Mercados Emergentes: a bola da vez?
Muito sem tem falado sobre os mercados emergentes
ultimamente, e não é para elogiar. Com a elevação dos juros americanos, muitos
investidores têm agido no sentido de diminuírem suas posições nesses mercados.
Mas será que estamos no início de uma mudança de rumo como aconteceu em 2008,
ou é simplesmente um espasmo?
A economista de Harvard, Carmen Reinhart, chamou a atenção
nesta semana com seus comentários sobre os mercados emergentes, dizendo que
estão em pior situação agora do que durante a crise financeira global de 2008.
Sua avaliação ocorre num momento em que os investidores
estão se tornando mais cautelosos sobre essa classe de ativo - e francamente
pessimistas em mercados como Argentina, Indonésia e Turquia. Mas as opiniões
divergem sobre se a recente turbulência é apenas um pontinho ou o começo de
algo maior. O quadro também varia de economia para economia, com alguns em
melhor forma do que outros.
Abaixo, veja como alguns dos principais indicadores de
mercados emergentes evoluíram desde 2008.
Contas correntes
Os excedentes das contas correntes são a linha de frente da
defesa para os mercados emergentes. Embora o grupo tenha um grande superávit em
conta corrente em 2008, agora tem um pequeno déficit - em grande parte devido a
uma queda significativa no superávit da China. Mas o quadro não é uniforme.
Alguns países, como a Tailândia, são notáveis por seus fortes saldos positivos.
Crescimento econômico
A economia mundial está desfrutando de seu maior crescimento
desde 2011, e o crescimento nos mercados emergentes e nas economias em
desenvolvimento tende a acelerar ainda mais antes de estabilizar nos próximos
anos, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. Isso está fornecendo um
colchão para enfrentar ventos contrários, como o aumento das taxas de juros,
mesmo que, as taxas de crescimento não sejam tão altas quanto na véspera da
crise financeira global.
Dívida
Os governos dos mercados emergentes tomaram empréstimos de
forma constante ao longo da última década, em meio a taxas de juros baixas. As
empresas também apostaram: o crédito em dólares para tomadores não bancários
nos países em desenvolvimento alcançou U$ 3,7 trilhões no final do ano passado,
acima dos U$ 1,5 trilhão da década anterior, segundo o BIS.
Volatilidade cambial
O Índice de Volatilidade dos Mercados Emergentes do
JPMorgan, uma medida das flutuações cambiais, permanece bem abaixo dos níveis
observados em 2008, apesar dos bolsões de turbulência na Argentina e na
Turquia. O yuan da China se destaca por sua estabilidade nos últimos meses
Avaliação das ações
O MSCI Emerging Markets Index está sendo negociado em torno
de 12 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses. Embora esteja
ligeiramente acima da média histórica, isso não é uma leitura extrema. O
indicador alcançou cerca de 15 vezes os lucros projetados em 2007, antes que a
queda no mercado do ano seguinte enviasse esse indicador para pouco menos de 6.
Mercados de renda fixa
Os rendimentos dos títulos em dólar dos mercados emergentes
estão abaixo da média histórica, um sinal de que os níveis de estresse dos
investidores ainda são baixos. A leitura atual do rendimento, até o pior no
índice agregado Bloomberg Barclays EM USD, é de cerca de 5,6%, acima dos 4,5%
no início do ano. Em 2008, a taxa subiu de 6,6% em janeiro para 14,3% em
outubro, quando os investidores liquidaram freneticamente suas posições de
risco nos mercados emergentes.
Vale a pena notar novamente que há muita variação dentro do
mundo emergente, e isso é particularmente verdadeiro quando se trata de
reservas cambiais. Enquanto a China tem um enorme estoque, reservas em países
como Argentina e Indonésia estão diminuindo depois que seus bancos centrais intervieram
para defender suas moedas.
Analisando os indicadores expostos acima não se pode
concluir que estamos no início de uma venda generalizada dessas ativos. Reforço
novamente minha ideia que enquanto os juros estiverem subindo pelo bom motivo,
os mercados emergentes deveriam ser privilegiados nesse cenário. Se por outro
lado, começarem a subir pelo mal motivo, aí as coisas mudam, e os emergentes
deverão sofrer bastante.
Comentei na sexta-feira que o BCB poderia agir: ...” posso antecipar que não vai me surpreender, se o BCB entrar mais
pesado no mercado. Não é inside information, é lógica” .... Vejam, eu não
tinha inside information, e o BCB não
leu o Mosca, certo? Estava evidente
que a volatilidade do real não poderia continuar da maneira que estava sem gerar efeitos secundários indesejáveis. Então por que não atuar se as
reservas brasileiras são tão elevadas?
No post bitcoin-próximo-ao-recorde-mundial, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: ...”
no gráfico a seguir coloquei o limite que aceito sem problemas, considerando
que ainda estarmos numa correção, onde o próximo movimento mais importante
seria de queda do dólar. Mas, como apontado, acima de R$ 3,80 as coisas ficam
mais perigosas” ...
O dólar acabou chegando muito próximo da zona que denominei
de “perigo”. O gráfico a seguir mostra a evolução do dólar com prazo mais
curto, e fica notório a progresso pujante das cotações desde início de abril.
Com a atuação mais forte por parte do BC, hoje as cotações estão recuando,
porém de forma tímida.
Eu frisei em rosa o intervalo aonde o dólar “deveria”
estancar e possivelmente reverter a alta. Preciso enfatizar que, embora eu
tenha apontado o nível de R$ 3,80 com crítico, não significa que as cotações não possam subir mais, mesmo ainda num processo de correção. Quando destaquei, quis
dizer que seria o mais provável reverter a R$ 3,80. Se ultrapassar, não posso
afirmar que meu call passa a ser de alta do dólar.
Até não atingir e ultrapassar o nível de R$ 4,25, o dólar
poderá recuar toda essa alta, a única menção que devo fazer é que, acima de R$
3,80 fico mais desconfiado dessa hipótese.
Tanto o Mosca quanto
o BCB sabem que enquanto a situação estiver “quente” para os emergentes,
dificilmente veremos uma queda substancial do dólar. A intenção do banco
central, em aumentar as linhas de swap, foi de evitar altas descontroladas do
dólar, não de derrubar as cotações.
Não se tem nada a fazer no momento, o dólar atingiu o nível
“esperado” nessa alta e para quem está comprado sugiro ou liquidar, ou elevar
os stoploss. O mercado nos dará indicações mais claras nos próximos dias, ou
semanas.
O SP500 fechou a 2.733, com alta de 0,74%; o USDBRL a R$
3,6865, com queda de 1,36%; o EURUSD a € 1,1787, sem alteração; e o ouro a U$
1.292, sem alteração.
Fique ligado!
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