Bolsas engatando a quinta (ou dando marcha à ré)? #S&P500 nasdaq100 #MSRT


Sabe quando seu time está ganhando todos os jogos e você, a cada partida, não espera outro resultado? E ganhar não por 1 X 0, tem que ser por boa margem. Mas essa superioridade um dia acaba, como no caso do Manchester City, que não ganhou a Champions League no ano passado por muito pouco, e agora entrou em uma maré de azar (será azar?) e vem perdendo jogo após jogo, desde os times mais difíceis até os mais fáceis. Será que acabou a superioridade ainda tendo o mesmo técnico e jogadores?

A bolsa americana teve um desempenho estelar no ano passado e neste ano. Essa performance fez com que todo mundo entrasse na bolsa literalmente: os profissionais, os estrangeiros e as pessoas físicas. Não faltou ninguém. Nessas situações, é natural ficar receoso: quem vai comprar? Basta um espirro para que surja uma enxurrada de vendas— afinal, só quem compra um minuto antes da queda estaria no prejuízo. Um comprador assíduo e com volume crescente têm sido os buybacks, que consistem na recompra pelas empresas de suas ações. Sobre esse assunto, fiz vários comentários nos posts durante o ano.

Por outro lado, existem muitos motivos para ficar animado. A economia americana está em boa forma, o desemprego em níveis baixos, e a IA promete criar uma década de produtividade. O maior receio é que esteja aquecida demais, gerando inflação. Claro, não citei os riscos geopolíticos, que estavam piores até que, depois da eleição de Trump, ele deu um "chega para lá" tanto na Rússia quanto no Irã, mas ainda são riscos relevantes.

Por que, então, temer? Preço! Quando digo isso, refiro-me ao preço de mercado, que pode tranquilamente sofrer uma retração sem que implique em um bear market. Mas quem gosta de devolver resultado? Ninguém!

A queda que aconteceu depois da reunião do Fed deu um sinal que pode não ser nada importante, mas me deixou mais cauteloso.

O momento atual é ruim para fazer previsões de longo prazo, pois a queda que ocorreu ainda não está resolvida, ou seja, não ultrapassou novas máximas. Resolvi publicar o cenário contemplando uma queda média no primeiro semestre, deixando eventuais ajustes para os acompanhamentos periódicos.

No post powell-desafia-economistas-raiz fiz os seguintes comentários sobre o SP500: “a bolsa estaria prestes a terminar a onda 1 verde, entrando na onda 2, que é uma correção de todo o movimento que aconteceu desde outubro de 2022. Essa correção poderá consumir parte do ano de 2024, com a configuração exposta a seguir em a), b) e c) laranja. Os objetivos potenciais de término seriam: 4.242 (↓ 12%) – 4.087 (↓ 15%) – 3.938 (↓ 18%).”

 



A bolsa nem deu bola, continuou a subir sem que acontecesse a correção acima. Somente em julho ocorreu uma queda um pouco maior, quando o índice estava em 5.670. Essa queda foi de 10%, mas durou pouco tempo. Em seguida, o S&P500 voltou a subir. Notem que a expectativa de prazo maior, expressa no post acima, era de alta.

 



Caso o cenário adotado se concretize, até o meio do ano a bolsa poderia se retrair até 5.450 ( -10%) / 5.095 ( -15%) / 4.819 (- 21%). Ninguém vai ficar feliz. Depois, uma alta levaria a bolsa para novas máximas 7.267 / 7.675 (aí sim, muito felizes).

Antes que meu amigo pergunte, não saberia dizer qual a chance desse cenário, só observando por mais tempo. Como curiosidade, no ano de 2026 teríamos repeteco com outros níveis.

Na opção "engatando a quinta", uma ultrapassagem acima de 6.029 abre a possibilidade de novas altas, levando a correção contemplada acima mais para frente.1

1 O S&P500 fechou acima desse nível o que aumenta a probabilidade de ultrapassar a máxima acima de 6.099 dando sobrevida ao engate da quinta marcha.

