China sob pressão
Durante anos, a economia chinesa se beneficiou de uma
dinâmica incomum. Como a China usa uma paridade baixa do dólar, suas taxas de
juros estão atreladas ao Federal Reserve. Após a crise financeira, como o Fed
manteve as taxas excepcionalmente baixas por um período prolongado, a China foi
capaz de definir suas próprias taxas mais baixas do que seria necessário,
assim, conseguiu subscrever seu modelo de crescimento liderado por
investimentos.
Agora este modelo está sob pressão significativa. O Banco
Central da China está tentando manter as taxas baixas em uma economia
superalavancada, enquanto o Fed está elevando os juros para conter a inflação.
O aperto no diferencial de rendimento entre os dois países ameaça a cotação do
yuan frente ao dólar, e pressionará o PBOC a aumentar os juros. Como a China
lida com este desacoplamento é de importância crítica para o seu futuro
econômico.
Desde dezembro de 2015, o Fed elevou sua taxa básica de
juros sete vezes, de 0,25% para 2%. Durante esse período, os principais custos
dos empréstimos chineses permaneceram praticamente estáveis e o PBOC deixou
as taxas de empréstimos oficiais inalteradas para os bancos. O rendimento dos
títulos do governo chinês de 10 anos subiu apenas ligeiramente, de 3% para
3,55%.
Isso resultou em um estreitamento significativo do spread
entre o custo da dívida chinesa e dos EUA. Um dia antes da primeira alta, o
spread entre os títulos da China versus os do EUA, era de 1,70 %. Recentemente,
esse spread é de 0,30%. O spread dos títulos de 10 anos tem oscilado em torno
de 0,50 ponto percentual nos últimos meses, o que implica que os investidores
preveem um novo aperto pelo Fed.
Para a China, isso apresenta dois grandes riscos.
Um é que os spreads de rendimento mais estreitos
dificultarão a atração de capital. É verdade que a entrada de recursos para
investimento em portfólio na China aumentou em 144% este ano. Mas isso se deve
principalmente à inclusão da China nos índices de ações no benchmark da MSCI, e
também a um novo programa que permite que investidores estrangeiros acessem o
mercado de títulos interbancários da China. Esses ingressos são minúsculos para
uma economia do tamanho da China. Como a sua conta corrente entrou em déficit,
e tem uma demanda premente por investimentos para impulsionar o crescimento, a
China precisa de capital estrangeiro.
À medida que os rendimentos avançam em direção à igualdade,
os investidores provavelmente começarão a alocar seu capital em outro lugar. O
investimento estrangeiro direto aumentou apenas 3,4% no ano. A China oferece
agora mais riscos - os spreads de títulos industriais e de construção urbana
quase dobraram em relação ao ano passado - e menos oportunidades do que antes.
A compra de dívida do governo chinês com um acréscimo de 50 pontos base não é
uma proposta atraente.
Mais fundamentalmente, o estreitamento dos spreads de
rendimento sugere que o modelo de crescimento da China está em sério risco. Com
as elevações programadas pelo Fed, o BPC deve seguir o mesmo caminho para
manter a paridade do yuan. No entanto, a dívida corporativa chinesa é de 156%
do PIB. Sob tais condições, os riscos financeiros são significativos.
Mais precisamente, com a dívida total chinesa se aproximando
de 300% do produto interno bruto, qualquer aumento na taxa de juros aumentaria
substancialmente os custos do serviço da dívida e pressionaria enormemente as
empresas chinesas. É exatamente por isso que o governo está tentando manter as
taxas baixas e manter a taxa de câmbio sob controle. Nenhum país pode depender
de investimento financiado por dívida para impulsionar o crescimento em uma
economia superalavancada se as taxas de juros estiverem subindo.
Isso deixa a China numa encruzilhada. Se quiser manter o
yuan atrelado ao dólar, precisará aceitar um Yuan mais fraco à medida que os
spreads se estreitam ou aumentem as taxas de juros. Se não quiser permanecer
tão intimamente ligado ao dólar, precisará vincular o yuan a outra moeda ou
deixá-la flutuar de alguma forma - mas isso também implicaria um Yuan mais
fraco e taxas de juros mais altas.
Em outras palavras, algo tem que ceder. A China há muito
fala em se afastar de um modelo de crescimento baseado em investimentos, mas
nunca tentou seriamente. O tempo para agir pode estar em breve chegando.
Essa percepção pelo mercado está acarretando a queda da
bolsa de valores. Uma parte da queda é oriunda também pelo fato dessa economia ser
considerada como emergente.
Este problema para China se soma ao constante ataque feito
por Trump no front comercial. Nesse momento, a condição de negociação americana
é melhor que a chinesa (até nisso o presidente americano tem sorte).
No post nunca-é-diferente, fiz os seguintes comentários
sobre os juros de 10 anos: ....” Mas olho vivo,
pois, para que a expectativa de alta do juro mais adiante ocorra, as áreas que
identifiquei em bordo, devem conter essa queda. O primeiro intervalo é entre
2,70% e 2,75%, e aceito no máximo até 2,65%. Abaixo desse último nível, azeda
bastante esse cenário” ...
No gráfico a seguir, de mais longo prazo, reforcei os dois
períodos onde o juro buscou romper a barreira dos 3% (círculos). Além disso,
mostra como os juros de 10 anos permaneceram encaixotados dentro do intervalo
de 1,5% a 3%, por mais de 5 anos.
A mesma formação que apontei ontem no gráfico do SP500 –
ombro, cabeça, ombro, pode estar se formando aqui também. Esta é a razão que
frisei acima que, abaixo de 2,65% o cenário de alta ficaria bem comprometido.
Uma aposta enorme hoje nos mercados financeiros está alocada
nesse ativo. Até o motorista do Uber (mudou, não é mais do táxi! Hahaha ...),
de tanto ouvir em seu carro que a dica do momento é apostar contra o juro,
resolveu comprar o ETF denominado de TBF, que aposta na alta de juros.
Por outro lado, penso o que teria que acontecer para os
juros caírem abaixo de 2,65%. Neste momento, onde está todo mundo otimista com
a bolsa americana, não faria sentido, a não ser que, ..... Bem, esse não é meu
cenário básico, então vamos em frente sem pensar em horrores.
O SP500 fechou a 2.850, com alta de 0,33%; o USDBRL a R$
3,9127, com alta de 0,17%; o EURUD a € 1,1439, com alta de 0,55%; e o ouro a
U$ 1.184, com alta de 0,92%.
Fique ligado!
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