As distorções no setor de tecnologia



Para quem acompanha o Mosca, que se encontra próximo de completar seu sétimo ano de existência, sabe qual é a minha opinião sobre a análise fundamentalista. Mas, como a maioria acompanha, hoje pretendo mostrar os P/l – preço/lucro, das principais empresas de tecnologia americanas.

Uma queda súbita nas ações de tecnologia está mais uma vez ilustrando as armadilhas de apostar em ações altamente valorizadas.

Alguns dos maiores nomes caíram na segunda-feira, estendendo um movimento de venda, que se iniciou na semana passada depois que o Facebook, o Twitter e a Netflix decepcionaram os investidores com seus resultados do segundo trimestre. O índice NYSE FANG, que inclui essas e outras ações de tecnologia, caiu 2,8% para fechar em território considerado de correção – queda superior a 20% do seu patamar mais alto.


Mas nem todas as ações desse setor caíram igualmente. As mais “caras” tiveram quedas maiores. A Netflix, que na sexta-feira negociou 97 vezes o lucro esperado nos próximos 12 meses, caiu 5,7%. O Twitter, que tinha uma relação preço-lucro de 45, caiu 8%.

Os investidores compraram essas ações durante a maior parte do ano, elevando seus índices P / L acima do SP 500, que é inferior a 17. Os movimentos sugerem que as ações negociadas com altas avaliações são mais suscetíveis a fortes reversões.

Enquanto isso, a Apple negocia com menos de 15 vezes os lucros futuros, o que significa que é mais barata que o SP 500. Suas ações caíram apenas 0,6% na segunda-feira, um pouco menos do que o índice geral. Espera-se que os lucros da empresa continuem crescendo quando reportar após o fechamento do pregão de hoje.

O Facebook, que negocia com lucros esperados 22 vezes, caiu 2,2%, menos que muitos de seus pares de tecnologia, embora tenha caído 19% na quinta-feira. Alphabet, que negocia com ganhos de 28 vezes, caiu 1,8%.

Houve exceções, é claro. A Amazon caiu apenas 2,1%, apesar de negociar com um enorme P/L de 86. Mas os investidores há muito tempo tratam a Amazon de forma diferente, uma vez que, renuncia a grandes lucros para aumentar sua participação no mercado de comércio eletrônico. As ações subiram 52% este ano para colocá-lo a pouca distância de ultrapassar a Apple como a maior empresa dos EUA.

Mas, na maioria das vezes, o nível caro de muitas ações de tecnologia está adicionando outra dose de incerteza a um mercado que não tem escassez.

A verdade é que esse segmento de tecnologia se encontra em franca expansão. Mudanças importantes podem fazer uma empresa que parece ter uma vantagem hoje perder esse status no tempo.

Tem se reportado que, está acontecendo uma diminuição nas vendas de smartphones de todas as grandes fabricantes. O seu uso mudou sensivelmente nos últimos anos, aonde o telefone está cada vez mais em desuso.

O gráfico a seguir, mostra a evolução do número de horas por dia gasta em aparelhos deste tipo, em diversas localidades. Somos os Campeões Mundiais!


Mas qual deve ser o motivo da queda de demanda na venda desses aparelhos? Saturação! A diferença entre um modelo e outro mais atual são muito pequenas a tal ponto de justificar um gasto relativamente caro. Hoje um smartphone custa mais caro que um Laptop.

Há 10 anos ter um Iphone era sinônimo de status, hoje em dia ferramenta de trabalho. Mas como será daqui há 10 anos? Não sou especialista do ramo e não me aventuro a prever, nem sei se um especialista consegue ter essa visibilidade. Se o passado serve como exemplo, marcas tidas como de vanguarda como o Blackberry e Nokia sumiram! Agora, quando se adquire ações dessas empresas, se faz uma aposta sobre a continuidade. Tenho dúvidas se o Facebook será tão valioso no futuro.

No post esse-é-o-Putin, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” No gráfico a seguir, com uma visão de médio prazo, se observa que a bolsa está buscando romper o nível aonde um movimento de alta poderá estar iniciando. Para tanto, é necessário que 2.870 seja ultrapassado” ... ....” Na verdade, eu deveria esperar uma confirmação mais evidente para me envolver numa compra, porém outros indicadores me fornecem mais indicações que a chance maior é de alta. Sendo assim, vou arriscar uma compra nos níveis atuais, com um stoploss bastante curto ao nível de 2.770” ...


Até o anuncio dos resultados do Facebook, a bolsa americana caminhava para testar o nível citado acima de 2.870. Mas essa má noticia pesou sobre a bolsa, que ocasionou um retrocesso até o nível de 2.800.


No gráfico acima tracei os pontos que merecem importância. Nesse recuo atual, até o nível de 2.770, pode ser que, o SP500 fez o seu last kiss, para ganhar força e romper 2.870. Caso isso não aconteça, a bolsa poderá recuar até 2.670, se for o caso de um triângulo, ou ainda mais, voltando a valer minha antiga previsão de queda até 2.500.

- Xiiiii David, entrou numa fria! Por que não foi disciplinado e esperou o rompimento?
Talvez você tenha razão, para ganhar uns pontinhos a mais (de 2.820 até 2.870 / 1,7%), arrisquei perder 1,8%. Essas situações ocorrem. Pode ser que naquele dia estava mais “animado” onde a emoção prevaleceu sobra a razão. Por outro lado, outros indicadores apontavam nessa direção também.

Mas nem tudo está perdido, pois não fomos stopados, e a opção last kiss pode prevalecer. Só respondi as suas questões.

Para mudar de assunto, o gráfico preparado pelo Deutsche Bank me deixa em dúvida se minha geração foi uma felizarda. Por outro lado, como será que nossos filhos estarão quando tiverem uma idade equivalente à nossa, melhores ou piores?



O SP500 fechou a 2.816, com alta de 0,49%; o USDBRL a R$ 3,7553, com alta de 0,67%; o EURUSD a 1,1690, com queda de 0,13%; e o ouro a U$ 1.223, com alta de 0,17%.

Fique ligado!

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