Em relação ao Nasdaq 100, meus comentários foram: “a Nasdaq 100, ao término da onda (1) azul, uma onda (2) deveria levar o Nasdaq 100, conforme mostrado a seguir pela sequência A, B, C verde, aos possíveis níveis de: 13.900 (↓ 17%) – 13.229 (↓ 22%) – 12.510 (↓ 25%). Naturalmente, as quedas esperadas nesse índice são superiores às do SP500, pois a alta também foi maior.”

 



Como no caso do S&P500, a correção do ano ocorreu em julho, com queda de 15%. Para este ano, a correção da onda 4 laranja deveria levar o Nasdaq 100 para 19.0 mil (- 13%) / 17.3 mil (- 21%). Em seguida, uma alta levaria a bolsa da tecnologia para 30.1 mil.




No post recente da última sexta-feira a-ilusão-do-lucro-fácil, fiz uma observação importante sobre os dois principais índices americanos: “Busco uma isonomia entre os índices, pois não faz muito sentido um cair e outro subir, ainda mais no caso em questão, onde o S&P 500 tem uma parcela significativa de ações de tecnologia. (...) Acontece que esses dois índices nasceram em datas muito diferentes. Enquanto o S&P 500 foi em 04/03/1957, o Nasdaq 100 começou em 31/01/1985 – são 28 anos de diferença. Isso deve ser levado em consideração? Acredito que sim, mas seria necessário fazer uma suposição de movimento para o início do Nasdaq 100.”

Como podem observar, o Nasdaq 100 estaria completando a onda (V) vermelha da onda V azul da onda (5) laranja. Nada mais negativo poderia se esperar à frente. Porém, como mencionado acima, essa é uma situação que vamos administrar mais à frente – só consigo ver um cenário tão negativo para as ações de tecnologia se a IA não for um sucesso, ou melhor, for um fracasso em termos de uso.

 


Um estranho no ninho

Michael Saylor entrou no burburinho pelo fato de ter feito uma aposta arriscada na MicroStrategy, como seu CEO. Ao abarrotar de Bitcoins seus ativos, usando ainda da prerrogativa de alavancagem, fez com que suas ações fossem as mais voláteis do mercado acionário, deixando a Nvidia – empresa que produz o mais desejado produto da atualidade e dá lucros estupendos – no bolso. Agora ele está pretendendo outra façanha: que essa empresa seja incluída no S&P500.

Essa ambição, liderada por Michael Saylor, representa um movimento ousado, mas cercado de desafios significativos. Embora a empresa tenha garantido um lugar no Nasdaq 100, o caminho para o S&P 500 enfrenta obstáculos devido à sua dependência extrema em criptomoedas e ao fato de ser considerada, por muitos, uma holding de Bitcoin.

A decisão final dependerá da avaliação do comitê do S&P, que pode optar por aguardar para observar maior estabilidade nos resultados financeiros e nas condições de mercado. A busca da empresa pelo S&P 500 é mais um capítulo na tentativa de legitimar o Bitcoin como uma classe de ativo aceita no mundo financeiro.

Se conseguir, garantirá a compra compulsória pelos fundos indiciais. Seria uma verdadeira insensatez que essa empresa, que na verdade mais se parece com um hedge fund disfarçado, dispute um lugar junto a nomes como Apple, Microsoft, Google e outras. Espero que os reguladores tenham bom senso e não incluam esse especulador em um índice tão respeitável.

O mercado fechou mais cedo em função das comemorações do Natal. O S&P500 fechou a 6.040, com alta de 1,10%; o USDBRL a R$ 6.1906 sem alteração; o EURUSD a € 1,0390, com queda de 0,14%; e o ouro a U$ 2.613, sem alteração.

Fique ligado!

Comentários

  1. Acho que, apesar dos fatos repetidos e crescentes, quase todos economistas estão ignorando a crise climática e suas consequências em reações em cadeia. Quase sempre as análises são de curto prazo e ainda assim erram. O mundo está engatilhado em conflitos, Trump parece mais um fanfarrão ignorante do que um estadista.

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  2. Tem razão, com Trump acho que ainda vai ser pior, ele não está nem aí com o planeta.

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