo presidente que evitará
explicações sobre o assunto – não é mais absurdo?
O juro está realmente muito alto, a inflação teria que subir
muito para que não fique tão absurdo assim, que não é o que está projetado no
mercado. Sr. Presidente, o juro tem que ser dessa magnitude por ações erradas
do governo e agora o mercado está punindo, experimente cortar os gastos de
forma correta e vai ver que eles cairão como de um precipício. Mas bobagem esse
Wishful thinking tenho a impressão de que ele não está nem ai e o que
pretende mesmo e distribuir dinheiro para tentar uma nova reeleição.
Os leitores do Mosca devem ter lido com muita desconfiança minhas previsões, afinal, o “carequinha”, Robin Brooks, falava que o Brasil era a Suíça da America Latina e que o câmbio deveria atingir R$ 4.50. Suíça??? Eu enviei uma mensagem o convidando para morar aqui um tempo e depois ver se continua com a mesma opinião. Não estou desmerecendo seu trabalho nem tampouco sua competência como economista experiente, mas enfatizando a diferença entre a análise fundamentalista e a técnica, e segundo essa última a maior chance não era de queda.
Para 2025 acredito na continuidade da alta embora esteja
próxima (ou já atingiu) o objetivo de R$ 6.3695, quando na semana passada
atingiu a máxima de R$ 6.3195. Importante notar que nessa contagem de onda 5 do
tipo diagonal, haverá uma retração do dólar na onda 4 vermelha que
deveria atingir R$ 5.44, para depois um novo movimento de elevação leve o dólar
a R$ 6.95 / R$ 7.42, isso ao final de 2026. Coincidência com o final do mandato
do atual presidente?
Mas fiquem tranquilos, pois se a análise técnica é um profetizo do futuro, o dólar depois de terminada essa alta passaria por um longo período de quedas, onde o “carequinha” vai poder voltar a carga com suas intepretações fantasiosas que o Brasil é a Suíça. O dólar pode cair, mas o Brasil, infelizmente não é a Suíça, a não ser que essa última piore muito! Hahaha ...
O S&P500 fechou a 5.974, com alta de 0,73%; o USDBRL a
R$ 6,1929, com alta de 1,76%; o EURUSD a € 1,0405, com queda de 0,23%; e o ouro
a U$ 2.611, com queda de 0,36%.
Fique ligado!
Excelente reflexão mais uma vez! Feliz Natal!
ResponderExcluirObrigado! Feliz Natal e Ano Novo!
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