O buraco é mais embaixo
Mas uma vez, Trump resolveu conturbar o mundo. Hoje pela
manhã anunciou que os EUA estariam prontos para taxar U$ 200 bilhões de
produtos chineses importados. Como de costume, a China disse que iria tomar
medidas no mesmo sentido. As bolsas que começavam uma trajetória de recuperação
mergulharam no negativo ao redor do mundo. Mas será que se pode imaginar quando
e onde tudo acaba?
Com declarações bombásticas emanadas de ambos os lados, é
fácil esquecer que as economias geralmente fazem os políticos - e políticas - e
não o contrário.
Nos EUA, dois desenvolvimentos recentes podem causar
problemas para os belicosos comerciais de Washington. A medida de inflação
preferencial do Federal Reserve acaba de atingir sua meta de 2% pela primeira
vez desde 2011.
Em segundo lugar, o diferencial dos títulos de longo prazo
do Tesouro sobre os de curto prazo está nos níveis mais baixos de uma década.
Quando esse spread se torna negativo, sinaliza que uma recessão está próxima,
muitas vezes porque o Fed teve que elevar as taxas acentuadamente para
controlar a inflação.
O primeiro gráfico a seguir aponta na história americana, o
que aconteceu com a economia quando esse diferencial se torna negativo. Já o
segundo, aponta a probabilidade de uma recessão acontecer em função dessa diferença.
Note que, quando fica abaixo de 20 pontos as chances começam a se elevar
significativamente. A título de informação, hoje esse diferencial é de + 27
pontos.
Os EUA já estão ficando sem opção de produtos a serem
taxados, ou, os que não elevariam os preços ao consumidor: desta vez, produtos
como peças de vestuário, móveis e televisores estão na lista.
Os salários dos EUA, um indicador líder confiável da
inflação futura, já estão subindo. Os ganhos semanais médios no setor privado
aumentaram quase 3% em junho, seu ritmo mais rápido desde 2011, com base na
média móvel de seis meses. Se as relações passadas se mantiverem, isso
significa que o núcleo da inflação pode estar aumentando em 2,5% ao ano até
meados de 2019, mesmo sem uma escalada da guerra comercial.
Se a inflação subir - na época em que o presidente Trump
estiver buscando a reeleição - os conflitos que aumentam os preços com o maior
parceiro comercial dos EUA, podem começar a parecer menos sábios, especialmente
se os preços do petróleo continuarem elevados.
A China tem o conjunto oposto de problemas. A inflação continua sob controle: mas o crescimento parece vulnerável. O investimento subiu apenas 6,1% no ano, nos primeiros cinco meses de 2018, o pior resultado deste milênio. A repressão ao sistema bancário paralelo tem deixado empresas vulneráveis na liquidez. E as exportações estão desacelerando, mesmo antes das tarifas serem atingidas.
Se o crescimento continuar em baixa, a China poderá ter de
lançar outro estímulo doméstico significativo, enterrando o fim da
desalavancagem do presidente Xi Jinping - um resultado politicamente
desastroso. A China pode estar mais disposta a oferecer concessões reais sobre
o comércio mais cedo para evitar essa possibilidade.
Por enquanto, nenhuma das economias está na zona de perigo,
o que significa que a escalada das tensões comerciais provavelmente continuará
no curto prazo.
O clima, no entanto, está prestes a mudar nas duas
economias, independentemente de Trump e Xi saberem disso. Qualquer que seja o
país, que ache a temperatura insuportável primeiro, provavelmente será o
primeiro a não entrar em uma guerra comercial.
Alguns economistas calcularam qual seria o impacto em termos
de queda do PIB caso essas ameaças entrem em vigor. A ilustração mostra esse
choque levando-se em consideração somente os efeitos diretos, o que por si, já
é uma simplificação. Em todo caso, num momento em que buscam o crescimento, não
seria nada bom para ambos os países.
Todos esses argumentos são racionais e parece que a guerra
comercial que está em curso pode ter consequências que, a inviabilizam a médio
prazo, para ambos os lados. Mas como de um lado temos um Presidente
desequilibrado e do outro um país onde a honra vale mais que tudo, seria melhor
não pagar para ver.
No post inflação-na-mosca, fiz os seguintes
comentários sobre o Ibovespa: ...” O gráfico a seguir aponta para o movimento esperado no
curto prazo. Caso a bolsa se recupere para 73,5 mil - 75 mil, e depois tombe abaixo
dos 69.000, provavelmente mudarei minha recomendação de alta para baixa. Caso o
índice continue a subir e principalmente acima de 80 mil pontos ficaremos
felizes, existe uma luz ao final do túnel”...
O primeiro intervalo apontado acima foi atingido de forma
milimétrica como apontado abaixo em verde. Isso aconteceu na semana passada e
depois uma pequena queda se sucedeu. Como mencionei acima, o nível de 69.000 é
crucial, mas antes disso não gostaria de ver a bolsa abaixo de 72.500.
O que deverá imperar no desenrolar do Ibovespa é dependente
do que acontece no exterior. Do ponto de vista técnico a situação é delicada, essa
recuperação pode ser como o voo de galinha, ou construir uma base mais sólida.
Na verdade, a extensão da queda ocorrida desde o pico de
fevereiro último, foi bem superior ao que se poderia esperar de um mercado que
continuava em alta. Agora estamos observando se é uma correção mais extensa
para em seguida tomar o rumo de alta, ou uma inversão de tendência, onde novas
quedas se sucederiam.
Existem algumas possibilidades técnicas desse mercado que
tornam a sua análise mais difícil. Nestas situações é melhor ficar sem posições
e aguardar o mercado dar as dicas. Let´s
the market speak!
O SP500 fechou a 2.774, com queda de 0,70%; o USDBRL a R$
3,8795, com alta de 1,71%; o EURUSD a € 1,1671, com queda de 0,60%; e oo ouro
a U$ 1.242, com queda de 1,05%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário