Contabilizando o estrago
Acredito que por um bom tempo a bola da vez será o embate
entre USA e China. Também não poderia ser diferente, se as duas maiores
economias do mundo têm grande desavenças, qualquer solução terá impacto nas
outras. O Presidente Trump resolveu dar uma colher de chá ontem no final do
pregão, quando postou um tweet dizendo que “está sentindo que um acordo será
muito bem-sucedido”. Isso deu um alento ao mercado.
Me desculpe, mas acho que os trades acreditam, ou querem
acreditar em Papai Noel. Se existe algo que se pode inferir desses dois anos e
meio de governo é que Trump não merece a menor credibilidade nas suas palavras.
Além do mais, está “sentindo”? Come on!
Nunca acreditei muito na competência do Presidente
americano, sua vida profissional foi repleta de falhas, pediu quatro vezes
concordata. Uma vez, tudo bem, mas quatro! Por outro lado, é inegável um outro
tipo de competência, a de convencer os bancos que agora será diferente e que
aprendeu com os erros. Desta forma conseguiu novos empréstimos.
Ontem as bolsas de valores caíram ao redor do mundo, gerando
bilhões de dólares de perdas.
É interessante que os investidores têm preferido alocar em
ações em outros mercados que não o americano, essa preferência tem como destino
maior a Ásia. O gráfico a seguir aponta para o resgate nos fundos ETF mesmo antes
da queda atual. Notem também que, ainda é um movimento errático, sem uma
definição clara de tendência.
Desde 2018 a bolas americana se deslocou das bolsas
mundiais, talvez o movimento acima seja uma realocação por parte dos
investidores que acreditam que a bolsa americana ficou cara em relação a de
outros países.
Alguns analistas calcularam qual seria o impacto na inflação
americana caso a elevação de alíquotas se torne definitiva. Na ilustração a
seguir, se pode notar que, na pior hipótese, a inflação seria impactada em 1%
durante um ano. Não é pouca coisa.
De forma antagônica, o mercado acredita que o Fed terá que
cortar os juros em 2019. A Razão para tal movimento seria motivado pela queda
das bolsas, o que faria com que o Fed tomasse medida nesse sentido. Os juros
têm atuado como o ante térmico do mercado quando as bolsas caem. Será que vai funcionar
sempre?
Agora na minha opinião melhor são as tabelas construídas
como a que se encontra a seguir. Uma listagem com todas as quedas da bolsa
contendo a máxima, mínima, % do declínio, e o fator que ocasionou. No final
qual foi a media considerando todos esses eventos. Eu me pergunto, qual a
utilidade dessa informação, será que alguém acompanha a primeira linha e compara
com a última e raciocina “ Ah, no máximo a bolsa pode cair mais 4,5%, isso eu
aguento”. Fora isso, não vejo outra utilidade que não seja curiosidade. E aos
que acreditam no raciocínio acima, lamento informar que não existe garantia de
nada.
Tenho enfatizado que o mercado carrega uma posição comprada
em dólar, e em contrapartida vendida em diversas moedas do G7. Essa situação se
mantem por diversos meses. Porém algo de novo surgiu nessa estatística, além do
G7, o real tem numa posição muito vendida pelos hedges funds estrangeiros. Isso
pode ser um bom sinal, caso o movimento de alta do dólar reverta.
No post sem-expectativas, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ...
“Essa queda foi suficiente para originar uma correção na bolsa, cujos níveis
estão indicados no gráfico a seguir. O primeiro patamar seria ao redor de
2.810, que caso seja rompido, levaria o índice para 2.720” ...
Com os movimentos dos últimos dias, acredito que uma
oportunidade de trade pode surgir nos próximos dias. Na verdade, minha aposta
se concentra na segunda hipótese acima onde espero que o SP500 atinja 2.720,
conforme detalhado no gráfico a seguir.
Minha expectativa de curto prazo é para uma recuperação até
o intervalo compreendido entre 2.880/2.900, e a partir daí uma queda até o
nível indicado acima (2.720). A sugestão de trade seria então uma venda a 2.880
com um stoploss a 2.925. Sendo assim, uma perda de 1,5% para um potencial ganho
de 5,5%.
O Mosca de forma
pragmática tem 3 cenários para o SP500 com uma visão de mais longo prazo;
1)
Continuidade – Esse é o caso básico do trade
proposto, uma queda até o nível de 2.720 para em seguida voltar a subir;
2)
Triangulo – Neste caso, não haveria reversão no
nível acima, e a bolsa continuaria até 2.650/2.580, para completar uma perna do
zig zag (veja abaixo), para em seguida voltar a subir, mas ainda contida no
triângulo.
3)
Mais preocupante – Se o SP500 cair abaixo de
2.580 e principalmente 2.350, a mínima atingida em dezembro de 2018. Nesse
caso, podermos estar entrando num mercado de baixa mais extenso.
Por enquanto ficamos com a opção 1) ou 2) como mais
prováveis e não sinto necessidade de me aprofundar na hipótese 3), pelo menos
no momento.
O SP500 fechou a 2.834, com alta de 0,80%; o USDBRL a R$
3,9746, com queda de 0,15%; o EURUSD a € 1,1203, com queda de 0,23%; e o ouro
a U$ 1.296, com queda de 0,22%.
Fique ligado!
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