Desafiando os pessimistas
Ontem a bolsa americana atingiu um novo recorde histórico,
desafiando diversos analistas que previam uma queda importante. É
impressionante como em poucos meses, o SP500 subiu com pujança. Hoje vou
comentar tecnicamente sobre esse ativo mais à frente. Mas qual foi o triger
para essa reviravolta? A mudança do Fed, que há 6 meses dizia que os juros subiriam
até atingir sua projeção ao redor de 3% a.a.
Aos meus leitores, confesso que tenho muita dificuldade em
entender que diferença faz o juro num nível de 2,5% como é hoje, para 3%. Esses
50 pontos são suficientes para o mercado mudar da agua para o vinho (e dos
bons!)? Mas o mercado não entendeu desta forma, é verdade que uma boa parte
esperava, ou espera, um corte mais adiante, embora houve uma retração nessa
expectativa conforme mostra o gráfico a seguir.
Um relatório publicado pela Goldman Sachs enfatiza que o Fed
perdeu sua supremacia em previsões. Os
ativos de risco estão reagindo mais fortemente aos choques monetários
agressivos do Federal Reserve nos últimos anos, de acordo com esse banco. O
motivo, ironicamente, é que o Fed está perdendo sua vantagem de previsão.
A relativa vantagem preditiva do Fed em relação aos
economistas privados declinou nos últimos anos, à medida que a maior qualidade
e quantidade de previsores torna mais difícil para qualquer um, incluindo os
funcionários do Fed, vencer a “sabedoria da multidão”. Isso também significa
que, depois de choques monetários agressivos, como um aumento inesperado da
taxa ou uma indicação de taxas mais altas, os mercados tendem a reagir mais
negativamente e as previsões de crescimento de consenso, nessa nova fase,
diminuem.
"O declínio dos efeitos da informação talvez seja uma
razão adicional para que os mercados financeiros pareçam mais reativos à política
do Fed nos últimos tempos", segundo a Goldman. “Sem grandes efeitos de
informação, o mercado de ações deve reagir mais negativamente aos choques
monetários agressivos. Encontramos fortes evidências disso”.
O Fed mudou significativamente seu tom nos últimos meses,
suavizando-se ligeiramente depois de uma alta em dezembro que ajudou a
alimentar um colapso do mercado, fazendo um pivô pleno ao longo dos meses
seguintes, enquanto autoridades expressavam preocupação com dados econômicos.
Em março, as projeções de taxa do banco central alimentaram as preocupações com
a recessão. O próximo movimento de taxa pode ser para cima ou para baixo, mas é
provável que haja uma tendência a não se mexer nos juros.
"A principal conclusão das recentes decisões políticas
do Fed é que a política monetária será mais acomodativa e apoiará o
crescimento. Isso não significa que o Fed tenha sugerido algo negativo sobre as
perspectivas, que os participantes do mercado atualmente não conhecem".
Me parece que esses argumentos da Goldman são bastante
esclarecedores, pois no passado, um recuo do Fed como o observado recentemente,
seria interpretado como uma ameaça, o Fed estaria enxergando algo que e o
mercado não. As bolsas nessa situação tenderiam a cair. Porém não foi o que se
observou, o mercado interpretou que a autoridade monetária estava adotando uma
postura menos agressiva nos juros.
Existem, entretanto, alguns estudos que apontam uma elevada
probabilidade de ocorrer uma recessão daqui a 2 anos – veja a seguir. Mas como esse prazo é ainda longo, e a
conclusão incerta, seguiram em frente com o que se observa no curto prazo. Um
crescimento razoável ao redor de 2% a.a. sem inflação. O seja, o que os
analistas denominam de Goldilocks – a economia não está nem muito quente nem
muito fria.
Por último, outro fator que os investidores fundamentalistas
acompanham é o nível de P/L. Embora os resultados que estão sendo divulgados neste
mês não sejam de todo maravilhoso, não são horríveis. A figura a seguir é muito
ilustrativa, nela podemos observar que o P/L se encontra ao redor de 17, não é
barato, mas não é caro. Se as empresas crescerem, se justifica uma alta do
SP500.
Agora para saber se a bolsa continua subindo daqui em
diante, veja os comentários técnicos a seguir.
No post dale, diz os seguintes comentários sobre o
SP500: ... “No
próximo gráfico mostro os níveis onde poderia acontecer uma reversão parcial da
alta. Notem que um deles contempla os preços atuais, o outro ao redor de 2.960
e por último 3.020, onde esse último é o mais provável” ... ... “o que deveria
acontecer quando a reversão começar. Pois é, não posso dar nenhuma indicação de
quanto seria esse retrocesso, pois vai depender em qual dos cenários descritos
acima a bolsa estará evoluindo” ...
- David, tenho uma
dúvida. Você sempre advoga que, num rompimento de alta, se deve comprar. Não
seria esse o caso?
Na teoria você está certo, nesse caso vejamos: Primeiro
temos que aguardar para verificar se esse rompimento não é um false break; depois vamos imaginar que a
bolsa atinja o nível de 3.020, nosso ganho seria de 3%, nada muito maravilhoso,
considerando um determinado stoploss. Sendo assim, não parece uma grande
oportunidade.
Mas seu questionamento me fez refletir numa outra
possibilidade: E se a bolsa passar batido o nível de 3.020? Aí sim, estaria
perdendo uma boa oportunidade. Como acredito que o nível de rompimento será
revisitado nos próximos dias, mesmo que a bolsa suba, vou analisar essa
hipótese – de compra.
Mas vocês podem verificar que não sugeri, nem indico uma
venda. Por enquanto, a discussão é quando comprar. Isso mantem minha previsão de
médio prazo que a bolsa americana é de alta.
Estou publicando um gráfico de longo prazo onde se pode
notar que, a bolsa americana apresentou apenas alguns sustos no meio do caminho,
nos últimos 10 anos. Bastante diferente do período entre 2000 e 2008, quando
será que vai acontecer algo semelhante?
Como o passado já é morto, vamos trabalhar daqui em diante e
por enquanto o mercado indica alta. Será que algum dia o Ibovespa vai poder
apresentar resultados semelhantes? Nem precisaria ser igual! Deixo a resposta a
cada um.
O SP500 fechou a 2.927, com queda de 0,22%; o USDBRL a R$
3,9855, com alta de 1,68%; o EURUSD a € 1,1160, com queda de 0,60%; e o ouro
a U$ 1.275, com alta de 0,28%.
Fique ligado!
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