A ilusão do lucro fácil #nasdaq100 #NVDA #MSTR

 


Tenho mais de 45 anos de experiência no mercado financeiro e posso dizer que já passei por quase tudo. Felizmente, sobrevivi mantendo uma regra que antes era inconsciente, mas agora está muito clara: nunca esperei "dar a porrada da vida"! Não conseguiria enumerar as vezes que perdi, foram inúmeras, mas nenhuma delas colocou em risco meu patrimônio.

Presenciei momentos horríveis de perdas expressivas, onde alguns profissionais sucumbiram e até tiraram suas vidas. Investir no mercado financeiro não é para amadores, pois mesmo nós, profissionais, cometemos erros, às vezes infantis.

Vou deixar aqui minha recomendação: não se fica rico da noite para o dia. Se acontecer, é por pura sorte. Sendo assim, tenha isso em mente: nunca dobre a aposta da próxima vez. Mantenha sempre o padrão de risco. Mais importante ainda: não se envolva em operações se não for profissional com larga experiência. Comece muito, muito pequeno.

Gunjan Banerji publicou no Wall Street Journal seus comentários sobre como mais e mais homens estão viciados na “cocaína” do mercado de ações. A seguir um resumo do artigo

Mais Homens estão Viciados no Mercado de Ações: Uma Crise de Dependência e Prejuízos Devastadores

Desde o início do boom financeiro em 2020, impulsionado pela pandemia, um número crescente de homens está sucumbindo ao vício em negociações financeiras de alto risco, levando a perdas pessoais e financeiras catastróficas. A ascensão de aplicativos de corretagem como Robinhood tornou as operações tão simples quanto pedir comida, mas com consequências muito mais graves.

A Trajetória do Vício
Durante reuniões do Gamblers Anonymous (GA) em Manhattan, participantes compartilharam relatos que ilustram o impacto desse problema. Um homem descreveu as opções financeiras como o “crack” do mercado de ações, enquanto outro revelou perdas de centenas de milhares de dólares após pegar empréstimos com agiotas para tentar recuperar suas perdas. Um jovem, após um ano de abstinência, celebrou ao lado da mãe e da namorada sua luta contra o vício, que quase destruiu sua vida.

O problema não se restringe a um grupo específico. Muitos começaram durante a pandemia com pequenos investimentos, atraídos pelo sucesso de ações virais como GameStop. O comportamento rapidamente escalou para negociações de opções e criptomoedas, que prometem altos retornos com baixos investimentos iniciais. No entanto, as perdas, em muitos casos, superaram drasticamente os ganhos. Um participante relatou como sua carteira de criptomoedas, que chegou a ultrapassar US$ 1 milhão, despencou em poucos meses, deixando-o devastado e repleto de pensamentos suicidas.

Casos de Perda Financeira
Entre os muitos relatos, destacam-se histórias de investidores que perderam tudo:

  • Mitch, um pai suburbano, compartilhou como perdeu mais de US$ 1 milhão investindo em criptomoedas. Ele investiu inicialmente US$ 100 em Bitcoin e viu o valor disparar, o que o levou a colocar milhares de dólares em moedas como Ethereum. Quando os preços começaram a cair, suas perdas aumentaram exponencialmente. Ele descreveu como acordava às 4h da manhã para monitorar seu portfólio e como isso afetou sua saúde mental e física.
  • Um cliente de um centro de reabilitação em Ohio perdeu US$ 14.000 em apenas cinco minutos negociando opções de curto prazo no aplicativo Robinhood. Essa negociação de alto risco, que depende de movimentos rápidos do mercado, é especialmente viciante, mas pode eliminar economias inteiras em questão de minutos.
  • Doug Royer, de 61 anos, vendeu sua casa e investiu tudo em opções, ações como Lockheed Martin e criptomoedas, mas acabou sem nada. Agora, ele trabalha como massagista em meio período para sobreviver, enquanto tenta reconstruir sua vida.
  • Chris Cachia, técnico de usinas no Canadá, transformou CAD 7.000 em CAD 50.000 durante a mania das ações de memes, mas logo viu tudo evaporar após se envolver em opções de curto prazo. Ele ficou tão consumido pela necessidade de recuperar as perdas que negligenciou sua família e até mesmo eventos importantes, como a despedida de solteiro de seu irmão. Sua esposa, após anos de frustrações, deu-lhe um ultimato: “Ou você para ou eu vou embora.”

