Na mosca
Já está valendo a nova alíquota imposta pelo EUA aos
produtos chineses, como o Presidente Trump havia anunciando nesta semana. As
negociações continuam nesta sexta-feira e pela reação dos mercados, acreditam que
algum acordo será alcançado.
Nos últimos dias recebi diversos estudos sobre esse tema, procurando
calcular qual seria seu impacto. Alguns deles com grau de detalhe muito grande,
avaliando o impacto em cada setor e no PIB. Dado as incertezas atuais, não sei
qual a utilidade dos mesmos, será que alguém faria mudanças em seu portfólio
considerado essas hipóteses?
A reação pela manhã é mista, as bolsas europeias sobem
enquanto a americana cai, é bem verdade que em pequena magnitude. Já no final
da tarde, o otimismo tomou conta da bolsa americana, que recupera parcela da
semana.
Uma informação que me surpreendeu sobre a China é o quanto
eles pagam de imposto de renda. 82% não pagam nada de imposto, enquanto somente
1% são tributados numa alíquota entre 10% e 15%. Não implantaram ainda o leão
por lá?
É estranho imaginar como eles conseguiam não ter déficit.
Mas parece que eles se ocidentalizaram recentemente, para incentivar a economia
registram déficit substancial em 2019. Eles têm essa arma para combater eventuais
estouros, basta aumentar um pouco o imposto de renda. Qualquer U$1 multiplicado
por 1,3 bilhão de habitantes é muito dinheiro.
Ontem foi publicado a inflação no atacado – PPI, e hoje ao
consumidor – CPI, nos EUA. Ambas ficaram em 2% a.a., exatamente no objetivo do
Fed, na Mosca! Sabem o que isso significa? Nada! Raramente um indicador
econômico fica exatamente no objetivo.
Esse pensamento me remete ao PPP – Purchase, Power, Parity - uma formula matemática que visa calcular
qual é a taxa de câmbio de equilíbrio entre duas moedas. São diversas variáveis
que entram em consideração. Quando comecei a acompanhar os mercados de câmbio
achei que esse número seria de grande valia, quando estivesse caro se deveria
vender essa moeda, e ao contrário comprar. Antes de fazer qualquer besteira,
resolvi analisar um histórico entre as cotações de um determinado par em
confronto com o seu PPP. Para resumir, de uma maneira genérica, eles se
encontravam de 20 em 20 anos. Cheguei a conclusão que não tinha nenhum valor
para trade.
As disparidades na inflação não chegam a tanto, pois se
acontecesse, o banco central perderia toda sua credibilidade. Mas raramente
ficam no objetivo, na melhor das hipóteses próximo dele quando está controlada.
Outro fator interessante na inflação americana é a
disparidade entre os serviços e os bens de consumo, o primeiro anda na casa dos
3% a.a., enquanto o ultimo próximo de 0%. Não pode haver dúvida sobre o impacto
dos produtos importados nessa economia.
Localmente foi publicado o IPCA de abril com alta de 0,57%,
pouco abaixo da expectativa do mercado em 0,62%. Na comparação em 12 meses, a
inflação passou de 4,58% para 4,94%. Segundo a Rosenberg, abril deve
representar a taxa interanual mais elevada de 2019, haja visto a eliminação dos
efeitos da paralisação dos caminhoneiros nos próximos meses.
Dois indicadores que costumo seguir apresentaram resultados
satisfatórios, não causando qualquer tipo de preocupação. Os preços livres,
depois de ter passado grande parte de 2018 muito abaixo da média, agora mais
ajustado com esse indicador; e o índice de difusão, que não apresentou mudança.
Se encontra estabilizado ao redor de 58%.
A herança benigna advinda da inflação mais baixa em 2018
terminou. A inflação registrou pressão crescente nos últimos meses. Os
combustíveis foram um dos elementos que pressionaram os índices nos últimos
meses, e devem permanecer elevado tendo em vista a cotação do óleo nos mercados
internacionais.
Esse aumento temporário da inflação deverá dar margem a
índices bem mais baixos nos próximos meses, e caso a atividade econômica
continue deprimida, é bem provável que o banco central decida diminuir os juros
da SELIC. A conferir!
No post se-não-subir-pode-cair, fiz os seguintes
comentários sobre os juros de 10 anos ... “estou propondo um trade de curto prazo, vendendo os
juros a 2,5% com um stoploss a 2,6%, o objetivo é buscar 2,3%, ou talvez um
pouco menos” ... ... “O trade que estamos envolvidos é de curto prazo e oportunístico,
haja visto que, é contra a tendência de médio prazo” ...
Passados alguns dias, as cotações abriram uma outra
possibilidade de alta, antes que os juros atingissem o nível desejado de 2,3%.
No gráfico a seguir, explicou essa alternativa.
Sem entrar na tecnicidade, a correção que eu projetava,
poderá ter um lance adicional de alta que levaria os juros ao nível de 2,7%
aproximadamente, o que nos tiraria do trade. Em todo caso, a opção anterior
ainda pode prevalecer, bastando que a queda ultrapasse 2,41%.
Com tantas dúvidas pairando no ar e considerado que o trade
tinha pouca margem de manobra, prefiro aguardar sem posição nesse momento.
O SP500 fechou a 2.881, com alta de 0,37%; o USDBRL a R$
3,9491, com alta de 0,10%; o EURUSD a € 1,1230, sem variação; e o ouro a U$
1.285, com alta de 0,16%.
Fique ligado!
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