Pagando a conta



Já nos esquecemos do transtorno ocorrido por conta da greve dos caminhoneiros, mas o ser humano é assim mesmo, lembranças ruins são deletadas. Mas as consequências não esquecem, e uma delas foi o estrago feito na inflação desse período.

O IPCA de junho ficou em 1,26% no mês, com destaque para elevação do grupo Alimentos e Bebidas, reflexo da alta dos preços in natura. Já o grupo de transportes sofreu influência da elevação dos preços dos combustíveis, pressionados pela alta no exterior, além da desvalorização do real. E para terminar, a energia elétrica sofreu impacto pela mudança da bandeira tarifaria de amarela para vermelha. Lei de Murphy na cabeça!

Os núcleos da inflação ficaram contaminados, mas ainda seguem em território benigno, com as medias trimestrais anualizadas permanecendo dentro da meta do BC.


Ontem à noite Ilan Goldfajn deu uma entrevista a Globo News, reafirmando que não tem compromisso com a taxa de câmbio, vai atuar quando achar que a liquidez foi afetada. Em relação aos juros disse que subia os juros caso esse choque batesse na inflação, nas expectativas de inflação para 2019, 2020. “ Vamos nos dedicar a olhar o aumento temporário de inflação e ver se há algum elemento perene”. 

No meu entender disse o que é lógico para um dirigente de banco central, se a inflação subir de forma consistente vai subir os juros. A questão é saber se vai acontecer isso.

Eu fui um defensor insistente que a inflação tinha terminado no Brasil, e foi como os fatos aconteceram até que houvesse três elementos que conturbaram essa leitura: a greve dos caminheiros e a alta do petróleo no mercado internacional além da desvalorização do real. O primeiro é totalmente exógeno cujo efeito é pontual; o segundo eu esperava esse aumento, porém do ponto de vista técnico, pode ser que, novas altas aconteçam. Prometo uma análise especifica no momento certo; e por último a desvalorização do real que também esperava, mas não nessa magnitude.

Esses fatores alteraram minha visão benigna da inflação, pelo menos no curto prazo, e como bem disse o Ilan, agora é necessário observar seus impactos. Por outro lado, a economia desacelerou por conta da indefinição do quadro político o que tende a agir em sentido contrário na inflação.

As taxas espelhadas nos títulos pré-fixados embutem um cenário muito ruim, por exemplo, ao se comparar os juros entre 2021 e 2025, os mesmo se encontram na casa dos 13% a.a. Será que vai subir tanto assim? Só que Ciro Gomes for eleito Presidente. Mas tenho confiança na sua capacidade de se autodestruir até as eleições, com declarações agressivas e atitudes descabidas como o repórter que foi agredido.

A taxa de desemprego nos EUA foi de 213 mil acima da expectativa dos analistas. Já a taxa de desemprego subiu para 4%, em função da entrada de americanos no mercado de trabalho.


Outro dado bastante seguido pelo mercado, são os salários, que subiram em bases anuais 3%, um resultado positivo também. De uma maneira geral, o emprego vai confirmando a robustez da economia americana que deve ser visto pelo povo americano como um objetivo que vem sendo alcançado por Trump, quando na verdade essa melhora já vinha se materializando anteriormente. O que ele acabou fazendo foi turbinar através da redução de impostos, cuja conta terá que ser paga no futuro.

Já o mercado de juros não ficou tão animado assim, as taxas dos títulos de 10 anos continuam “escorregando” lentamente, onde o mercado vem insistentemente apostando que uma recessão deve acontecer num horizonte de 18 a 24 meses. Como já mencionei anteriormente, a diferença de juros entre os títulos de 10 anos vis a vis ao de 2 anos, continuam a diminuir (+0,28%), já bastante próximo de apontar esse cenário, quando normalmente fica negativa.

No post pib-padrao-chinês, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos:  ....” Estou dividido entre a “opção 1 – Last Kiss”, ou “opção 2 – banho de agua gelada”. Como poderemos saber? Caso os juros recuem abaixo de 2,75% o último cenário ganha mais força, por outro lado, se ficar contido até esse nível e ultrapassar o nível de 3% poderemos ter novas altas, antes que uma correção maior aconteça” ...

Com a publicação do dado de emprego hoje, os juros estão bastante próximos agora do nível de 2,76%, que se atingido abre a porta para novas quedas, nada muito expressivo ao redor de 2,70% a 2,65%, para em seguida iniciar novo movimento de alta.

É importante se ter em mente que agora começa o período de férias do hemisfério Norte onde a liquidez cai sensivelmente. O mundo espera que o Trump vá jogar golfe e pare de perturbar!

Hoje começou as quartas de final do Campeonato Mundial, os dois países sul-americanos foram eliminados, coincidência? Não acredito, o futebol vem mudando desde 2010 e infelizmente ainda acreditamos que o que vale é “ser bom de bola”. Mas, isso mudou, nem sei se é condição necessária ou complementar hoje em dia.

A declaração do técnico da Bélgica diz tudo, ao ser perguntando se sua tática deu certo, respondeu “ a tática sempre funciona o que pode não funcionar é a execução”. O futebol de hoje em dia é jogado com qualidade na Europa, com muito mais recursos financeiros e técnicos, não é para menos que só tem europeus na semifinal.

O SP500 fechou a 2.759, com alta de 0,85%; o USDBRL a R$ 3,861, com queda de 1,83%; o EURUSD a 1,1742, com alta de 0,46%; o U$ 1.254, com queda de 0,25%.

Fique ligado!

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