Refazendo da trombada
A greve dos caminhoneiros em maio foi realmente uma trombada
na economia brasileira. Esse evento criou uma desorganização tão generalizada e
atingiu tanta gente, que fica difícil saber quando seus efeitos cessarão.
O impacto na inflação foi sentido nos meses de maio e junho
de maneira expressiva. O IPCA de junho foi de 1,26%, 1/3 da inflação anual que
prevalecia antes. O índice de julho ficou em 0,33%, um pouco acima da
expectativa dos analistas de 0,27%. Devemos ficar preocupados? Não no meu ponto
de vista, ao contrário, esse resultado é muito bom. Mas não parece ser a
opinião dos analistas que a consideraram elevada. Não estão sendo preciosista
demais?
No período de 12 meses a inflação praticamente se estabilizou
passando de 4,39% para 4,48%, exatamente no centro da meta estabelecida pelo
regime de metas. Um dos indicadores que eu gosto de acompanhar são os preços
livres, onde não existe nenhum tipo de interferência que não a do mercado.
Nesse subitem a inflação foi de 0,13%, sofrendo queda em relação ao mês
anterior 0,83%. E por último, a taxa de difusão caiu em julho, passando de
65,5% para 49,6%.
A inflação de julho representa a tendência de arrefecimento
dos preços, na esteira da devolução dos efeitos da paralisação do final de maio
e da elevação da tarifa elétrica por conta da piora do cenário de geração
hidrelétrica (que tiveram efeito máximo na inflação de junho).
Os últimos meses
foram marcados pela alta dos preços administrados, liderados pelos combustíveis
(veículos e domésticos). O grupo que tem rodado acima do índice desde o começo
do ano passado, quando os efeitos desinflacionários da queda da atividade
econômica e do mercado de trabalho passaram a influenciar mais significativamente
os preços livres, além de contar com choque benigno sobre os alimentos.
A Rosenberg projeta o IPCA para 2018 em 3,9% e para 2019 em
4,0%, ambos abaixo da meta de inflação. Caso esses resultados se concretizem, e
a equipe do banco central seja mantida pelo próximo presidente, dificilmente se
visionária uma elevação da taxa SELIC. O juro real estaria apontando para 2,5%
a.a., que seria compatível de uma economia com excesso de capacidade ociosa.
Tudo isso, se os mercados internacionais não piorarem muito mais, para os
mercados emergentes.
Em relação aos mercados emergentes, se nota uma melhora
importante do índice Bovespa, com uma alta de 17% desde a mínima de 69 mil,
além do recuo do dólar. Na ilustração a seguir se pode verificar uma inversão
do fluxo de estrangeiros, principalmente para a América Latina.
No post de-quanto-estamos-falando, fiz os seguintes
comentários sobre o Ibovespa: ...” se o Ibovespa ultrapassar os 80 mil pontos, e principalmente
82.201, e bem provável que não vou considerar mais o cenário de queda
estrutural” ...
Numa análise mais detalhada da bolsa se pode prever alguns
cenários distintos. Isso acontece quando a formação do movimento não se
comporta de forma clara, mesmo não havendo uma violação de princípio. Desta
forma, só me resta apresentar as hipóteses com suas nuances.
1)
Arroz com feijão: Este seria o caso, onde
a mínima de 69 mil não deveria ser visitada, ou melhor, rompida. O que pode
variar está apresentado no gráfico abaixo, onde a linha azul indicaria uma
continuação da alta, que estaria em curso; ou completando um triângulo antes,
para depois subir (verde). A última opção parece combinar mais com o momento
pré-eleitoral que passamos.
2)
Enjoado: Nesta situação, uma nova queda
precederia uma alta mais à frente. Nesse caso, o nível de 63/62 mil é
fundamental que sustente a baixa. Qualquer coisa abaixo disso vai colocar em
risco a continuidade do movimento de alta, que prevaleceu desde o início de
2016.
Existe também um cenário horrível que prefiro não revelar
nesse momento. Se eu estou em dúvida, imagino como vocês ficariam. Para que
essa situação seja eliminada é fundamental que o nível de 82.201 seja
ultrapassado, pois nesse caso, violaria uma regra básica. Na última sexta-feira
o Ibovespa quase chegou lá atingindo a máxima de 81.792.
- Puxa David, a
diferença entre ambos é de 0,50%, não dá para arredondar?
Não dá! Eu sei que praticamente se poderia eliminar, mas a
teoria não permite. Já vi situações semelhantes que o cenário menos provável
acabou acontecendo.
Mas o leitor não precisa ficar preocupado, nem por isso,
significa que ficaremos imobilizados. A única razão de não sugerir um trade
nesse momento, é que, os preços não são convidativos. Como havia comentado no
post acima: … ”Se
a bolsa americana ganhar a direção da alta, acredito que isso poderá
impulsionar a bolsa brasileira. Ou seja, neste momento estaríamos dependentes
desse desenrolar. Como essa é uma dúvida de segundo grau, provavelmente se eu
propuser um trade, será no SP500 ao invés do Ibovespa” .... É assim
estamos posicionados.
O SP500 fechou a 2.857, sem variação; o USDBRL a R$ 3,7673,
com alta de 0,45%; o EURUSD a € 1,1611, com alta de 0,11%; e o ouro a
U$ 1.213, com alta de 0,21%.
Fique ligado!
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