Você confia na previsões dos economistas?



Durante minha vida profissional presenciei inúmeras vezes mudanças radicais das previsões feitas por economistas. Costumo dizer que os economistas trocam de opinião como eu troco de camisa, sem o menor constrangimento. Mas a culpa é deles ou de quem segue seus conselhos?

Todos sabemos que o futuro é incerto, sendo assim, qualquer previsão está sujeita a correções. Acontece que, como os investidores via de regra não são especialistas em economia, tendem a seguir seus conselhos, acreditando que o que dizem é bíblia. Tenham isso em mente quando estiverem lendo algum relatório sobre o assunto. Queria reforçar que não tenho nada contra a classe, ao contrário, tenho vários amigos e profissionais que respeito, mas as pessoas tendem a enxerga-los como Gurus, e isso é perigoso.

O assunto mais debatido nos dias atuais é se estamos ou não perto de uma recessão. O Mosca não tem opinião formada, por sinal, os gráficos não indicam esse cenário no momento. Mas não sei dizer com convicção. Consigo enxergar vários sintomas que podem nos deixar preocupados, bem como outros, não apontando nessa direção. Lógico que eu não gostaria que acontecesse. Assim, não posso negar uma certa dose de torcida, é isso não é bom.

A Bloomberg realiza pesquisa com vários economistas de forma corriqueira. Com esses dados, buscou analisar se existe alguma correlação entre a disparidade de previsões apontada nessa pesquisa, com um período de recessão.

Os EUA mergulharão em recessão em algum momento no próximo ano? Os economistas discordam cada vez mais sobre o que vai acontecer - e isso em si pode ser um sinal ameaçador.

Todo mês, a Bloomberg pesquisa dezenas de economistas - de bancos, empresas de pesquisa, universidades - sobre as perspectivas para os EUA. Em média, eles esperam que a economia cresça 2,2% durante os próximos 12 meses, ajustada pela inflação. Dito isto, houve muita variação, particularmente no lado negativo: as previsões variaram de um crescimento de 3,2% para uma contração de 0,8%. Veja a seguir:


Variação pode importar. Em 2007, uma pesquisa semelhante do Wall Street Journal, notou que, embora os economistas não fossem muito bons em prever recessões, eles tendiam a discordar mais quando uma era iminente. Isso foi o que aconteceu antes das desacelerações de 1990 e 2001, e o que aconteceu antes de 2008. Não é um indicador perfeito e pode aumentar sem prenunciar nada, mas vale a pena observar.

O que estaria acontecendo agora? Para avaliar, juntou-se os dados da pesquisa da Bloomberg no final de cada trimestre, para ver o quanto os economistas discordavam. Especificamente, calculou-se o desvio padrão - uma medida de divergência em relação à média - das previsões de crescimento nos próximos 12 meses. Sobre os dados mais recentes, esse parâmetro ficou em 0,76 %, a maior dispersão desde 2012, quando a Europa ainda estava imersa na crise da dívida. Aqui está um gráfico (infelizmente, os dados não voltam antes da última recessão):


O nível de discordância faz sentido: com variáveis como a política comercial de Donald Trump, o Brexit, as perspectivas de crescimento da China, a dívida corporativa arriscada e uma curva de juros invertida em jogo, é particularmente difícil adivinhar o que pode acontecer. O que quer que torne os economistas indecisos também pode ser o que leva a economia a uma queda.

É natural que esse trabalho de certa forma simplista não é um alerta de que uma recessão está por vir. Afinal, é um estudo empírico e não uma tese acadêmica. Por outro lado, aponta que quando existe muita divergência deve-se ficar mais alerta.

Por outro lado, com toda essa insegurança, alguns ativos apresentam volatilidade na contramão dessa observação. Seria natural se supor que, se uma recessão está por vir, os investidores buscariam refúgio em porto seguro, onde o dólar se encaixa. Esse é um movimento que aconteceu no passado, mas que eu particularmente acredito que no futuro não deve acontecer, a do dólar se valorizar nestas situações. Bem esse é um assunto complexo e como não deve acontecer no médio prazo, fica somente um alerta. Voltando ao assunto original, vejam a seguir a volatilidade do dólar, a mais baixa que eu presenciei – 5% a.a. é muitíssimo baixo.


