Sem expectativas
Passados mais de 100 dias do novo governo brasileiro, a
realidade se impõe as esperanças. Durante esse período notou se um governo com
políticas muito dispares dependendo do Ministério em questão. Do lado econômico
é indiscutível que temos um time de primeira linha, onde Paulo Guedes é seu
comandante, já na área social representes muito aquém do desejável e com
políticas muito retrogradas.
O relacionamento com o legislativo tem sido muito
conturbado. Considerando a necessidade premente de aprovação para a Reforma da
Previdência, parece que esse poder não conversa com o executivo. Imagino que
Bolsonaro tenha receio de ser considerado como sendo do esquema antigo, caso
tenha que fazer um acordo com o centrão. Mas que outra alternativa lhe resta? Mais
dia menos dia, terá que conversar com esse grupo caso queira que seu governo
não termine antes de começar.
Os empresários recuaram de seu entusiasmo inicial e agora em
compasso de espera aguardam a aprovação da Reforma da Previdência. Por sinal,
estou um preocupado, pois parece que todos as fichas estão nessa aprovação. Não
existe mais nada a fazer e ser aprovado?
Os dados econômicos vêm refletindo recentemente este quadro
de estagnação. Por exemplo, a produção Industrial apresentou uma evolução
negativa quando comparada a do ano anterior, que já tinha sido ruim.
O setor de serviços que compõe a maior parcela do PIB,
exibiu um PMI abaixo de 50 que corresponde a uma contração, depois de ter
atingindo um índice mais elevado no início do ano.
Já não bastasse esses problemas internos, o mundo se
encontra numa recuperação bastante modesta, e que sofre intervenções como a do
Presidente Trump neste final de semana, criando insegurança nos empresários e
consumidores. Mas essas ações geram micro benefícios, onde o setor de soja
brasileiro foi beneficiado. No gráfico a seguir, vejam como nossas exportações
à China substituíram a importação dos americanos.
Esse movimento tornou o Brasil o principal parceiro da China
em suas importações. Será isso bom ou ruim? Eu particularmente não gosto de
depender em demasia de ninguém!
Se esse aumento é bom de um lado, os preços dos grãos nos
mercados internacionais estão entre os mais baixos de toda serie histórica.
Como se pode notar a seguir, hoje representam quase a metade do que era em
2015.
Na melhor das hipóteses teríamos a aprovação da Reforma da
Previdência no 2º semestre deste ano, até lá assistiremos cenas de chantagens
dos políticos periodicamente, desidratando o projeto original. Por outro lado,
o cenário externo encontra-se cheio de incertezas, complicando ainda mais o
ambiente para novos investimentos em infraestrutura, tão necessários.
Com esse pano de fundo não me surpreenderia se o banco
central promovesse um corte da taxa SELIC, não que isso possa solucionar, mas
certamente alivia temporariamente esse período sem expectativas.
Como venho reforçando nos últimos tempos, não recomendo o
investimento em ativos indexados ao CDI, mesmo que ofereça taxas aparentemente
vantajosas. Por exemplo, ainda que seja liquida, se a SELIC se reduzir em 0,5%,
o juro de um investimento, que remunera em CDI + 1% a.a., será de 7% a.a.,
enquanto um papel indexado ao IPCA deverá render 8,5% a.a. (IPCA = 4,0% + Juros
= 4,3% a.a.).
No post desafiando-os-pessimistas, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ...
“No próximo gráfico mostro os níveis onde poderia acontecer uma reversão
parcial da alta. Notem que um deles contempla os preços atuais, o outro ao
redor de 2.960 e por último 3.020” ...
Novamente o SP500 buscou romper a máxima, porém com as
trapalhadas do Trump retornou, caracterizando como um false break. Essa queda
foi suficiente para originar uma correção na bolsa, cujos níveis estão
indicados no gráfico a seguir. O primeiro patamar seria ao redor de 2.810, que
caso seja rompido, levaria o índice para 2.720.
Como é de conhecimento dos leitores, não estou trabalhando
com uma mudança de direção para o SP500, o que não posso saber no momento, é
como essa correção mais ampla vai se desenvolver. No post tchutchuca, tracei uma das possibilidades como sendo a de um triângulo: ...” Triângulo
normal ou “deformado” – Na figura a seguir, tracei o contorno dessas duas
possibilidades. A diferença entre elas, é que o ponto máximo da alta em
andamento se daria em dois níveis distintos: a normal muito próximo dos níveis
atuais, diria ~ 2.900; a “deformada” o nível máximo poderia atingir ~3.050” ...
Será que estamos entrando nesse cenário? Muito cedo para
dizer, mas poderemos saber em breve. Com essa indefinição em mente, não faz sentido
nenhuma posição no momento, assim como evitei comprar no rompimento na semana
passada. Sabe a razão, eu que eu tive um insight do Trump que iria chutar o pau
da barraca! Hahaha ...
O SP500 fechou a 2.884, com queda de 1,65%; o USDBRL a R$
3,97, com alta de 0,33%; o EURUSD a € 1,1190, sem variação; e o ouro a U$ 1.284,
com alta de 0,33%.
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