Mais uma baixa



O Mosca completou 7 anos de existência neste final de semana. Com mais de 232 mil visualizações através de 1.696 posts venho buscando atrair seguidores que buscam conhecimento dos mercados financeiros, assim como, alternativas de investimento. Algo intrigante para mim, desde do início, é a segmentação geográfica dos leitores, onde o Brasil representa 50%, EUA 35% e o restante países ao redor do globo, como: Rússia, França, Alemanha, Portugal, Reino Unido, Israel e Ucrânia (!). Agradeço a confiança.

Quem é assíduo daqui, sabe do meu ceticismo sobre o hedge funds. Sempre me posicionei contra esses investimentos por se caracterizarem por fundos cujo os custos são muito elevados, que não conseguem performar no longo prazo. Realizei também, estudos dos fundos multimercados brasileiros quando recentemente estive na FEA. Ali pude comprovar que, uma carteira composta pelos 7 melhores fundos, com uma gestão dinâmica na escolha, não conseguiu suplantar o CDI.

Acredito que não seja à toa, a mudança que vem ocorrendo no mercado americano, onde o investidor tem preferido investir em fundos passivos em detrimento dos ativos, aonde os primeiros cobram taxas bastante inferiores quando comparados ao segundo.

Uma reportagem publicada pelo Wall Street Journal atesta os retornos pífios que uma das categorias de hedge fund obteve nos últimos 7 anos, coincidentemente com a existência do Mosca – palavra que eu não sequei! Hahahaha ...

Seguir as tendências dos mercados financeiros já foi uma das estratégias de investimento mais rentáveis. Agora, a abordagem está sendo maltratada à medida que os fundos que replicam essa estratégia, com taxas baixas, entram no espaço.

O desempenho entre os cerca de US $ 300 bilhões em fundos de hedge que usam amplamente as chamadas táticas de acompanhamento de tendências tem sido péssimo. Um investidor comprando esses fundos no início de 2011, por exemplo, e mantendo até julho deste ano, teria perdido 3,4% em média, de acordo com o HFR. No mesmo período, o SP 500 subiu 124%.

"É como uma serie de indústrias", disse Matthew Beddall, fundador da firma de investimentos Havelock London. “Como obtiveram sucesso, mais gestores se envolveram. Agora você pode comprar um livro na Amazon sobre como compilar o acompanhamento de tendências. ”


Seguir tendências é um conceito simples com execução complexa. A ideia subjacente é relativamente direta: se uma ação está subindo - geralmente medida por uma média móvel de curto prazo acima de uma média móvel de longo prazo - então é hora de comprar. Se cair abaixo, é hora de vender. Fundos empregam dezenas de PhD, para descobrir exatamente quando um movimento de preços se torna uma tendência.

Os investidores seguiram as tendências durante séculos. O economista britânico David Ricardo, que acumulou uma fortuna no mercado financeiro há 200 anos, era conhecido por eliminar suas posições perdedoras e administrar suas vencedoras. Seguir tendências decolou como uma estratégia de fundo de hedge nos anos 80, quando corretores de commodities automatizavam negociações com computadores para procurar padrões de mercado.

Esses fundos registraram ganhos de dois dígitos nas décadas de 1990 e 2000, e foram uma das poucas estratégias de fundos de hedge para ganhar dinheiro na queda do mercado de 2008. Esse desempenho levou os fundos de pensões e outros investidores a investir.

A estratégia não conseguiu performar nas quedas recentes do mercado. Em janeiro, muitos fundos desse tipo tiveram grandes ganhos quando os mercados subiram, para devolver em seguida, durante a queda de fevereiro, motivada pela volatilidade.

Não está totalmente claro por que parou de funcionar. Alguns apontam para o dinheiro que inundou o setor, acreditando que a superlotação erodiu os retornos. Os ativos mais do que triplicaram na última década. Outros dizem que a flexibilização quantitativa suprimiu a volatilidade desses fundos, ou que a distribuição quase instantânea de notícias via internet significa que os investidores reagem mais rapidamente e as tendências, portanto, não duram tanto tempo.