A Psicologia por Trás do Vício
Especialistas apontam que a psicologia do risco e da recompensa é um fator-chave no desenvolvimento desse comportamento. Estudos mostram que a antecipação de ganhos financeiros libera dopamina no cérebro, criando um ciclo viciante. Quanto maior o potencial de retorno, mais rápido o reforço químico, tornando a desistência ainda mais difícil. Essa compulsão é agravada por aplicativos que simplificam as negociações, mascarando apostas como investimentos legítimos.

Além disso, a normalização das apostas esportivas cria um terreno fértil para comportamentos compulsivos. Muitos confundem especulação no mercado financeiro com investimento, ignorando os altos riscos envolvidos. Ao mesmo tempo, a ausência de alertas em aplicativos de corretagem permite que esses comportamentos passem despercebidos.

Os Impactos Pessoais e Familiares
As consequências vão muito além das finanças. Muitos relataram insônia, mudanças de humor, depressão e até pensamentos suicidas devido às perdas e ao isolamento causado pela vergonha de suas ações. Relacionamentos familiares frequentemente entram em colapso. Mitch, por exemplo, descreveu como o impacto de suas perdas afetou seus filhos, levando-o a questionar constantemente o que era mais importante: sua obsessão por criptomoedas ou sua família.

Uma Crise Crescente
O problema está longe de ser resolvido. A volatilidade do mercado, combinada com a crescente popularidade de produtos financeiros complexos como ETFs alavancados, apenas aumenta os riscos para investidores inexperientes. Nos EUA, linhas de apoio a vícios relataram um aumento significativo de chamadas relacionadas a apostas em ações e criptomoedas desde 2021. Em centros de tratamento como o Maryhaven, em Ohio, conselheiros frequentemente ajudam os pacientes a excluir aplicativos de negociação e instalar bloqueadores como Gamban para restringir o acesso a plataformas financeiras.

A Recuperação e os Caminhos para a Solução
Grupos como o Gamblers Anonymous desempenham um papel vital ao fornecer suporte emocional e estruturar um caminho para a recuperação. Modelados no formato de 12 passos dos Alcoólicos Anônimos, esses grupos ajudam os participantes a aceitar que são impotentes diante de seus vícios, enquanto promovem uma revisão financeira e apoio contínuo de outros membros.

Por outro lado, especialistas defendem maior supervisão regulatória para proteger os consumidores. Propostas incluem a introdução de avisos em aplicativos de corretagem, semelhantes aos de aplicativos de apostas esportivas, e a criação de ferramentas educacionais para investidores.

Reflexões Finais
O crescimento dessa crise reflete uma sociedade que glorifica o lucro rápido e a cultura do risco, frequentemente à custa da saúde emocional e financeira das pessoas. A recuperação começa com a conscientização e com o suporte àqueles que buscam retomar o controle de suas vidas. No entanto, enquanto a linha entre investimento e aposta permanecer confusa, o problema continuará a crescer, deixando um rastro de prejuízos e histórias de vidas desmoronadas.

Eu publiquei no post bitcoin-gerando-demanda-artificial a continuação da empreitada de Michael Saylor com sua empresa, a MicroStrategy. Pessoas inteligentes e até com experiência defendem a estratégia adotada por esse empresário, nomeando-o um gênio. Para mim, se é gênio, é gênio do mal. É um absurdo o que ele faz com sua empresa, uma jogatina total, onde alavanca empréstimos para se envolver num mercado extremamente volátil como o bitcoin.

Com a azedada do Powell na sua última reunião do FOMC, o bitcoin caiu 15% da máxima, o que não é muita coisa para quem subiu mais de 100% recentemente. Já as ações da MicroStrategy caíram 43%. É verdade que essa queda acontece desde 20 de novembro, mas também é verdade que subiu recentemente 370%. Muito cuidado ao avaliar essas quedas em comparação com as altas; não se pode subtrair diretamente uma da outra. O que eu quero dizer? Quem comprou em setembro a U$112 viu as ações subirem até U$543 e agora estão a U$306. Se você teve sorte e comprou na mínima, está ganhando 165%, e não 327% (370% - 43%).

