Semana dos bancos centrais
Amanhã o Banco Central do Japão se reúne para concluir a sua
rotineira reunião de política monetária. Para quem não sabe, esse banco central
implementou uma política de fixar os juros dos títulos de 10 anos em 0%. Depois
de dois anos de estase, alguns analistas acreditam que o BOJ estaria se
preparando para abandonar essa estratégia. O juro desse título tive uma alta
“expressiva” nos últimos dias, vejam a seguir, saindo de 0,03% a.a. para 0,11%
a.a.! Hahaha ....
Na quarta-feira é a vez do FED aonde não é esperado nenhuma
elevação de juros. Nesse caso, o importante será aguardar o comunicado e mais
adiante as minutas, a fim de verificar se a última investida do Trump nesta
área, causou alguma mudança por parte do FED. Eu acredito que manterão o mesmo
caminho.
A maior atenção acontecerá com a reunião do COPOM, também na
quarta-feira. A expectativa é de manutenção dos juros SELIC em 6,5% a.a. Vale
lembrar que, desde a última reunião, os dados da economia estão bastante positivos.
No lado externo, nada indica que o FED irá acelerar os aumentos de juros, o que
poderia complicar a nossa vida. O esperado são duas altas até o final do ano.
Na economia brasileira, os resultados da atividade confirmam
o forte choque da greve dos caminhoneiros, cuja normalização se deu a partir de
junho. A inflação começa a dissipar esses efeitos, com expectativa começando a
retroceder.
A publicação do IGPM do mês de julho registrou uma alta de
0,51%, muito abaixo da taxa do mês anterior (1,87%). Em termos anuais ainda
continua acelerando, passando de 6,92% para 8,24%.
É necessário frisar que, esse indicador de inflação tem um
peso muito grande dos preços ao atacado. O IPC-M, que é o indicador mais
adequado para comparação com o IPCA, retrocedeu de 1,09% para 0,44%, em 12
meses o avanço foi marginal de 3,86% para 4,27%. O grande desataque da
desaceleração foi por conta do item Alimentação (1,55% para -0,19%). No gráfico
a seguir, uma comparação entre os preços agrícolas no atacado com o IPCA 15.
Outros indicadores que o COPOM deverá observar, também apontam
para o lado positivo. A taxa do dólar, que será comentada logo a seguir, acabou
não explodindo como alguns economistas estavam imaginando. A atuação do banco
central conseguiu conter as cotações, evitando atingir níveis mais preocupantes
em termos de política monetária.
O nível de risco internacional de solvência, de um pais, é avaliado
pelo CDS – Credit Default Swap. Esse indicador
mede o juro adicional, ao dos papeis americanos, que os títulos governamentais negociam
no exterior. O gráfico a seguir mostra o recuo dos últimos dias, embora não
estejam na mínimas atingidas no início do ano. O elevado nível das reservas tem
um peso importante nesse mercado.
Na ilustração a seguir, notem como a quantidade de crises dos
mercados emergentes diminuíram consideravelmente nos últimos 10 anos. A razão é
que esses países se preparam acumulando reservas, depois do sofrimento no final
da década de 90.
Agora, certamente a evolução da nossa dívida pública, é algo
bastante preocupante. Não é um problema para esse ano e nem para o seguinte. A
eleição do próximo presidente devera especificar como pretende atacar esse
déficit, podendo dar um rumo bem distinto dessa questão. O gráfico abaixo
simula alguns cenários alternativos.
Com tudo isso em mente, acredito que não haverá alteração no
COPOM. O comunicado poderá conter informações de como a autoridade monetária
enxerga os riscos daqui em diante.
Outro ponto a se considerar é a comunidade desta equipe,
pois o novo presidente da República pode mudar a presidência, ou mesmo o Ilan
pedir para sair. Mais uma dúvida que ficará em aberto.
Na quinta-feira será a vez da reunião BOE. As taxas
praticadas na Inglaterra muito baixas (0,50%), vigorando desde novembro último.
O mercado espera uma elevação de 0,25%.
Uma semana com muitas decisões de vários bancos centrais,
depois disso, todos podem sair de férias!
No post contribuição-quase-compulsória, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ...” No gráfico abaixo, apontei as zonas onde essa
indefinição perdura. No caso de alta, se o dólar ultrapassar R$ 3,97, o
movimento deve continuar até um nível que só se poderá calcular mais adiante.
No caso inverso, se o dólar cair abaixo de R$ 3,60, talvez a alta terminou
quando atingiu R$ 3,97 em junho” ...
Na última semana, não houve nenhuma mudança que indique uma
preferência para uma das duas hipóteses traçadas no post acima. No gráfico de
mais longo prazo, indicado a seguir, aponto o movimento que estou esperando.
O nível para sair dessa posição é R$ 3,66. Como apontei no
gráfico acima, o dólar poderá recuar até o nível aproximado de R$ 3,60, que em
nada compromete minhas premissas. Abaixo disso, aumentam a chance que a alta
terminou em R$ 3,97. Entretanto, sua confirmação só acontecerá, caso o dólar
negocie abaixo de R$ 3,31, muito distante dos níveis atuais.
Estamos bem afunilados, a cotação atual em R$ 3,72 está R$
0,06 acima do nível que pretendo zerar e R$ 0,09 abaixo do stoploss. Agora,
vamos deixar o mercado falar para onde deseja ir.
O SP500 fechou a 2.802, com queda de 0,58%; o USDBRL a R$
3,7293, com alta de 0,41%; o EURUSD a € 1,1707, com alta de 0,44%; e o ouro a
U$ 1.2247, com alta de 0,10%.
Fique ligado!
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