A China anima o mercado
No começo do mês são publicados os PMIs de diversos países.
Naturalmente a atenção se volta para os maiores, principalmente em momentos de
tanta indefinição. Neste sentido, nada poderia animar mais que um resultado
positivo advindo da China. E foi isso que aconteceu, os dados de março indicam
que a mínima aconteceu (pelo menos por agora) em fevereiro. O resultado pode ser visto no gráfico abaixo
que ficou em 50.5 quando se esperava 49.6.
Esse resultado foi visto pelo mercado como duplamente
favorável, primeiro ficou acima de 50, o que indica expansão; e segundo, acima
das expectativas dos analistas, apresentando o maior ganho mensal desde 2014.
Isso por si só, fez com que os investidores ficassem otimistas. Numa avalanche
de ameaças de recessão, impulsionou as bolsas de valores ao redor do mundo.
Então podemos ficar tranquilos? Não aconselho, ou melhor nem
a Gavekal. Os leitores do Mosca sabem
meu apreço por essa empresa, que produz material único sobre economia, com
visões muito diferenciadas.
Tive acesso a um relatório recente, onde os principais
executivos elaboram 5 cenários alternativos para a economia mundial, do qual,
pretendo apresentar cada um deles durante essa semana.
O acesso ao trabalho da Gavekal é bastante caro, somente
poucos investidores podem arcar com esses custos. Sendo assim, suas
recomendações têm que ser frutíferas, para justificar esse preço. Agora, se
eles, que são muito bem pagos pelos seus clientes, tem tantas dúvidas do que
poderá acontecer com a economia mundial, imaginem nós!
Cenário 1: Não existe freio
A primeira possibilidade - ao contrário do que os dados
sugerem - é que não existe nada agindo como um freio na economia global, e que
a recente suavidade nos dados é apenas ruído. Até certo ponto, esta é a mensagem
que está sendo enviada pelos mercados acionários globais, que continuaram a se
recuperar diante de dados econômicos mais fracos e revisão dos lucros das
empresas.
As consequências do cenário # 1: se este for
realmente o caso, e a recente suavidade econômica prova ser nada mais do que
uma “pausa que refresca”, então os ganhos acumulados no ano em títulos do
governo em todo o mundo, poderiam desaparece ainda mais rápido do que
aparentavam (*). Afinal, se o crescimento não está mais se deteriorando, por
que alguns dos US $ 10 trilhões do total de dívida de governo, com rendimentos
negativos, deveriam permanecer assim? Então, igualmente como as curvas de
juros, que sofreram uma queda maciça nos últimos meses, a constatação de que o
crescimento não está em colapso deve desencadear um aumento acentuado súbito de
rendimento.
(*) – Quando
a taxa de juros cai, os detentores de títulos realizam ganhos. Em outras
palavras, se um investidor compra um título com taxa de 3% a.a., e passado um
tempo, o mercado precifica em 2,5% a.a., um ganho é realizado para adequar
nesta nova taxa de mercado, para o período remanescente até o seu vencimento.
Visão da Gavekal do cenário # 1: a mensagem dos mercados
de ações globais é muito poderosa. E há alguns sinais de apoio - os preços do
cobre, o relativo baixo desempenho de não-cíclicos - que o crescimento está
atrasado. Além disso, a evidência anedótica continua sugerindo que as economias
estão crescendo em conjunto. Então, esse cenário "sem freio" não
pode ser descartado. Em vez disso, a maneira mais fácil de posicionar portfólios
para esse cenário pode ser a comprar ações de bancos que se encontram
extremamente desvalorizadas. Afinal, se o crescimento global não vai
desmoronar, e se os rendimentos dos títulos longos terminaram seu ciclo de
queda, então talvez devêssemos olhar para uma repetição do que aconteceu no
meio de 2017, com o setor financeiro, mais uma vez, experimentando um curto momento
de gloria.
Infelizmente, as coisas podem não ser tão simples assim…
Coincidentemente, com os dados publicados hoje pela China,
dão um certo alento ao cenário relatado acima. Lógico que é apenas um dado, não
sendo suficiente para garantir que essa é a opção mais provável.
Como mencionei acima, esta semana vocês terão acesso aos
outros cenários, onde nem todos são tão tranquilizadores.
No post desta-vez-e-diferente, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ...” O gráfico atualizado a seguir, aponta os possíveis
pontos onde poderia ocorrer a reversão, bem como, a região onde ficarei
desconfiado que a correção já pode ter terminado” ...
As cotações chegaram a máxima de R$ 4,01 situando-se
exatamente na região que o Mosca apontou.
Incrível essa análise técnica! Daqui em diante, as chances de queda do dólar se
elevaram, o que me inclina a propor um trade de venda, sob determinadas
condições, explanadas a seguir.
Sugiro que seja vendido dólar ao nível de R$ 3,94 com
stoploss a R$ 4,01. Acredito que a queda poderia contemplar dois objetivos: um
mais “econômico” ao redor de R$ 3,60 (Caso A); e outro mais “gordo” onde denoto
uma área possível entre R$ 3,50 e R$ 3,35 (Caso B).
Amanhã vou comentar sobre o Ibovespa. No post isso-e-juros, propus um trade de venda do Ibovespa ... ” Sugiro uma venda do Ibovespa a 97.000, com
um stoploss a 99.000” ... Uma análise mais detalhada identifiquei
uma outra hipótese que poderia levar o índice a novas altas agora. Sendo assim,
sugiro que cancelem a venda até que possam ter minhas ideias amanhã.
O SP500 fechou a 2.867, com alta de 1,16%; o USDBRL a R$
3,8511, com queda de 1,68%; o EURUSD a € 1,1213, sem alteração; e o ouro a U$
1.287, com queda de 0,35%.
Fique ligado!
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