Retórica do FED



O FED manteve ontem a taxa de juros deixando praticamente garantida a alta na próxima reunião. Ao se analisar o comunicado, pouca coisa alterou sobre o anterior, mas um detalhe chamou minha atenção ...“ O Comitê espera que a inflação em bases anuais corra próximo ao nível de 2% de forma simétrica” ... Destaquei a palavra que significa um recado ao mercado. O objetivo da autoridade monetária, ao introduzir essa palavra, é deixar claro que se a inflação subir acima de 2%, não vai sair correndo para elevar os juros acima do que se propôs.

Minha interpretação que a palavra correta deveria ser assimétrica, pois a sua preocupação nesse momento é de uma alta da inflação acima do desejado. Mas tenho que aceitar que se fizesse isso, assustaria muito o mercado.

Vamos analisar alguns componentes econômicos. Amanhã será divulgado a taxa de desemprego oficial, o resultado publicado ontem pelo ADP aponta para um mercado de trabalho robusto, conforme se pode verificar a seguir.

 
Outra ferramenta que o FED usa para acompanhar o aperto do mercado de trabalho, comparado a inflação é a chamada Philips curve. Para o leitor que não conhece esse conceito, o gráfico abaixo auxilia nessa questão. No eixo horizontal é anotado a taxa de desemprego e na horizontal a taxa de inflação. A linha preta (e vermelha) corresponde a interpolação desses dados. Intuitivamente, quanto mais apertado o mercado de trabalho mais deve pressionar a inflação. Notem que, abaixo de 4,8% de taxa de desemprego, a curva tende a acelerar mais fortemente a inflação.


A previsão do PIB para esse trimestre, embora ainda seja muito cedo, está apontando para robustos 4%. Mesmo não se confirmando, os economistas preveem 3,1%, o que já seria bastante elevado também.

O banco Credit Suisse elaborou um quadro para mostrar aos mais céticos que, a economia americana não está próxima de uma recessão. Para tanto, escolheu alguns indicadores que considera importante nessa análise, bem como sua avaliação para cada um deles em vários momentos do passado.


Considerando tudo, se a inflação se distanciar da meta de 2% não sera por simetria, mas sim, por assimetria!

No post virando-gente-grande, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” Os leitores do Mosca sabem que eu quero comprar ouro, mas nenhuma das minhas condições foi satisfeita: ou superar o nível de U$ 1.370, ou retornar a U$ 1.310, sendo que esse último pode estender a queda até U$ 1.280. Porém, o viés é de compra” ...

Uma dessas condições foi atingida no dia 01, onde o ouro negociou na mínima a U$ 1.301. Ao analisar o gráfico de uma forma mais detalhada, fiquei em dúvida se, a queda ainda se estenderá, ou parou por aí e agora começa a subir. O gráfico a seguir, com uma visão de curto prazo, se pode notar mais claramente o que está ocorrendo.


- David, larga de enrolar e compra logo!
Meu amigo, é muito fácil comprar, basta dar um telefonema e pronto. O problema acontece logo em seguida caso o ouro caia. Mas além disso, e até mais importante, onde deveria se colocar o stoploss? Tecnicamente, teria duas opções: U$ 1.285 (- 2%) ou U$ 1.235 (– 6%). O mais correto é o segundo nível, e é onde eu pretendo colocar o stoploss caso o ouro ainda tenha mais uma queda. Os números entre parêntesis indicam a perda sobre o nível atual.

Vou aguardar o mercado me dar mais dicas, embora eu sei que, corro o risco de pagar mais caro, porém com indicações mais claras. Mas não é evidente que minha decisão seja a mais correta, apenas um pouco mais provável. Agora se meu amigo quiser comprar “be my Guest”

O SP500 fechou a 2.629, com queda de 0,23%; o USDBRL a R$ 3,5272, com queda de 0,68%; o EURUSD a 1,1984, com alta de 0,29%; e o ouro a U$ 1.311, com alta de 0,58%.

Fique ligado!

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