O sucesso incentivou as empresas de investimento a oferecer alternativas de baixo custo. A Research Affiliates licencia suas estratégias para outras empresas. A AQR Capital Management LLC administra uma estratégia de acompanhamento de tendências com US $ 15,4 bilhões. A Amundi Asset Management e a GAM Holding AG produzem suas próprias versões de baixo custo, muitas vezes chamadas de prêmios de risco alternativos.

"Oitenta por cento, talvez 90% das características dessa estratégia podem ser capturadas com um conjunto sólido de regras e uma implementação sólida", disse Leda Braga, fundadora do Systematica, um fundo hedge de US $ 8,5 bilhões.

Seguir tendências é um dos exemplos mais claros de como as estratégias que outrora pertenciam exclusivamente a fundos hedge, e lhes rendiam enormes lucros, estão sendo copiadas e comoditizadas por replicadores de baixo custo.

O principal fundo de hedge da Winton já se concentrou quase exclusivamente no acompanhamento de tendências, mas sua eficácia decrescente persuadiu-o a reduzir ao longo do tempo para cerca de metade da carteira. Ele planeja reduzir isso para cerca de um quarto até o próximo ano.

Os gestores de fundos estão entrando em reinos mais exóticos para escapar da superlotação. Doug Greenig, um ex-diretor de risco da AHL, reformulou seu fundo de hedge, Florin Court, para se concentrar apenas em mercados de difícil acesso, como futuros em terra na China e moedas criptografadas.

A Sra. Braga do Systematica argumenta que a estratégia não está superlotada, mas admite "não sei, eu não sei", quando perguntada por que as tendências não estiveram presentes nos mercados nos últimos anos.

Mais uma categoria de investimento que acaba frustrando os investidores. Eu posso afirmar com muita certeza, qual seria o motivo para o decréscimo de retorno, uma vez que, não acompanho de perto esses fundos. Acredito que a queda da volatilidade de uma forma generalizada teve um impacto nas expectativas de retorno. Outro fator que certamente influenciou são os elevados custos cobrados nesse tipo de fundos.

No post desapego, fiz os seguintes comentários sobre o dólar” Existiriam os seguintes alvos: 1-      R$ 4,00 – retorno de 0,80%;  2-      R$ 4,10 (mais provável) – retorno de 3,3%; 3-      R$ 4,17 / R$ 4,20 – retorno mínimo de 5,0%” ...
Na última semana o dólar atingiu o segundo nível apontado acima de R$ 4,127, recuando depois para a cotação atual de R$ 4,075. É necessário frisar que, não é possível assegurar que a alta de curto prazo terminou, existe um potencial de se estender até R$ 4.20 – terceira hipótese acima.


Trabalhando com a presunção traçada no gráfico abaixo, o dólar deveria nas próximas semanas recuar até R$ 3,90 ou R$ 3,75, para em seguida voltar a subir.

Hoje, na reunião da Rosenberg, várias hipóteses de resultados da eleição, começaram a surgir considerando essas projeções. Seria uma vitória inicial de Bolsonaro, animando o mercado, para depois uma frustração? Marina como um susto menor para um candidato de esquerda, e depois o mercado cai na real? Mas seguramente não seria nem Ciro nem Haddad, cuja chance de melhora é zero!

Fiquei observando essas elucubrações, e disse que eu não gosto desse tipo de raciocínio, pois tende a influenciar a análise, mas se queriam tirar algo de bom era que a esquerda não seria vitoriosa.

As incertezas são tão grandes que o melhor é esquecer esses raciocínios: Wishful thinking!

O SP500 fechou a 2.896, com alta de 0,77%; o USDBRL a R$ 4,0807, com queda de 0,50%; o EURUSD a 1,1684, com alta de 0,53%; e o ouro a U$ 1.210, com alta de 0,42%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Parabéns pelo excelente trabalho!

    A iniciativa é valorosa para ampliar o acesso a tópicos de macroeconomia que nos levam a uma leitura imparcial do mercado financeiro. A utilização de alguns navegadores (Opera, Tor) poderia explicar em parte
    a segmentação geográfica.

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