Desapego
A cada dia, mais e mais pessoas usam serviços temporários. Ao
invés de comprar produtos que permanecem ociosos por boa parte do tempo,
adquiri serviços temporários. Os mais óbvios e difundidos são os automóveis que,
na maioria dos casos, ficam parados em alguma garagem. Eu já me juntei a esse
grupo, vendi meu carro! Demorou um pouco, mas posso dizer que é muito melhor e
mais barato andar de Uber.
O Wall Street Journal publicou uma reportagem sobre esse assunto,
que compartilho a seguir.
Alguns problemas sociais são descaradamente óbvios na vida
cotidiana, enquanto outros são de longo prazo, mais corrosivos e, talvez, quase
invisíveis. Ultimamente tenho observado um problema deste último tipo: a erosão
da propriedade pessoal e o que isso significará para nossa lealdade aos conceitos
tradicionais de capitalismo e propriedade privada.
Os principais responsáveis pela mudança são o software e a
internet. Por exemplo, o Kindle da Amazon e outros métodos de leitura on-line
revolucionaram a forma como é consumido texto. Quinze anos atrás, as pessoas
geralmente possuíam os livros e revistas que estavam lendo. Muito menos agora.
Se você olhar para as letras miúdas, verifica-se que você não possui os livros
no seu Kindle. A Amazon os tem.
Isso não parece ser um grande problema prático. Embora a
Amazon possa destruir os livros no Kindle, isso aconteceu apenas em um número
muito pequeno de casos. Ainda assim, esse licenciamento de livros eletrônicos,
em vez de empilhar livros em uma prateleira, alterou nosso senso psicológico de
como nos conectamos com o que lemos - não é mais verdadeiramente
"nosso".
A mudança em nosso relacionamento com objetos físicos não
para por aí. Nós costumávamos comprar DVDs ou fitas de vídeo; agora os
espectadores assistem filmes ou programas de TV com a Netflix. Os amantes da
música costumavam comprar discos compactos; agora o Spotify e o YouTube são
mais usados para ouvir nossas músicas favoritas.
O grande sonho dos adolescentes costumava ser a de ter o
próprio carro. Isso está diminuindo em favor da vida urbana, maior dependência
de transporte de massa, ciclismo, caminhada e, claro, serviços de
compartilhamento de carona como Uber e Cabify.
Cada uma dessas mudanças é benéfica, mas as pessoas estão, lenta,
mas seguramente, perdendo sua conexão com a ideia de propriedade privada. O EUA
baseou-se que, a noção de propriedade dá aos indivíduos uma participação no
sistema. Separou os americanos dos camponeses feudais, ensinou como os direitos
de propriedade e os incentivos operam, e foi uma espécie de treinamento para o
futuro empreendedorismo.
E quanto ao smartphone, esse dispositivo de vida essencial.
Você possui um? Bem, mais ou menos. Quando a Apple decide alterar o software
operacional, mais cedo ou mais tarde você tem que concordar com o que
selecionou. O Gmail deve mudar sua aparência geral e funcionalidade, talvez
para melhor, mas, novamente, eventualmente, essa escolha também não será sua: é
do Google. A própria economia do software estimula a padronização e muda com o
tempo, de modo que você aluga muito do que usa em vez de adquiri-lo. Ao usar o Microsoft
Word, mais cedo ou mais tarde, o contrato terá que ser renovado.
Imagine a “internet das coisas” penetrando cada vez mais em
nossas casas, por meio de serviços como o Alexa da Amazon. Teremos fornos e
termostatos que você definirá com sua voz e um banheiro que periodicamente lhe
dará o equivalente a um check-up médico. Sim, você ainda possuirá o título da
sua casa física, mas a maior parte do valor nessa casa, em essência, será
alugado de empresas externas ou, no caso de concessionárias municipais, do
governo.
Quanto aos smartphones, já está claro que você não tem todo
o direito legal de repará-lo e, de fato, cada vez mais dispositivos são
vendidos aos consumidores sem lhes dar os correspondentes direitos para
consertar ou alterar esses bens e serviços. Os tratores John Deere são vendidos
a fazendeiros com muitos softwares, e os agricultores precisam “hackear” o
trator se quiserem consertá-lo.
Essas são intuições cada vez mais desconectadas da
realidade, e ninguém sabe o que está do outro lado desse experimento social.
A mudança de atitude dos jovens, com menos ligação com a
propriedade e mais com o uso, poderá ter grandes impactos econômicos. Com uma
postura mais pragmática, a de que os bens servem por uma necessidade
temporária, por que então ter a propriedade? Filosoficamente e economicamente,
parece fazer muito sentido. Quanto tempo o carro, a casa da praia, as roupas, e
aparelhos ficam ociosos?
Pensando-se no limite, se todos aderissem a esse novo modelo
instantaneamente, haveria um colapso de demanda enorme, pois todo o estoque
existente seria muito mais que suficiente para atender a demanda.
Marginalmente já está acontecendo, diariamente noto pessoas
aceitando essa nova tendência. Vendem seu carro, ou alugam moradias pelo
AirBnb. Parece que é uma questão de tempo, para que boa parte da demanda seja
afetada por essa nova tendência.
No post salários-estagnados, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ...” O traçado em cinza, é uma formação bem aceitável nesta
situação. Neste caso, o dólar voltaria a negociar por volta de R$ 3,80 para
depois subir. Em contrapartida, o movimento traçado em vermelho, teria como
premissa que, a correção já terminou e o dólar caminharia para romper o nível
máximo anterior de R$ 3,97” ... ...” No
momento, não temos nada a fazer. Existirão duas possibilidades, ou se aguarda
para comprar ao redor de R$ 3,80 com um stoploss a R$ 3,70; ou no rompimento de
R$ 3,97” ...
O mercado se encontra muito perto da opção em vermelho
acima, ou seja de R$ 3,97. Ao se fazer algumas simulações de quais poderiam ser
os objetivos, caso se deseje comprar dólares. Existiriam os seguintes alvos:
1-
R$ 4,00 – retorno de 0,80%
2-
R$ 4,10 (mais provável) – retorno de 3,3%
3-
R$ 4,17 / R$ 4,20 – retorno mínimo de 5,0%
O stoploss mais correto deveria estar colocado a R$ 3,85, o
que implica numa perda potencial, caso seja acionado, de 3,1%.
Não posso dimensionar um trade pelo maior resultado, o
correto neste caso seria utilizar o lucro potencial em 3,3%. Não gostei!
Quando a Dilma ainda era Presidente, e o processo de
impeachment nem havia começado, e o dólar chegou a beirar R$ 4,25, em setembro
de 2015. Agora, não parece ser o caso de uma nova investida acima desse nível,
pois acredito que estamos numa correção maior, aonde em algum momento o dólar
voltaria a cair. Isso, só seria negado, caso ultrapasse essa marca.
Desta forma, o dólar estaria no final do processo de alta, e
qualquer falha em atingir os níveis mais prováveis, iriam comprometer o
resultado desse trade.
Esse é um caso interessante onde existe a opção de um trade,
porém, os resultados não são animadores. Desta forma, só entraria caso o
mercado siga a opção cinza citada no post acima. Como não parece ser esse o
caso, vou permanecer sem posição.
O SP500 fechou a 2.857, com alta de 0,24%; o USDBRL a R$
3,9657, com alta de 1,40%; o EURUSD a € 1,1483, com alta de 0,39%; o ouro a
U$ 1.190, com alta de 0,52%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário