Tchutchuca!



Já dizia a frase “filho de peixe peixinho é”. Ontem o deputado Zeca Dirceu, filho de José Dirceu baixou o nível na Câmera dos Deputados, em secção da CCJ. Usando um termo chulo, chamou o Ministro Paulo Guedes de parecer um “tchutchuca” com os milionários. Acredito que a intenção desse político foi atingida, a de tumultuar a secção provocando Guedes, que é conhecido pelo seu pavio curto. Acho que ele até que foi respeitoso, respondendo que “Tchutchuca era a mãe”, talvez eu em seu lugar mandaria o deputado para PQP!

Mas podemos ficar surpresos? Acredito que não, esse tipo de atitude de políticos brasileiros, espelha em grande parte a sua qualificação. Esse é o espectro de quem nos representa. Mas talvez o recado mais importante que o bate-boca acarretou, é que o governo não tem articulação política, e se pretende passar matérias que dependam de aprovação, terão que fazer alianças com os partidos. Caso contrário, situações como as de ontem, se repetirão, membros do governo sendo metralhados pelos políticos.

Temos que aceitar que para o Brasil virar um país sério vai demorar muito tempo. E talvez isso não aconteça!

Foram publicados alguns dados da Europa que amenizam um pouco os receios surgidos na semana passada, com a divulgação dos PMI de manufatura. Conforme aponta o Deutsche Bank no gráfico a seguir, isso poderia implicar uma nova rodada de ações pelo ECB.


Porém, os dados referentes ao setor de serviços, abalizam noutro sentido. O gráfico a seguir, que compõem todos os países da região do euro, apontam para uma melhora, inclusive acima das expectativas, desde o início de 2019.


A próxima ilustração dá uma ideia melhor do distanciamento entre esses dois indicadores, bem como o efeito combinado do ponto de vista econômico. É provável que o efeito observado na manufatura está relacionado com os efeitos da disputa comercial entre EUA x China, aliado a desaceleração observada no mercado de automóveis.


E por último, as vendas ao varejo na zona do euro, também se aparentam bem mais saudáveis que se poderia esperar. Essa é a razão que alguns economistas enxergam que a Europa já passou pelo seu pior momento. Tomara!


Estão preparados para o 4º cenário da Gavekal? Tomem um gole de agua, ou um café, antes de ler.

Cenário 4: Estamos entrando em uma depressão secundária: No século XIX deflacionista, os economistas frequentemente falavam de depressões ”. Naquela época, o motor da economia - mais do que o consumo - foi o investimento. Isso nunca foi mais verdadeiro do que durante o boom da ferrovia dos anos 1870. Conforme as ferrovias foram construídas, as economias sofreram um boom massivo. A demanda por aço, cimento, cobre e carvão simplesmente decolou. Esta demanda levou a aumentos maciços de capacidade, em parte porque havia uma demanda “dupla” por muitos desses produtos.

Considere o aço: primeiro, havia uma enorme demanda de usuário final por aço para construir todas as novas máquinas e infraestrutura. Em segundo lugar, houve grande demanda para o aço da própria indústria do aço, que para atender a demanda desse insumo, construiu novas fábricas e atender a toda a demanda do usuário final. Como resultado, quando o usuário final finalmente estabilizou, ou pior ainda começou a cair, a indústria siderúrgica encontrou-se com excesso de capacidade maciça. Isso levou a um colapso nos lucros, para falências e economias em crise. Isso foi o que os economistas da época chamariam de "depressão primária".

Invariavelmente, após a “fase de liquidação” desencadeada pela depressão primária, depois de algum tempo (geralmente de dois a três anos) as economias afetadas se equilibraram, e os mercados se recuperariam. Infelizmente, essas expectativas provaram ser falsas, pela constatação que, a demanda final por aço (carvão, cobre e cimento) estavam agora em declínio estrutural. Assim, a atividade entrou no que os economistas do século 19 chamavam de "depressão secundária". Na média, essa situação perdurou por cerca de 10 anos. Por exemplo, os EUA entraram em uma depressão primária em 1873, e só saiu de sua depressão secundária em 1896.

Avançando para hoje: nos últimos 20 anos, a China passou pelo maior boom de gastos de capital na história. Como resultado, não devemos suspeitar que a Indústria de "investimento de capital" pode ter se sobrepujado?

E não devemos também nos preocupar que os países que alimentaram o boom de capital e gastos na China, se beneficiaram dele - a própria China, mas também a Alemanha, Coreia do Sul e talvez Austrália - e agora terão que lidar com as consequências da rolagem nos gastos de capital chineses? Com isso em mente, poderíamos estar vendo o início de uma depressão primária em países como a Alemanha? E se assim for, não deveríamos estar preocupados que, caso seja esse o caso, os bancos europeus já estão numa posição precária.

Um dos indicadores de deflação, que gostamos de seguir, é o relativo desempenho dos bancos. Quando um país entra em colapso deflacionário, os bancos tendem a se sair pior do que qualquer outra classe de ativos, apenas porque os bancos tendem a se posicionarem alavancados na atividade econômica e na inflação dos preços dos ativos. Com isso em mente, achamos particularmente alarmante que, desde 26 de janeiro de 2018, as ações de bancos da zona do euro caiu -36%, e está agora em um nível crítico tecnicamente.

