Revolta dos poupadores


Existem vários negócios e indivíduos que dependem do recebimento de juros. Uma companhia seguradora cobra um prêmio de seus clientes e investe estes recursos nos mercados financeiros, a fim de obter renda para eventuais sinistros. Ao estabelecer os custos para um segurado, leva em consideração a probabilidade de pagar o valor da apólice, bem como os resultados da aplicação desse capital.

Nesse ramo existem alguns contratos de longo prazo e imagino que em nenhum de seus cálculos foi considerado que teriam que investir com juros negativos. Assim, nesse novo cenário mundial os prêmios deveriam subir.

Outro grupo que é fortemente afetado por essa política monetária, são os planos de previdência. Existem duas formas de contribuições, a de benefício definido e contribuição definida. No primeiro efetua-se depósitos com valores definidos e ao se aposentar é calculado um pagamento mensal a ser pago, enquanto o segundo, o valor recebido é fixado na hora de ingresso no plano. No sistema brasileiro existem os dois tipos, onde o segundo é muito cômodo ao pensionista, mas passível de grandes rombos no plano.

Muitos outros segmentos dependem dos juros, afinal é razoável supor que se um indivíduo empresta sua poupança para uma empresa que precisa de dinheiro para seus negócios, receba algo por isso e não tenha que pagar. Mas não é isso que vem acontecendo, pela política adotada de vários BC’s.

Talvez o país com maior experiência nessa situação seja o Japão, que vive uma estagnação desde 1990. Vários experimentos foram tentados nestes últimos 26 anos, mas nenhum deles parece ter funcionado a contento. É verdade que sua situação demográfica é uma das piores, entre os países desenvolvidos. Hoje, há dois aposentados para cada trabalhador na ativa.

Depois de tantas idas e vindas do BoJ, o mesmo resolveu esse ano seguir o que o ECB havia implementado anteriormente. Pratica uma política de juros negativos, na esperança de desvalorizar sua moeda e incentivar os ativos de risco, bem como, o consumo interno. Mas parece que não está funcionando a contento. O gráfico a seguir mostra a cotação do dólar contra o yen, assim uma queda das cotações, implicam uma queda do dólar e em contrapartida uma alta do yen.


Já na bolsa de valores, o índice Nikkei está próximo das mínimas do ano.



Isso aconteceu mesmo com a queda ininterrupta dos juros dos títulos do governo de 10 anos, agora em terreno negativo.


Pode-se concluir que os investidores não compraram a ideia do Ministro Kuroda que, da forma mais agressiva de todos os BC’s do mundo, está tentando a qualquer custo ativar a economia japonesa, na marra. Mas os japoneses devem estar colocando os yens debaixo do colchão, a moda antiga!

É noticia em todos os jornais, o caso da empresa panamenha, Mossack Fonseca, que domina o negócio de abertura de empresas off-shore. Mais informações vocês podem ter por leitura dos jornais, mas gostaria de ressaltar dois pontos. Primeiro, veja a seguir a dimensão desse caso comparado com os anteriores, assim, a revelação desses documentos ocupará os noticiários por muito tempo. 


E segundo que, com a descoberta que o Primeiro Ministro da Islândia tinha uma empresa dessas, foi suficiente para que a população daquele país exigisse sua renúncia imediatamente, o que acabou acontecendo. Eles não querem saber se existe alguma prova que os recursos são legais ou não, simplesmente estão expressando que uma pessoa num cargo desses não pode se envolver nesse tipo de negócio. Agora, imaginem se algo semelhante ao lavajato acontecesse naquele país!

Poderíamos enviar o Ministro do STF, Marco Aurélio Mello, para lá também, para aprender um pouco de civilidade. Ontem sua aparição no programa Roda Viva, irritou enormemente todos os repórteres. Usando espertezas jurídicas como respostas, não convenceu a lógica simples das pessoas, que estão imbuídas em eliminar a corrupção do Brasil.

No post liquidez-em-local-errado, fiz os seguintes comentários sobre o Bovespa: ...” embora minha hipótese esteja correta ao não acreditar que a bolsa tivesse virado - movimento de baixa, ainda permaneceremos sem posição. A recomendação de trade anotada acima está cancelada. Vou aguardar melhores momentos para comprar....

No gráfico abaixo, pode se verificar que, o Bovespa está contido entre duas linhas paralelas em verde. Como agora encontra-se na parte inferior do mesmo, é importante observar se irá romper esse suporte.


Como anotado acima, teremos duas opções no curto prazo, voltar a subir e ultrapassar os 53.000, ou romper para baixo. Nesse último caso, dois níveis serão de interesse 46.500 e 45.000. Caso chegue lá decidimos o que fazer.

Quero deixar registrado que, com uma visão de mais longo prazo, não se pode afirmar que nossa bolsa reverteu o movimento de baixa iniciado no final de 2010, serão necessárias mais evidências.

O SP500 fechou a 2.045, com queda de 1,01%; o USDBRL a R$ 3,6795, com alta de 1,59%; o EURUSD a 1,1382, sem variação; o ouro a US$ 1.230, com alta 1,23%.
Fique ligado!

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