Carregamento de posição
Com poucas notícias no front vou aproveitar para abordar um
assunto de interesse dos leitores, embora imagino que, parte conheça o assunto.
Em inglês, se denomina carry trade, a
ação de investir num pais distinto do seu, cujos títulos tem juros superiores ao
de seu país.
Essa matéria não nos interessava no passado, pois como a
taxa de juros no Brasil era muitíssimo superior à de outros países, não valia
nem fazer a conta, o negócio era ficar aqui em reais. Tanto é verdade que, alguns
estudos calcularam que um investimento no Brasil multiplicou por 10, num período de 10 anos. Em outras palavras, se U$ 1 fosse
investido no Brasil em reais, rendendo CDI, terminado um período de 10 anos,
esse investidor teria U$ 10.
No post de hoje, vou indicar como fazer esta conta, neste
tipo de operação, e em seguida, algumas das oportunidades que os investidores identificaram
recentemente.
Vamos imaginar hipoteticamente que dois países tem a
seguinte estrutura de juros:
País A – juros de 10% a.a.
País B – juros de 1% a.a.
Um investimento feito nos países A e B terão rendimento de
acordo com a formula a seguir:
RA = CA * (1 + ia) ^ n RB = CB * (1+ ib) ^ n
Onde: Onde:
n = prazo da operação n = prazo da operação
CA =
Capital investido na moeda A CB = Capital
investido na moeda B
Ia =
taxa de juros do país A ib = taxa de juros do país B
RA =
Valor ao final do prazo n RB = Valor ao final do prazo n
Num prazo de um ano, se o valor investido em cada moeda for
de 100,00 o RA seria de 110,00, enquanto o RB = 101,00. Se a taxa de cambio
permanecer inalterada, um habitante do país B que trocou sua moeda para A, e investiu
por 1 ano retornando a seu país de origem, obteve um ganho real de G = 8,9%
(110,00/101,00), e reciprocamente, se alguém do pais B, fizesse ao contrário,
perderia esse mesmo percentual.
Como a taxa de câmbio não é fixa, quanto maior a depreciação
da moeda A em relação à moeda B, menor será o rendimento do primeiro
investidor. O ponto de equilíbrio neste caso seria uma desvalorização de 8,9%.
Acima deste percentual perde, abaixo ganha.
Do ponto de vista macroeconômico poderia rechear de
fundamentos esse exemplo, explicações do porque o diferencial de juros teria
que ser compensado na taxa de câmbio entre ambos, em função da inflação de cada
país. Mas esse não é objetivo deste post.
Por outro lado, se essas condições perdurarem num prazo
longo, por exemplo 5 anos, a taxa de câmbio de equilíbrio seria 53%. Sendo
assim, muitos investidores fazem essa aposta, acreditando que, o risco de 53%
de desvalorização só acontece em situações extremas.
É esse tipo de operação que se denomina carry trade, que nada mais é que, aplicar num país onde os juros
são maiores em relação as taxas de seu país. Recentemente, com o recuo de
vários bancos centrais em suas expectativas de aumento de juros, esse fluxo se
elevou para os países emergentes.
Os mercados emergentes são um alvo popular para os traders
de carry, porque eles geralmente
oferecem rendimentos muito superiores aos encontrados nos países em
desenvolvimento.
Por exemplo, a taxa de depósito de três meses da Turquia,
que os traders usam para calcular retornos sobre carry trades, está em 28% a.a., enquanto a da Rússia 7,9% a.a. A
taxa análoga nos EUA é de cerca de 2,6% a.a.
Um investidor que contrai um empréstimo em dólares e compra ativos
na Turquia espera obter um rendimento de mais de 25% a.a. ao longo de três
meses, sem contabilizar as movimentações nas moedas subjacentes e os custos de
transação.
As expectativas de que as taxas de juros provavelmente não
subirão tornaram as moedas de mercados emergentes de alto rendimento mais
atraentes. Enquanto isso, um período calmo nos mercados, permitiu que os
investidores coletassem rendimento, sem se preocupar em perder ganhos com
flutuações cambiais desfavoráveis.
Os carry trades
podem sair pela culatra se os mercados ficarem difíceis, às vezes eliminam
semanas de ganhos em um único pregão, como o caso da lira turca, que caiu
durante o mês passado, embora tenha recuperado algumas das suas perdas. Os
altos rendimentos da Argentina foram prejudicados pela queda constante do peso.
Muitos investidores estão observando sinais de que o
crescimento continuará a cair, apesar dos esforços dos bancos centrais para
conter a desaceleração, um desenvolvimento que provavelmente levaria muitos a
posições perdedoras em ativos mais arriscados.
Até agora, os sinais foram mistos: os dados industriais para
a China e EUA melhoraram em março e as contratações nos EUA se recuperaram após
uma fraca apresentação em fevereiro.
Um risco aparte é a recuperação do desempenho econômico dos
EUA que reforça o argumento para o Fed apertar novamente a política monetária.
Taxas de juros mais altas tendem a prejudicar o fascínio dos ativos de mercados
emergentes, ao mesmo tempo que, dificulta os países com dívidas denominadas em
dólar, no serviço de seus empréstimos.
Para os mercados emergentes, o ponto ideal está em algum
lugar no meio.
Esse é um tipo de operação que requer uma certa
familiaridade com o mercado de câmbio, além de se estar consciente desse risco.
Nós aqui no Brasil, o juro praticado é ainda bastante elevado, mesmo com as
quedas da taxa SELIC no último ano. Agora se você fosse um poupador Japonês, e
faz 20 anos que recebe uma miséria de juros, não arriscaria investir em outros
países? Foi o que eles fizeram e ainda fazem! Mais recentemente, os europeus se
juntaram a esse grupo.
No post a-china-anima-o-mercado, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ... ” Sugiro que seja vendido dólar ao nível de R$ 3,94 com
stoploss a R$ 4,01. Acredito que a queda poderia contemplar dois objetivos: um
mais “econômico” ao redor de R$ 3,60 (Caso A); e outro mais “gordo” onde denoto
uma área possível entre R$ 3,50 e R$ 3,35 (Caso B) ” ...
Com Tchutchuca para cá, Tchutchuca para lá, o dólar
praticamente não se mexeu na última semana. Isso poderia ser um sinal de
fortalecimento de nossa moeda. Vou ajustar levemente o ponto de entrada para R$
3,90, por outro lado, caso o dólar recue abaixo de R$ 3,82, é provável que esse
trade não será executado, e como consequência considerem cancelado.
Na figura acima apontei os dois objetivos mais prováveis
para a queda do dólar, o primeiro ao redor de R$ 3,65/3,60 e o segundo a R$
3,50. Agora só falta combinar com os São Paulinos que derrotaram o Palmeiras na
disputa de pênaltis. Podemos confiar num time que estava caindo pelas tabelas e
adquiriu uma sobre vida? Para dizer a verdade, qual time brasileiro enche
nossos olhos? Melhor continuar combinado com os Russos, como sugeriu Garrincha!
Hahaha ....
O SP500 fechou a 2.895, com alta de 0,10%; o USDBRL a R$
3,8485, com queda de 0,63%; o EURUSD a € 1,1260, com alta de 0,42%; e o ouro a
U$ 1.297, com alta de 0,47%.
Fique ligado!
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