A recente deterioração do valor das ações de bancos europeus aumenta o questionamento se a política do Fed foi impulsionada por (i) pressão da Casa Branca, talvez em uma tentativa de garantir um segundo “Acordo de Plaza” com a China, (Ii) ou, a recente atenuação dos dados de crescimento e inflação globais, ou (iii) a possibilidade de um acidente financeiro na Europa. Claro, poderia ser todos os três. Mas o fato continua a ser que, as ações dos bancos europeus estão agora em um momento crítico. Ou elas se recuperam daqui, ou os investidores precisam começar a precificar as probabilidades de algum tipo de cataclismo bancário na zona do euro.

As consequências do cenário # 4: Se estamos entrando em uma depressão secundária, centrado em um declínio estrutural nos gastos de capital, então obviamente os investidores devem evitar o setor financeiro, ações cíclicas e qualquer ação de elevado beta. Em vez disso, as carteiras devem ser focadas em estratégias de rendimento.

E não devemos cometer erros: uma depressão secundária agora seria especialmente assustador porque iria se desdobrar com taxas de juros em, ou perto de, registrar níveis baixos, déficits orçamentários em quase todos os lugares já elevados, e dívida do governo na maioria dos países atingindo novos máximos. Claro, qualquer desaceleração significativa será satisfeita por mais do mesmo: mais banco central liberando dinheiro fácil (alguém falou na volta dos helicópteros?), e mais dívida do governo. Embora, infelizmente, pareça que os efeitos multiplicadores de tais políticas não são tão fortes quanto os formuladores de políticas tinha esperado.

A visão da Gavekal sobre o cenário # 4: uma depressão secundária é o cenário mais baixista de todos, e seria a principal razão para possuir títulos do governo hoje. Claramente, estamos em uma encruzilhada: se os dados econômicos continuarem a se deteriorar, e se as finanças continuarem a ter um desempenho abaixo do esperado, então a chance desse cenário aumentará acentuadamente. Mas isso nos traria de volta aos nossos “quatro preços que importam". Se uma depressão secundária se desdobrar, os spreads dos títulos privados aumentariam significativamente, e (embora isso seja menos certo), o dólar americano poderia cair (à medida que o Fed afrouxou a política, e o déficit orçamentário dos EUA aumentou ainda mais). Até agora, nenhum dos dois está acontecendo - embora ambos os preços devam ser monitorados de perto.

No post desconectado-do-trabalho, fiz os seguintes comentários sobre o SP500 para justificar liquidar a posição comprada neste mercado: ... “Não gostei! É estranho um profissional que usa análise técnica usar um argumento tão qualitativo. Mas não estou satisfeito com os movimentos desses últimos dias. Fiquei na dúvida, e nessas situações prefiro sair do mercado, razão pela qual, estou zerando nossa posição, praticamente sem prejuízo (2.822)” Sim e não, me explico

A mais simples de responder é o sim, pois caso não tivesse feito nada, nosso stoploss seria ativado de qualquer modo a 2.800, no dia seguinte. O não merece uma reflexão maior, pois deveria ter talvez não entrado no trade se estava receoso. Mas pouco importa agora, vamos em frente.

O SP500 passou de forma “clássica” pelo nível de 2.800 – 2.830, rompeu e voltou para dar seu último beijo, conforme enfatizo no gráfico abaixo.


O movimento de correção que eu estava esperando antes, acabou não acontecendo, ou na melhor das hipóteses foi mínimo. Esse cenário incerto do ponto de vista técnico, talvez seja o principal motivo que me fez sair do mercado. Vou repetir a seguir as duas possibilidades que considero mais prováveis.

Triangulo normal ou “deformado” – Na figura a seguir, tracei o contorno dessas duas possibilidades. A diferença entre elas, é que o ponto máximo da alta em andamento se daria em dois níveis distintos: a normal muito próximo dos níveis atuais, diria ~ 2.900; a “deformada” o nível máximo poderia atingir ~3.050. Em ambos os casos uma queda se sucederia em seguida, levando o índice a 2.650 (a ser melhor calculado). Esse movimento geraria uma perda de 10% no primeiro caso e 15% no segundo – nada trivial.

Só queria fazer uma ressalva em relação a nomenclatura que usei, triângulo “deformado”, é para enfatizar aos leitores que não conhecem a teoria de Elliot Wave, na verdade o nome correto é expanded triangle.


O céu é o limite – Vocês não acreditaram nesse nome, não é? Jamais o Mosca indicaria isso, ao contrário, nunca é o limite, e bem antes disso. Usei só para dar ênfase. No gráfico a seguir de longo prazo, anotei o primeiro objetivo para a bolsa americana de 3.700, uma alta de 29%. Caso o índice não se satisfaça com essa alta o próximo objetivo seria 4.600, nada mais nada menos que 60%. Tudo isso deveria levaria tempo, algo para 2020/2021.


Queria chamar a atenção para um comportamento que ocorreu desde 2009. A bolsa americana, passou 2 períodos de consolidação, seguidos por altas em momento seguintes. Veja a seguir essa característica.


Ninguém tem a resposta e somente observando o mercado poderemos saber se algum destes cenários, ou outro, vai ocorrer. O que parece claro, é que, se acontecer a opção “o céu é o limite”, o cenário apresentado hoje da Gavekal não vai acontecer. Seria ótimo! Let´s the market speak!

Nós temos um trade para vender Ibovespa a 97.200. Fiquei novamente em dúvida com o movimento de hoje. Sendo assim, vou cancelar essa venda e aguardar melhores confirmações.

O SP500 fechou a 2.879, com alta de 0,20%; o USDBRL a R$ 3,8564, com queda de 0,35%; o EURUSD a 1,1221, com queda de 0,10%; e o ouro a U$ 1.292, sem variação.

Fique ligado!

Comentários