O BCB está arriscando
Já começam a ser publicado, alguns artigos elaborados por
economistas, alertando que a economia brasileira pode estar na eminência de uma
depressão. Esse estado econômico é definido pelo Wikipédia como “consiste num
longo período caracterizado por numerosas falências de empresas, crescimento
anormal do desemprego elevado, escassez de crédito, baixos níveis
de produção e investimento, redução das transações comerciais, alta
volatilidade do câmbio, com deflação ou hiperinflação e crise de confiança
generalizada. A depressão é mais severa que a recessão, a qual é
considerada como uma fase declinante normal do ciclo econômico”.
“Uma regra usual para se definir a depressão é a redução
drástica (cerca de 10% do PIB), ou uma prolongada recessão (três ou quatro
anos) “
Eu marquei os sintomas que já são observados em nossa
economia. Mas certamente não estamos em depressão pois o PIB cresce pouco, mas
cresce. Entretanto, em se continuando o atual cenário existe uma chance de
adentrarmos nesse quadro.
O BCB passou por uma mudança de comando recentemente, e a
nova equipe tem demonstrando um conservadorismo excessivo. Uma das armas que
existem para combater uma desaceleração econômica é a política monetária,
porém, o banco central, tem demonstrado não estar disposta a diminuir os juros
no momento. Um motivo principal seria a necessidade de aprovação da Reforma da
Previdência. A alta da inflação nos últimos meses, também deve ser um motivo de
sua preocupação.
Hoje foi publicado o IPCA -15 que variou 0,35% em maio,
abaixo da expectativa do mercado em 0,41%, e arrefecendo perante abril quando
variou 0,72%. A taxa de doze meses subiu de 4,71% para 4,93, o que já era
amplamente esperado.
Segundo a Rosenberg três movimentos são relevantes em 2019: “(i) o preço dos combustíveis reverteu
movimento de queda observado no final de 2018, passando a pressionar os preços
nos últimos meses, se mantendo em patamar elevado no começo do segundo
trimestre; (ii) por conta de efeitos climáticos, o preço dos alimentos sofreu
pressão no primeiro trimestre, com destaque para os itens in natura e os
feijões - tal movimento começou a se dissipar em abril e registra deflação em
maio, com expectativa de continuidade da queda no curto prazo; (iii) sofrendo
influência dos choques citados acima, as diversas medidas de núcleo indicam
elevação no curto prazo, não obstante, seguem orbitando o intervalo inferior do
regime de metas do Banco Central (herança benigna da inflação mais baixa dos
últimos anos e da anêmica atividade econômica)”.
Os dois indicadores favoritos do Mosca continuam dentro da normalidade. Os preços livres com ligeira
alta para 4,3%, e o índice de difusão estável ao redor de 57%.
Para o índice fechado do mês, a Rosenberg projeta uma taxa mensal
de 0,20%, com uma previsão de 4% para 2019.
O leitor poderia se perguntar qual é a diferença de baixar
os juros já ou esperar a aprovação da Reforma da Previdência. A resposta é que
economia não é uma ciência exata, a expectativa também faz parte do modelo,
sendo assim, se nesse meio termo os indicadores continuarem piorando, mais
empresas passarão por dificuldade aumentando a inadimplência, fazendo com que
os bancos limitem a concessão de crédito, levando a um ciclo vicioso.
O economista Luis Paulo Rosenberg explicita de forma
figurativa a diferença da política monetária quando uma economia está aquecida
ou deprimida. Se você amarra um boi com uma corda, e ele está arisco, você
consegue segurar sempre, nem que tenha que colocar 10 pessoas, já no caso
inverso, se está largado, pode deixar a corda totalmente frouxa que ele não se
mexe. E assim que funciona também na economia, basta ver o que ocorre no Japão.
Além disso, o efeito do movimento dos juros, tem um efeito defasado
de 9 meses. Sendo assim, já estaríamos
no segundo semestre de 2020, na melhor das hipóteses. Isso sem contar, que pode
ser tarde demais, o que poderia induzir uma taxa real de juros negativa - SELIC
a 4% a.a.- 3% a.a.?
Ser conservador nem sempre é bom. Não vejo porque o BCB não
devesse arriscar agora, diminuindo os juros. Se a reforma não passar ou alguma
coisa de ruim acontecer, volta a subir, qual seria o problema?
Ontem foram publicados os PMI dos EUA e os resultados foram
muito ruins, consequência das mediadas adotadas pelos americanos na Guerra
Comercial.
Veja os comentários de Chris Wiiliamson, economista chefe da
Markit "O crescimento da atividade comercial desacelerou drasticamente em
maio, à medida que as preocupações da guerra comercial aumentaram e a incerteza
derrubou ainda mais o crescimento dos livros e a confiança dos
empresários"
“Um declínio no PMI para o menor nível durante três anos
empurra os dados da pesquisa para um nível historicamente consistente com o PIB
crescendo a uma taxa anualizada de apenas 1,2% em maio. Pior ainda pode estar
por vir, pois os ingressos de novos negócios mostraram o menor aumento visto
deste lado da crise financeira global. A confiança das empresas, entretanto,
caiu para o menor nível desde, pelo menos, 2012, fazendo com que as empresas
apertassem os cintos, principalmente no que diz respeito à contratação. O
crescimento do emprego em maio foi o mais fraco visto por mais de dois anos”.
Nada animador. Acredito que o Presidente Trump não tem ideia
do estrago que ele poderá causar na economia mundial e americana. Todo o parque
industrial foi construído durante décadas considerado a maneira mais eficiente
de se produzir. Com essas novas alíquotas, as decisões podem ser bem
diferentes, e pior, está levando a batalha para o campo político.
No post china-no-raio-x, argumentei as razões que me
fizeram abandonar um trade que se mostrou lucrativo: ... “poderia entrar de novo no trade com uma
pequena diferença no nível que sai. Mas não me motiva. Poderia advogar que o
juro pode ir para os dois lados, com uma maior inclinação para a queda. Se esse
último for o caso, estaríamos bem próximo, de onde pretendia zerar a posição –
2,30%, o que iria gerar um retorno de 0,70%. É muito pouco, prefiro esperar
oportunidades melhores” ...
Agora Inês é morta! Nesta semana a taxa atingiu a mínima de
2,29%, exatamente onde eu teria zerado a posição. O que fazer daqui em diante?
No gráfico de mais longo prazo apresento a opção que considero mais
interessante.
O próximo movimento deverá ser de alta dos juros, desde de
que, a área apontada no gráfico acima em vermelho não seja rompida. Nesse caso,
o juro deveria subir até 2.75% - 2.90%. Esse movimento deve ter a duração de
alguns meses.
Com esses parâmetros na mão o Mosca poderia sugerir um trade para alta de juros, com um stoploss
a 2,25%, apresentando um bom risco x retorno. Ocorre que, alguns outros fatores
técnicos sugerem uma possível continuidade do movimento de queda até 2%. Embora
as condições sejam favoráveis em termos de risco, do ponto de vista técnico não
é convincente. Se algum leitor quiser arriscar não sou contra, mas prefiro
aguardar mais evidencias.
O recado mais importante que se pode tirar sobre esse
mercado, é que, não ficaria vendido – aposta que o juro continua caindo. Mas se
mesmo assim deseja continuar vendido, colocaria um stoploss muito curto.
O SP500 fechou a 2.826, com queda de 0,14%; o USDBRL a R$
4,0172, com queda de 0,53%; o EURUSD a € 1,1206, com alta de 0,24%; e o ouro a
U$ 1.284, com alta de 0,12%.
Fique ligado!
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