Os Fundamentalistas
Após a publicação da estimativa do PIB americano no 2º
trimestre do ano, ter explodido em 4,1%, o departamento que se ocupa dessa
tarefa recém publicou sua segunda estimativa para o mesmo indicador em 4.2%.
Essa é o maior nível desde 2016, quando ao mesmo tempo, Trump anunciava seu
plano de estímulo fiscal.
A revisão da segunda estimativa de crescimento do PIB,
refletiu principalmente as revisões em alta do investimento das empresas em
produtos de propriedade intelectual, e as revisões para baixo das importações.
Enquanto a maioria dos componentes melhorou, houve um recuo
no consumo pessoal que subiu 3,8%, ante 4,0% na primeira estimativa, e abaixo
dos 3,9% estimados. Mesmo assim, como se pode verificar a seguir, é um resultado
muito positivo.
Os gráficos acima mantem uma grande semelhança e não é por
acaso pois 70% do PIB americano é por conta do consumo.
Alguns economistas projetam um declínio do PIB no futuro por
considerarem esse ritmo atual insustentável, além do impacto no curto prazo do
estimulo fiscal mencionado acima.
Uma grande polêmica atual é sobre a política monetária em
curso pelo FED. O mercado não compra a ideia que os juros terão que subir até o
nível indicado pelos dots publicados
na ata. O principal argumento dessa divergência seria que, a economia americana
encontra-se num ciclo de duração recorde, sendo assim, uma desaceleração seria
esperada em breve, culminado com uma recessão.
Talvez o indicador que é mais crível nesse sentido é a
diferença de juros entre os títulos de 10 anos contra o de 2 anos. 10 entre 10
economistas, acredita que, quando esse diferencial se torna negativo, 12 a 18
meses depois uma recessão se sucede.
Existe alguns dissidentes, mas são minoria, os mesmos criam
outras formas de analisar esse indicador. Mas acredito que não convencem, pois
no passado, a indicação da diferença de juros se mostrou muito assertiva.
Tudo isso passa a ter impacto em suas avaliações sobre a
bolsa americana, afinal, é sabido que, o mercado tende a antecipar os
acontecimentos futuros. Assim, se uma recessão estaria perto, a bolsa deveria
estar caindo e não subindo.
A ilustração a seguir aponta várias manchetes, desde a
grande recessão de 2008, alertando que a bolsa estaria na eminencia de uma
queda.
O mesmo se poderia dizer de alguns analistas que durante um
período semelhante anunciaram problemas para a bolsa, que não se
materializaram.
Mas “teimosamente” o SP500 acabou subindo nesse período, e
na segunda-feira, atingiu nova máxima histórica. O que está errado nas análises
econômicas? Não vou buscar elementos teóricos que justifiquem esses erros,
afinal não sou economista de carteirinha.
Como seguidor das finanças comportamentais aliado a análise técnica,
meus argumentos são diferentes. No caso da bolsa, o fato de haver tantos
elementos de dúvida implica que vários investidores ou estão fora da bolsa ou
tem posição vendida. Um outro argumento bastante relevante foi o movimento de
recompra de ações pelas empresas de forma sistemática nos últimos anos. A
principal razão era que os resultados, aliados a inexistência de grandes
projetos, faziam com que os CEO orientassem a devolução do Capital a seus
acionistas.
Um outro movimento importante aconteceu por conta da
intervenção nos mercados monetários pelos bancos centrais buscando incentivar
suas economias, o que o Mosca denominou
de helicópteros. Parte desses recursos foram canalizados para as bolsas de
valores, como é o caso do BOJ, que detêm mais de 50% dos ETF’s da bolsa
japonesa.
O número de companhias abertas caiu pela metade desde o ano
2000. Eram aproximadamente 8 mil agora são 4 mil. A principal razão foi a
entrada maciça de Fundos de Private Equity que acabaram suprimido a necessidade
de capital para essas empresas, sem que houvesse a necessidade de abrir o seu
capital, e mesmo várias se tornaram privadas.
Esses movimentos de capital tornam a projeção de como a
bolsa irá performar no futuro muito complexa. A projeção do PIB passa a ser
apenas uma das variáveis, e sujeita a erros. Desta forma prefiro a análise
técnica ao invés do fundamento. O comportamento humano tende a extrapolar os
movimentos como se nota de forma recorrente no tempo. Desta forma, é mais
importante para o bolso saber como eles irão se comportar, do que se guiar em
opiniões baseadas nas projeções.
O assunto do dia não poderia ser diferente que não a bolsa
americana. No post quando-torcida-e-contra, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500:
...” o SP500 está bastante próximo de seu recorde histórico a 2.870” ... ...”
Vou calcular quais seriam os objetivos considerando que o nível de 2.870 seja
ultrapassado” ... ...” O primeiro nível seria 3.250, uma alta de 13% dos níveis
atuais, e caso seja ultrapassado, o próximo ponto seria 3.650, uma alta nada
desprezível de 27%” ... ...” o SP500 precisa vencer a barreira dos 2.873 para
ser mais preciso, sem recuo. Para frente e para o alto! ” ...
Agora a barreira está vencida, pelo menos por enquanto. Na
segunda-feira o mercado rompeu com um gap
que é a diferença entre o fechamento de um dia e abertura do próximo. Mais
frequente que não, o mercado tende a revisitar esse nível, antes de prosseguir
a alta.
Na próxima segunda-feira é feriado do dia do trabalho nos
EUA, onde os mercados permanecem fechados. Como em toda parte do mundo, no
período de férias tudo acontece mais devagar. A partir da próxima semana, a
rotina retorna ao normal. Imagino que, diversos investidores que devem ter
acompanhado a bolsa na praia, ficarão excitados. Assim, no dia seguinte -04/09,
poderá ocorrer uma onda de otimismo.
O Mosca já está
posicionado e não pretende alterar o stoploss. Caso aconteça o recuo mencionado
acima, vou estudar aumentar a posição.
Interessante como o nível máximo tem um fator inibidor nas
pessoas. Faça uma pesquisa e pergunte quem entraria num mercado no preço
máximo. A sensação é que, está sendo o último trouxa a entrar. A razão é
simples, como normalmente as pessoas não colocam stoploss, se o mercado
realmente virar, esses investidores não sabem o que fazer. Para o Mosca é somente uma questão de
estabelecer o stoploss, com uma vantagem enorme neste caso, o lucro pode ser
significativo!
Hoje tratei da diferença de posicionamento entre o
fundamentalista e o analista técnico. Lembrem que apenas alguns meses atrás,
tínhamos uma posição vendida no SP500, que foi stopada. Estou quase convicto
que, se o Mosca usasse análise
fundamentalista, estaria agora com raiva pela perda ou até esperando para vender
de novo, afinal para mudar da posição comprada seriam necessários argumentos
para alteração tão radical.
Tudo isso não significa que o mercado não está na eminencia
de virar de direção, pode acontecer tranquilamente. Mas se isso acontecer, o Mosca vai observar e se preciso, mudar
novamente.
Não temos a intenção de projetar o PIB, nem tampouco qual
será a taxa terminal do FED, nosso objetivo e ficar no mercado, na posição que
for, desde que, os indicadores técnicos apontem um bom risco x retorno.
O SP500 fechou a 2.914, com alta de 0,57%; o USDBRL a R$
4,1095, com queda de 0,59%; o EURUSD a € 1,1707, com alta de 0,13%; e o ouro a
U$ 1.206, com alta de 0,45%.
Fique ligado!
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