Pernacchie!



Já faz um bom tempo que não se fala em calote de dívida, afinal, todos os países conseguiram se financiar a taxas baixas sem muitos problemas. Mas hoje a Itália veio com uma bomba, sugerindo que o BCE cancelasse 250 bilhões de sua dívida.

A Liga do Norte e o Movimento 5 Estrelas (M5S), que lutam para formar um governo desde as eleições de março, estão prestes a chegar a um acordo que abriria as portas para um governo conjunto, e isso parece chocar os mercados italianos que não ficaram felizes esta manhã.

Matteo Salvini, chefe da Liga, disse que as negociações estão na "reta final" e que um acordo provavelmente será alcançado na quarta-feira. Um representante do M5S ofereceu garantias semelhantes. Um "esboço do governo" provavelmente será lançado amanhã, disseram eles.

E, embora os representantes de ambos os partidos tenham negado que fizessem parte de sua plataforma, relatos de que o novo governo planejava pedir ao Banco Central Europeu que cancelasse 250 bilhões em dívidas italianas abalaram o mercado de títulos soberanos do país, pressionando os rendimentos. Como consequência, os títulos de 10 anos tiveram a maior movimentação em um dia, desde julho de 2017.


Uma forma de medir o risco de um país Europeu é analisar a diferença de juros entre os títulos desse país com os títulos equivalentes da Alemanha. Como se pode verificar a seguir, esse spread elevou-se para 147 pontos, o maior desde as eleições de 4 de março.


Jason Simpson, estrategista do Societe Generale, disse à Bloomberg que "tudo isso é um assunto bastante perturbador para os títulos italianos ... os mercados estavam assumindo que diminuiria algumas de suas visões mais radicais".

Como lembrete, o BCE tem sido o único comprador de títulos italianos nos últimos anos.


Várias outras questões difíceis também precisam ser resolvidas. O líder da liga, Matteo Salvini, e o líder do M5S, Luigi Di Maio, ainda devem decidir quem será o próximo primeiro-ministro do país. A mídia local informou que havia discutido várias opções, incluindo alternar, ou ter membros do grupo diferentes se revezando.

O cancelamento da dívida não seria o único golpe tomado no estabelecimento europeu. Claudio Borghi, o porta-voz econômico da Liga, disse que seu partido gostaria de "abolir o pacto fiscal" que restringe os membros da UE de liberar seus déficits orçamentários.

... "Queremos abolir o pacto fiscal ... Queremos superar o mal-entendido de que não houve dinheiro recusado a França, mesmo continuando nos últimos 10 anos, superando o limite do déficit em relação ao PIB. Tanto a França quanto a Espanha, já têm uma dívida pública superior a 60% do PIB "....

O presidente italiano, Sergio Mattarella, o “zelador” oficial do governo, concordou com uma prorrogação das conversações, já que os dois lados tentam resolver as diferenças de política, como a reversão das mudanças feitas recentemente às aposentadorias. Mas ele também expressou preocupação com as promessas do partido em relação à política fiscal e externa.

Os projetos de política das partes até agora fazem eco às suas principais propostas de campanha - um imposto fixo para a Liga e a renda dos cidadãos da 5 Star para os pobres.

Os analistas expressaram preocupação sobre certas propostas de gastos que foram divulgadas - incluindo um plano de reduzir a principal taxa de impostos às empresas e indivíduos para até 15% - e encontrar obstáculos no Parlamento, já que isso desestabilizaria ainda mais as finanças públicas do país.

Os últimos relatos da mídia citando fontes do M5S disseram que um acordo de governo entre a Liga e o M5S seria lançado amanhã - embora essa não seja a primeira vez que um acordo está chegando, e nas negociações desmoronar novamente.

Adoro a Itália, um país bonito, com uma cozinha excelente, além de uma população alegre e vibrante – as vezes até demais! Hahaha .... Mas por outro lado, não gostam muito do batente, valorizam mais a dolce vitta que um trabalho duro. A dívida italiana é sempre citada como uma das maiores do mundo, só perdendo para os japoneses.

Quando houve as eleições recente na Itália, o mercado não deu muita importância para vitória do movimento 5 star. O motivo é que, por não terem maioria, seriam obrigados a fazer concessões em suas demandas. Só para lembrar o leitor, uma delas é a retirada do euro, com mudança de moeda.

A notícia de hoje pegou os analistas de surpresa e fez com que considerassem opções que tinham descartado. Começa com um calote ao ECB, que na verdade recairia em sua maioria para Alemanha, mas poderão prosseguir com outras ideias.

Na minha juventude tive diversos amigos de origem italiana, e lembro que em algumas situações diziam Pernacchie, que poderia ser traduzida por dane-se. A sugestão de calote sugerida hoje é uma Pernacchie ao BCE, e quem sabe amanhã ao mercado!

No post veja-bem, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” Se a reta apontada a seguir for rompida, o cenário de queda ganha um pouco mais de força, um pouco. Nada suficiente para que eu proponha algum trade” ...


Esse rompimento acabou acontecendo no final de abril e desde então, o euro vem caindo. O Mosca naquele momento esperava mais uma pequena alta, que levaria a moeda única ao redor de 1,26, o que acabou não acontecendo. Agora provavelmente estamos entrando numa correção mais demorada, onde o limite da queda está anotado no gráfico a seguir.


Como podem notar, o primeiro nível é 1,1735, e está próximo dos preços atuais. Caso não sustente, o próximo seria a 1,145 e finalmente 1,120, sendo esse último o menos provável.

Poderia ser indagado pelos leitores o porquê não entrei nesse movimento, haja visto que, teria indicado isso no post acima. A primeira razão, é que na época existiam outros trades com melhor risco x retorno, segundo que é um trade contra a direção de mais longo prazo, e por último, por que estava acreditando ainda numa pequena alta.

Assim como perdi essa oportunidade, perco inúmeras outras, todo dia. A seleção dos trades é importante na eficácia de um portfólio, não dá para ter posições em todos os mercados!

Agora Inês é morta, e nos resta acompanhar sem posições, vou observar a forma que tomará essa correção.

O SP500 fechou a 2.722, com alta de 0,41%; o USDBRL a R$ 3,6729, com alta de 0,54%; o EURUSD a 1,1808, com queda de 0,25%; e o ouro a U$ 1.290, sem alteração.

Fique ligado!

Comentários


  1. Olá,
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