Poucas boias
Ontem participei do evento organizado pelo Banco Credit
Suisse, onde vários gestores de fundos se apresentaram. De uma maneira geral
existe um consenso otimista em relação a bolsa americana, e uma postura
cautelosa em relação aos ativos brasileiros, exceto a SPX, que através de seu
CEO Rogério Xavier, traçou um quadro extremante negativo.
Porém foi na apresentação de Maurício Moura da Ideia Big
Data, onde o interesse se voltou com mais atenção. Comentou sobre a próxima
eleição. Suas principais informações foram bastante elucidativas considerado a curta
distância em que nos encontramos do primeiro turno.
Eu poderia resumir os seguintes pontos: Acredita que teremos
um segundo turno entre Bolsonaro x Haddad, uma vez que, Lula é inelegível;
independente de quem ganhe será por uma pequena parte dos eleitores, haja visto
que, nessa eleição o número de votos brancos, nulos e ausência será recorde.
Assim sendo, não terá grande apoio.
Com isso em vista, e caso o PT ganhe, o mercado vai apostar
numa queda forte dos ativos brasileiros, basta ver o programa desse partido; se
por outro lado for o Bolsonaro, haverá uma trégua de curto prazo a fim de que
se avalie o início do seu governo. Tenho
a impressão que serão mais quatro anos de Muddle
Trough – fazer uma determinada tarefa com dificuldade.
Mas hoje tivemos uma boa notícia, o registro do Lula como
candidato do PT. Essa atitude vai fazer com que o Haddad passe a ser candidato
somente ao redor de 15 de setembro, a menos de 3 semanas das eleições,
atrasando uma eventual transferência de votos. Realmente não entendo a cúpula
do PT que não cortou o seu cordão umbilical. Melhor assim.
Como o Mosca havia
aventado sobre eventuais ajuda de outros países, ontem o Catar decidiu injetar
U$ 15 bilhões na economia turca, demonstrado seu suporte para um aliado, haja
visto que, sua relação com os EUA se deteriorou. Esse suporte se dará através
de investimentos diretos e depósitos.
Esse movimento reflete o fortalecimento econômico e político
entre esses dois países. A Turquia apoiou o Catar no ano passado em uma disputa
diplomática regional que viu quatro outros países árabes imporem um bloqueio
econômico e de viagens a Doha depois de acusarem seu vizinho de fomentar a
agitação na região.
A Alemanha também se movimentou para oferecer ajuda. Angela
Merkel está lembrando o presidente turco, Erdogan, de que ele tem um potencial
aliado em Berlim, oferecendo a credibilidade desse país para evitar um
vazamento de turbulência econômica.
Enquanto Erdogan busca proteger a economia turca de uma
rivalidade com o presidente Donald Trump. Ele e o chanceler alemão, conversaram
por telefone na quarta-feira para marcar uma reunião dos ministros das finanças
de ambos os países. Enquanto Berlim não oferece ajuda, a conversa reflete os
interesses de ambos os lados e a influência da Alemanha como a maior economia
da Europa.
A Alemanha quer que a Turquia evite um colapso financeiro e
não pode permitir que o país caia no caos, de acordo com uma pessoa
familiarizada com o pensamento de Merkel, que pediu para não ser identificada.
Depois que uma guerra de palavras sobre os valores democráticos botou as
relações para baixo, a Alemanha também está fazendo uma abertura ao hospedar
Erdogan para uma visita de estado em 28 de setembro.
"Ninguém tem interesse na desestabilização econômica da
Turquia", disse Merkel em Berlim nesta semana.
A Alemanha, é de longe, o maior parceiro econômico da
Turquia, respondendo por cerca de € 37 bilhões em comércio bilateral no
ano passado, incluindo turistas alemães na Turquia. Mais de 6.500 empresas
alemãs, de propriedade total ou parcial, operam no país.
Esses movimentos fizeram com que a lira turca subisse 20%,
desde a mínima atingida na segunda-feira. Mas isso é suficiente para
tranquilizar os mercados? Não acredito, são apenas algumas boias, insuficientes
para colocar sua economia nos eixos. O próximo gráfico mostra as necessidades
financeiras deste ano e do próximo. U$ 15 bilhões não faz nem cócegas!
Em seguida, seu nível de reservas é extremante baixo para
fazer frente a um eventual resgate total desses compromissos pelos
investidores.
Mas a desvalorização de uma moeda nesta magnitude tem um
impacto na economia interna considerável. Como as importações ficam
extremamente caras, os produtos produzidos internamente ficam extremante
baratos. Uma simulação feita com esses novos parâmetros, mostra uma reversão na
conta corrente do país.
Uma outra comparação interessante apresenta o movimento da
moeda turca contra diversas moedas que passaram por situações semelhantes no
passado, inclusive o Brasil em 1998. Por essa métrica, a lira turca ainda não
atingiu seu mínimo.
Toda crise cambial tem um elemento não contabilizado que é o
risco da poupança interna em moeda local. Os economistas trabalham somente com
os dados existentes de fluxo cambial em suas análises. Mas se tem algo que pode
apavorar qualquer governo é a possibilidade da população pular fora do barco e
comprar moeda estrangeira com suas liras. Não precisa ser todo mundo, basta uma
parcela significativa, e normalmente os mais bem informados. É aí que mora o
perigo, e onde os especuladores miram em suas investidas em países com
características semelhantes a Turquia.
No post bitcoin-da-escassez-para-sem-valor, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ...” o SP500 está bastante próximo de seu recorde histórico
a 2.870” ... ...” Vou calcular quais seriam os objetivos considerando que o
nível de 2.870 seja ultrapassado” ... ...” O primeiro nível seria 3.250, uma
alta de 13% dos níveis atuais, e caso seja ultrapassado, o próximo ponto seria
3.650, uma alta nada desprezível de 27%” ... ...” o SP500 precisa vencer a
barreira dos 2.873 para ser mais preciso, sem recuo. Para frente e para o
alto! ” ...
Passados alguns dias, o SP500 está um pouco abaixo ao que
estava no dia da publicação do post. O motivo principal desse recuo foi a queda
livre da moeda turca, que assustou todos os mercados. As recomendações
continuam as mesmas, é necessário romper o nível de 2.873.
Embora o SP500 está subindo hoje 1%, vou elevar o stoploss
para 2.800. No gráfico abaixo aponto o motivo de meu movimento.
Uma formação denominada de ombro – cabeça – ombro, traçada
em cinza, pode estar se formando. Segundo a análise técnica, nesses casos, se
rompida a linha azul, a bolsa poderia cair. O Target mínimo seria a linha da
hipotenusa do triangulo em formação, levando a bolsa a um nível de 2.700.
Mínimo porque, no limite pode ir a 2.530.
Desta forma, se rompida a região dos 2.800, não quero ficar
comprado torcendo para que a queda seja a menor. Outro fator que me intriga é o
shape traçado em verde, deveria ser
mais convincente. Levando tudo isso em consideração, vamos devagar.
O SP500 fechou a 2.840, com alta de 0,79%; o USDBRL a R$
3,9024, sem variação; o EURUSD a € 1,1371, com alta de 0,25%; e o ouro a
U$ 1.173, sem variação.
Fique ligado!
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