Para complementar as curiosidades que não combinam com uma recessão. A Armaco empresa petrolífera da Arábia Saudita, resolveu testar o mercado lançando um programa para captar, em títulos de renda fixa, U$ 10 bilhões nos mercados internacionais. As ofertas até agora de manhã totalizavam U$ 100 bilhões.

Tudo bem que essa empresa tenha um lucro de U$ 110 bilhões por ano, esse é um fator que influencia o volume estupendo, mas não se pode esquecer que, o país onde ela se localiza, é emergente e sujeito a muitas críticas. A venda de títulos está intimamente ligada à visão do príncipe saudita Mohammed bin Salman de abrir a economia do reino do deserto para o resto do mundo. O que certamente enfurecerá as elites liberais do mundo, pela indignação com a morte de Jamal Khashoggi, o jornalista do consulado saudita em Istambul. No ano passado.

E aqui está o auge da ironia: a conferência de Riad em outubro, apelidada de “Davos no deserto”, foi boicotada por vários líderes empresariais importantes - incluindo Jamie Dimon, o chefe do JPMorgan Chase, que agora lidera a venda de títulos da Aramco.

No post fed-esta-de-espectador, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “suspendi o trade de venda do Ibovespa para que eu pudesse discutir as opções. Conforme mostrado no gráfico a seguir, existem duas possibilidades para o próximo movimento. A primeira de que, depois de completar mais uma pequena alta, entre 97 mil e 98,5 mil, a bolsa deveria seguir uma nova queda, levando esse indicador para o nível de 88 mil, podendo ser mais baixo” ... ...” Mas também existe a hipótese do Ibovespa continuar subindo ultrapassando a máxima atingida de 100.400. Valem então, o objetivo que eu tinha observado anteriormente, ao redor de 108.000” ...


Mas o que teria feito o Mosca recuar em sua sugestão? Para poder melhor apresentar a dúvida, vou me utilizar de gráficos de curtíssimo prazo, 1 hora. Quero enfatizar que, analises com essa janela, podem confundir o quadro de mais longo prazo, porém auxiliam em alguns casos. Vou separar em duas apreciações para auxiliar a compreensão.

Caso de baixa: Em vermelho se encontra a configuração de uma correção clássica dentro da teoria de Elliot Wave, onde estaria próximo (ou já acontecendo) o início da onda C (em laranja). Com essa premissa, s de um zig zag (não é a única!), o mercado teria atingido meu nível de venda antes estabelecido. A confirmação se daria com mais ênfase abaixo de 94 mil.


Caso de alta: Nesse caso a correção teria terminado no final de março, e em seguida, um novo movimento de alta estaria se formando. Para que essa opção ganhe mais chance, é necessário ultrapassar o nível de 99,5 mil.


O leitor poderá concluir que entre 94 mil e 99,5 mil, as duas opções são viáveis, somente o rompimento de uma delas, no daria melhores indicações do movimento subsequente.

- David, alguma preferência?
Estava desconfiando que você iria me perguntar, ou será que tenho inside information? Hahaha .... Minha preferência será baseada em dois argumentos que não fornecem confiança para operar: até o momento, o que se observa, o mais provável é o caso de queda, segundo que existe uma tendência de querer “estar certo”, sendo assim, o meu primeiro call, me traria um certo conforto – péssimo argumento, mas humano.

O melhor é esperar os próximos dias para ter uma visão mais clara. Fiquem atentos nos próximos pois posso sugerir um trade no Ibovespa.

O SP500 fechou a 2.878, com queda de 0,61%; o USDBRL a R$ 3,8545, com alta de 0,16%; o EURUSD a 1,1263, sem variação; e o ouro a U$ 1.303, com alta de 0,52%.

Fique ligado!

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