O Fed quer evitar surpresas



Desde que o Presidente Trump ameaçou a China com a imposição de novas tarifas de importação, além de proibir que empresas americanas façam negócios com a gigante Huawei, o mercado praticamente tem certeza que haverá pelo menos um corte de juros este ano.

Existem duas correntes de economistas com visões distintas: o grupo que acredita uma recessão está por vir, e sendo assim, o Fed deveria cortar os juros; e a outra, que não é tão pessimista, pois os dados econômicos não são maravilhosos, mas estão longe de serem ruins.

O Fed por sua vez, está neutro no curto prazo, pois acredita que os juros estão no lugar certo e não pretende mudar. Quando se trata de inflação, o Federal Reserve parece querer que o mercado espere o inesperado.

Os investidores não preveem pressões de preço ao consumidor a curto prazo. Essa é a mensagem de como a dívida do governo dos EUA está sendo negociada e o valor recorde que acabou de ser retirado do ETF - TIPS Bond, um fundo que detém títulos do Tesouro indexados a inflação.




Este é um problema para os formuladores de políticas do Fed que tentam cumprir seu dever de manter a estabilidade de preços, já que acreditam que as expectativas de inflação são um dos principais impulsionadores da inflação real. E a inflação baixa aumenta a pressão sobre o Fed para cortar as taxas de juros, algo que eles não estão inclinados a fazer no momento.


A ata da reunião de 30 de abril a 1º de maio do Fed, que foi publicada ontem, confirmou que as autoridades concordaram com a descrição de um recente decréscimo na inflação dos EUA como “transitório”. Mas vários membros também sinalizaram “um risco de que as expectativas de inflação se ancorassem muito baixo", um desenvolvimento que poderia dificultar a consecução do objetivo de inflação de 2%, em uma base sustentável a longo prazo.


Como os ganhos de preços ao consumidor estão abaixo ​​da meta de 2% do Fed, em boa parte da década passada, não é de admirar que a inflação ainda não seja um tema importante no mercado.

Uma análise mais a longo prazo sobre os vários componentes da inflação, identificam a pressão exercida pelas despesas de aluguel (Shelter), conforme o gráfico abaixo indica. Se for extraído esse componente, a inflação restante é bastante baixa, ao redor de 1% a.a.




Mas o mercado imobiliário estaria apertado temporariamente ou algo mais estrutural vem acontecendo? A ilustração a seguir aponta para uma redução significativa no lançamento de novas moradias, razão pela qual, os aluguéis permanecem sob pressão.




Sendo assim, se o subitem que está sob pressão deve continuar por um bom tempo, e o restante agora sob risco de preços mais elevados pela imposição de tarifas, e natural que o Fed não esteja confortável com esse cenário de queda de taxas refletido no mercado.

As expectativas de inflação implícitas no mercado caíram ainda mais com as notícias de tarifas adicionais dos EUA e da China, porque os investidores se concentraram no imposto para os consumidores como uma ameaça à economia global, ou seja, um risco de crescimento e não como um risco inflacionário.

Cortar as taxas de juros para combater a inflação constantemente abaixo da meta, deixaria o Fed com menos espaço de manobra com sua arma principal para combater a próxima crise econômica. Pressões de preços subjugadas em todo o mundo também geram temores de que o mundo desenvolvido possa estar à beira de um ciclo vicioso de demanda moderada e crescimento lento.

Por estas razões o Fed não está satisfeito com a aposta de queda de juros do mercado, pois o efeito de uma re-precificação poderia significar uma queda das bolsas. O cenário ideal para a autoridade monetária seria de neutralidade nos juros.

No post contabilizando-o-estrago, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Minha expectativa de curto prazo é para uma recuperação até o intervalo compreendido entre 2.880/2.900, e a partir daí uma queda até o nível indicado acima (2.720). A sugestão de trade seria então uma venda a 2.880 com um stoploss a 2.925” ... O trade foi executado na semana passada. Depois de uma pequena animação ocasionada por algumas declarações e ações do governo americano, que resultou numa pequena melhora nesta semana, hoje voltou a cair colocando o índice próximo da mínima recente de 2.800.


No gráfico acima estão explicitados os níveis do trade em curso, na linha vermelha o stoploss estabelecido, e na linha cor vinho, o objetivo segundo as hipóteses de mais longo prazo explicado no post abaixo.

1)      Continuidade – Esse é o caso básico do trade proposto, uma queda até o nível de 2.720 para em seguida voltar a subir;
2)      Triangulo – Neste caso, não haveria reversão no nível acima, e a bolsa continuaria até 2.650/2.580, para completar uma perna do zig- zag, para em seguida voltar a subir, mas ainda contida no triângulo.
3)      Mais preocupante – Se o SP500 cair abaixo de 2.580 e principalmente 2.350, a mínima atingida em dezembro de 2018. Nesse caso, podermos estar entrando num mercado de baixa mais extenso.

Para que nosso trade ganhe tração, é necessário que o nível de 2.800 seja rompido, caso isso aconteça, vou subir o stoploss para o nível de entrada desse trade 2.880. 

O SP500 fechou a 2.822, com queda de 1,19%; o USDBRL a R$ 4,0367, sem variação; o EURUSD a 1,1181, com alta de 0,24%; e o ouro a U$ 1.283, com alta de 0,78%.

Fique ligado!

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