Essa é a razão pela qual não gosto do bitcoin e seus correlatos. Para mim, é pura especulação de fluxo, nada mais que isso. O que dizer então de se envolver numa operação alavancada com a criptomoeda? Podem estar certos de que, daqui a pouco, algumas pessoas que compraram as ações da MicroStrategy estarão no Gamblers Anonymous chorando as pitangas.

Vou repetir a frase que me acompanha desde sempre: dinheiro não é capim!

 

Análise Técnica


No post mercado-de-helicópteros-em-alta fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: “A onda 3 azul e subsequentes parecem bem xoxas, diferente do que se espera num movimento ‘padrão’, o que me faz suspeitar que talvez seja uma onda 5, o que me levaria a reavaliar minha contagem. Mas não é mandatório, e por conta disso não posso eliminar minha contagem, apenas me deixa mais cauteloso, razão pela qual elevei o stop loss para 21.131.”

 



Minha contagem foi descartada com o acionamento do stop loss. E agora, como ficamos? Sou obrigado a considerar a hipótese de uma correção média. Sendo assim, busquei formatar a contagem com essa hipótese. A seguir, o gráfico de janela semanal indica que estaríamos entrando na onda (4) vermelha, que adentra 2025 com uma extensão de prazo a definir. O objetivo da queda seria entre 19,0 mil (~10%) e 17,3 mil (~17%).

Como toda correção, quando ocorre, pode ser pequena/média/grande. Neste caso, estou considerando a média.




Sobre a Nvidia, meus comentários foram: “O movimento desta semana me levou a considerar um alongamento da onda 2 azul, que poderia chegar a U$129 antes de retomar a alta.”

 



Diferentemente da nasdaq100, a Nvidia não rompeu seu stop loss a U$115.14. Nesta semana, ameaçou uma reação após atingir uma mínima de U$126.86. Ainda pode visitar níveis mais baixos.

O que pode acontecer se a nasdaq100 cair para os níveis acima? É de se esperar que a “queridinha” perca seu título – espero que não passe a ser a “odiada” Hahaha... – e caia mais também. Vejo, de forma superficial, algo entre U$100 e U$90. Mas não sofram por antecipação. Vamos acompanhar e eu informo com mais detalhes, se for o caso.

 



Sempre que uma contagem é violada, tenho como princípio olhar o quadro de mais longo prazo. É uma forma de ser diligente e não ficar na torcida, achando que é só um "blip" a queda.

Quando fiz o exercício acima, me deparei com um perigo mais adiante que seria muito sério: um “Bear Market”. Busco uma isonomia entre os índices, pois não faz muito sentido um cair e outro subir, ainda mais no caso em questão, onde o S&P 500 tem uma parcela significativa de ações de tecnologia. Observando o S&P 500, noto esse perigo à frente, mas não tão ruim como na nasdaq100.

Quem está certo? Acontece que esses dois índices nasceram em datas muito diferentes. Enquanto o S&P 500 foi em 04/03/1957, a nasdaq100 começou em 31/01/1985 – são 28 anos de diferença. Isso deve ser levado em consideração? Acredito que sim, mas seria necessário fazer uma suposição de movimento para o início da nasdaq100. Em todo caso, mesmo que não seja horrível à frente, pode ser feio.

- David, você quer tirar meu sono?

Calma, amigo, não vejo nada para amanhã. Lembre-se que sempre temos como reagir.

Esses assuntos serão tratados na próxima semana, dedicada às projeções de prazo mais longo. Para terminar, veja a ilustração a seguir com as previsões do S&P 500 para 2024 no início do ano.

 



 Todo mundo errou feio; o que muda é o grau de feiura. Agora vejam as previsões para 2025:

 



 

Com exceção de dois – BCA Research e Stiefel – o resto está bastante otimista. Irão acertar? E o rally do Natal, que todos dão como certo? Este ano parece que vai ficar devendo. Por essas e outras, não acredito nessas “receitas de bolo” ou correlações com o passado – novembro cai na maioria das vezes (este ano subiu) e dezembro sobe (faltam poucos dias para isso ser verdade).

 



O S&P500 fechou a 5.933, com alta de 1,13%; o USDBRL a R$ 6,0842, com queda de 1,11%; o EURUSD a € 1,0429, com alta de 0,64%; e o ouro a U$ 2.622, com alta de 1,12%.

Fique ligado!

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