A China entra em ação
De cada cinco artigos internacionais publicados hoje em dia,
cálculo que, um é sobre a guerra comercial iniciada por Donald Trump. Os assuntos
Cada um deles focam num aspecto, variando de acordo com o interesse especifico
do analista: impacto no PIB, alta nos custos, regiões mais afetadas, e outros
mais. Eu percebo não existir uma conclusão assertiva apenas simulações de
cenários alternativos.
Essas indefinições são fruto da incerteza sobre as
consequências, bem como da possível extensão. Depois de 18 meses no poder, já
se pode tirar algumas conclusões da sua forma de agir. Trump desfere um tiro
forte e depois recua. Por traz dessa tática se aproveita da reação humana que,
ao receber uma notícia ruim tende a achar que não é tão ruim, se algumas das
condições retrocede. Por outro lado, as pessoas também percebem essa tática, e
depois de um tempo, desconsideram o primeiro anuncio.
Incialmente queria comentar um artigo publicado pelo FMI em
preparo para a reunião do G-20 neste final de semana.
As tensões comerciais
já estão deixando uma marca, mas a extensão do dano depende do que os
formuladores de políticas fazem a seguir. Em abril, o FMI alertou contra as
feridas econômicas auto infligidas que resultam de medidas protecionistas.
Infelizmente, a retórica se transformou em realidade, e uma série de tarifas e
contra tarifas entraram em vigor no último mês. Dados recentes da Europa e da
Ásia apontam para um decréscimo nos novos pedidos de exportação e oscilam na
confiança entre alguns países exportadores de carros, incluindo a Alemanha.
A Nota do G-20, divulgada hoje, simula quatro cenários
comerciais hipotéticos para a economia global. Em um cenário, se todas as
tarifas anunciadas entrarem em vigor, a produção global seria reduzida em 0,1%
em 2020. E se a confiança dos investidores for abalada por essas tarifas, a
simulação mostra que o PIB global poderia diminuir em 0,5% - ou cerca de U$ 430
bilhões - abaixo da projeção atual para 2020.
Os conflitos sobre o comércio também estão exacerbando uma
situação já complicada nos mercados emergentes. O aumento das taxas de juros
nos EUA pressionou muitas economias em desenvolvimento, incluindo o Brasil e a
Turquia. No total, os investidores retiraram mais de U$ 14 bilhões dos mercados
emergentes em maio e junho deste ano. Em resposta, os formuladores de políticas
em vários mercados emergentes elevaram as taxas de juros e alguns intervieram
diretamente para sustentar sua moeda nacional.
O Deutsche Bank publicou uma tabela criando um índice que
denominou Services Trade Restrictiveness
Index, onde se avalia diversos fatores relacionados as barreiras que cada
país impõe aos outros países. Como se pode notar a China lidera como a mais
restritiva.
Outro setor que está sentindo na pele as consequências
desses primeiros movimentos tomados pelos EUA são os preços dos produtos
agrícolas. O raciocínio usado pelo importador desses produtos é que, se o pais
exportador tem sua moeda desvalorizada, como a sua produção depende somente de
custos internos, deve dar um “desconto” equivalente a queda da moeda, em seus
preços em dólares.
Na área cambial, a China adota uma política diferente da
usada no Brasil. Com uma reserva em dólares enorme, pode administrar a taxa
cambial de forma mais efetiva. Se o leitor recordar, em 2016 houve um período
de aproximadamente seis meses em que os investidores estrangeiros fizeram
constantes retiradas de recursos daquele pais. A China promoveu uma queda
“organizada” de sua moeda, de tal forma que, equilibrassem os saques. Depois de
um tempo, a pressão cessou e o processo se inverteu com valorização do Yuan.
Os chineses sabem que essa guerra comercial pode ter
impactos importantes em sua economia, basta ver os saldos comercias para saber
que, existem muitos mais produtos em volume que podem ser taxados pelos EUA que
o inverso. Assim sendo, resolveu reagir de imediato, e a forma mais rápida é
desvalorizando da sua moeda. Como o
gráfico a seguir aponta, a velocidade desse movimento é muito superior ao
evento que comentei acima.
A bolsa de valores desse país vem sofrendo mais que o índice
FTSE Emerging Markets, uma média das principais bolsas de países emergentes. A
principal razão é que os investidores acreditam que a China será a maior
prejudicada nessa guerra.
Como numa guerra tradicional, ninguém escapa de sofrer
consequências, mesmo o país vencedor. Como exemplo, no relatório publicado
ontem pelo Fed, conhecido como Beige
book, fabricantes em todos os Distritos expressaram preocupação com as
tarifas, e em muitos Distritos, relataram preços mais altos e interrupções no
fornecimento, que eles atribuíram às novas políticas comerciais.
O gráfico a seguir mostra os valores das tarifas impostas e
propostas, do ponto de vista dos EUA, envolvidos nessa guerra, nos últimos meses.
O montante se aproxima da elevadíssima quantia de U$ 1,0 trilhão.
Esse assunto está longe de ser esgotado e provavelmente
deverá popular o noticiário ainda por um bom tempo, mas parece que algumas
conclusões qualitativas podem ser tiradas: Elevação da ineficiência na cadeia
produtiva, que impactara os preços e/ou as margens; uma pressão inicial de
desvalorização sobre as moedas em geral contra o dólar – acessem o post __ recessão
em 2019__ ; queda do PIB global como apontado no estudo do FMI mencionado no
início do post. Eh, nenhuma boa notícia!
No post a-opinião-que-vale-milhões, fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ...” O gráfico a seguir mostra como as cotações do ouro ficaram
contidas no intervalo entre U$ 1.200 e U$ 1.370, durante os últimos 5,5 anos,
com exceção do ano de 2015 e começo de 2016, onde ameaçou romper a barreira dos
U$ 1.000” ... ....” É provável que irá testar o nível de U$ 1.200 mais a
frente” ...
O ouro pela manhã chegou muito perto de U$ 1.200, ao atingir
U$ 1.211. Mas um elemento novo surgiu durante o dia, uma declaração do Trump.
Até aí, nenhuma novidade, o mundo já está acostumado a isso, mas o que
surpreendeu foi o seu teor “ não estou satisfeito com as altas de juros
implementadas pelo Fed”. É isso mesmo, agora vai começar a dar palpites na área
de política monetária. Essa declaração
soa como música para os que acreditam no metal. A reação foi imediata, o ouro
subiu U$ 15.
Não acredito que isso modifique o movimento de baixa que em está
ocorrendo no curto prazo. Talvez o ouro vai dar seu last kiss na reta rompida, conforme marquei no gráfico acima.
Acredito ser uma questão de tempo para testar o nível de U$ 1.200. O que
acontecera depois disso, vai dar uma visão melhor de curto prazo e
eventualmente uma mudança na direção no longo prazo. Mas não é momento ainda de
expor esses cenários.
O Neymar virou referência para o mercado de câmbio
internacional, veja foto a seguir. Se a moda pega, tudo que tiver queda ele
será lembrado. Vai ser difícil para o Neymar consertar sua atitude infantil
usada até agora, de fingir que se machucou, na maioria das vezes em que era
atingindo por um adversário. Ficou como uma marca registrada!
O SP500 fechou a 2.804, com queda de 0,40%; o USDBRL a R$
3,8411, com queda de 0,24%; o EURUSD a € 1,1639, sem variação; e o ouro a U$
1.222, com queda de 0,30%.
Fique ligado!
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