Inflação na mosca



Na última sexta-feira, foi publicado o índice de inflação usado pelo Fed para estabelecer sua política monetária – PCE. A dúvida que existia do Federal Reserve, se a inflação chegaria à meta de 2% foi respondida: sim. Agora a questão é o que o Fed vai fazer sobre isso.

O Departamento de Comércio informou que sua medida de preços ao consumidor subiu 0,2% em maio ante abril, colocando-a em 2,3% acima do nível do ano anterior. Mais importante, os preços principais – core inflation, que o Fed segue de perto, subiram 2% no ano. O que marcou a primeira vez que o núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, atingiu 2% desde abril de 2012.

Então, depois de anos de frustração por causa da inflação baixa a missão foi cumprida pelo Fed.

Com esse objetivo alcançado, a declaração do presidente do Fed, Jerome Powell, no início deste mês, ganha mais significado. Na entrevista coletiva após o aumento da taxa, Powell disse que o Fed iria observar caso "a inflação persistisse continuamente acima de 2%”, efetivamente anulando a especulação de que o banco permitiria que a economia ficasse mais aquecida.


O risco é projetar que a inflação fará exatamente o que é esperado. A economia forte deve manter o núcleo da inflação em pelo menos 2%. Acrescente os recentes aumentos na cotação do combustível; que podem resultar em elevação dos preços de itens não energéticos; e tarifas elevando os custos de importação. Tudo isso poderia fazer o núcleo da inflação subir ainda mais.

Talvez a maior preocupação para o Fed seja a taxa de desemprego. Situada em 3,8% (e provavelmente ainda deve cair mais), está bem abaixo do nível de 4,5% que os formuladores de políticas do Fed consideram sustentável. Então, na opinião do Fed, o caso está se consolidando para que essa comece a pesar contra a economia.

Powell, nomeado pela administração Trump, compartilha da opinião que, a folga do mercado de trabalho, pode ser maior do que a estimada. Ele combinou isso com a sensação de que, o intervalo de incerteza em torno das estimativas das diretrizes que governam a política monetária, são ferramentas altamente incertas.


Para Powell, benchmarks conceituais não podem descrever totalmente a complexidade da economia dos EUA. Assim, nos primeiros cinco meses, ele trouxe uma mudança sutil, mas importante: confiar em evidências tanto quanto em modelos econômicos.

"Vamos nos guiar pelo que está acontecendo e pelo que a economia real está nos dizendo", disse Powell nos bastidores de uma conferência de Banco Centrais em Sintra, Portugal, na qual também repetiu o argumento para aumentos graduais das taxas de juros. "E admitamos também que nossa compreensão de qual é o nível" do pleno emprego deve ser "constatada pela realidade, e o que realmente acontece".


Notavelmente, mesmo quando a taxa de desemprego caiu abaixo de 4% e alguns tipos de compensação subiram, a perspectiva de inflação do público permaneceu baixa e estável. Ainda assim, ancorar as expectativas foi uma vitória difícil, e o Fed quer mantê-las acertadas.


"Ele está testando os limites da economia", disse o ex-governador do Fed, Laurence Meyer, cujo mandato no Fed incluiu uma queda abaixo do desemprego de 4%. "Meyer disse que, enquanto parecer que estamos fazendo alguma coisa, isso levará a inflação na direção certa", acrescentou. "Mas não sabemos" como isso vai acabar.

A questão mais importante para os investidores agora, é saber quanto as taxas de juros têm de subir, para que o Fed confie que a política monetária passou de acomodativa à restritiva. Neste momento, o Fed espera aumentar as taxas mais duas vezes este ano e três vezes no ano próximo. Isso significa que a política, pela medida do próprio Fed, não se tornaria restritiva até o final de 2019. Se o Fed precisar se mover mais rápido, os mercados terão uma surpresa.

Mas surgiu um novo elemento que pode atrapalhar, ou dificultar a vida do Fed. Lawrence Kudlow, o economista renomado e assessor para assuntos econômicos de Trump, declarou que uma economia crescendo robustamente não causa inflação. Para não deixar dúvidas, completou “Minha esperança é que eles entendam isso, e assim, se movam lentamente”.

Será que o Presidente Trump também vai “meter o bedelho” na economia? Com inflação não se brinca, e é notório que os juros estão muito baixos, além do sistema financeiro encontra se com excesso de liquidez. Com os preços do petróleo atingindo alta, após alta, é melhor não titubear.

No post a-bomba-atômica-chinesa, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” O gráfico a seguir aponta para o movimento esperado no curto prazo. Caso a bolsa se recupere para 73,5 mil - 75 mil, e depois tombe abaixo dos 69.000, provavelmente mudarei minha recomendação de alta para baixa. Caso o índice continue a subir e principalmente acima de 80 mil pontos ficaremos felizes, existe uma luz ao final do túnel”...


Lentamente a bolsa seguiu em frente, situando-se agora no primeiro intervalo a 73,3 mil. É muito importante passar por esse ponto conforme apontei no gráfico abaixo. Mas tudo depende do que acontecer no exterior.


Observo dentro dos empresários brasileiros uma tendência de associar esse momento ruim em que vivemos, aos problemas internos do país. A falta de um candidato a Presidente que gere um certo otimismo, talvez seja responsável por esse desanimo. Não que eu acredite que essa percepção seja exagerada, não tem mesmo, mas o principal fator de piora dos mercados não é esse.

Quanto aos candidatos, acredito que teremos um segundo turno entre Bolsonaro x Marina, onde essa última provavelmente seja a vencedora, isso olhando de hoje. Caso isso se concretize, projeto que não será uma alternativa ruim. A equipe econômica dela é boa, e não vai fazer nenhuma loucura.

O que realmente não consigo ter uma opinião mais clara, e qual será o desenrolar no exterior. Em todo caso, as quedas até o momento foram expressivas, e nesse caso, se sucede um período de correção, e é nisso que estou apostando no curto prazo. Mas é só isso, no curto prazo.

Amanhã é feriado nos EUA e os mercados permanecerão fechados. Hoje as bolsas também tiveram seu fechamento antecipado.

O SP500 fechou a 2.713, com queda de 0,49%; o USDBRL a R$ 3,8955, com queda de 0,38%; o EURUSD a 1,1655, com alta de 0,15%; e o ouro a U$ 1.252, com alta de 0,87%.

Fique ligado!

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