As aparências enganam



A publicação do PIB americano poderia dar a impressão que a economia americana está bombando, afinal 3,2% de crescimento no 1º trimestre não é para qualquer país (vamos aguardar o nosso). Observando à primeira vista essa seria a conclusão mais natural. Leve-se em consideração que, nesse período, houve a paralisação das agências do governo, um inverno muito rígido, a incerteza sobre a política comercial com a China, bem como a desaceleração do crescimento global.


Mas os detalhes apontam para algumas questões. A taxa de crescimento mais forte do que o esperado foi impulsionado por uma forte recuperação na taxa de exportações, que subiu 3,7%, um salto nos gastos do governo estadual e local e um maior investimento em estoques privados. Esses ganhos foram parcialmente compensados por uma menor taxa de gastos de consumidores e empresas.

Os gastos do consumidor, que representam dois terços do produto interno bruto, moderaram-se para uma taxa de 1,2% no primeiro trimestre. Isso marcou um recuo do quarto trimestre, quando os gastos do consumidor subiram a um ritmo de 2,5%. Os americanos controlaram os gastos com itens caros como veículos e seus gastos moderados em serviços.

Os dados do Departamento de Comércio ofereceram evidências de demanda corporativa sólida, mas não acelerada. Investimento fixo não-residencial - que reflete os gastos de negócios em software, pesquisa e desenvolvimento, equipamentos e estruturas - cresceu a uma taxa de 2,7%.

Um fator que impulsionou o crescimento foi a redução do déficit comercial. O ritmo das exportações americanas continuou a subir no primeiro trimestre, enquanto a taxa de importações caiu, com os americanos cortando as compras de produtos estrangeiros.

As exportações líquidas adicionaram 1,03 ponto percentual à taxa de crescimento do PIB de 3,2% no trimestre. Esse foi o maior impulso para o crescimento da categoria desde o segundo trimestre do ano passado.

Outra categoria volátil, o investimento em estoques, impulsionou o crescimento no primeiro trimestre. O Departamento de Comércio informou que, os estoques não-comerciais, acrescentaram 0,67 % ao crescimento de janeiro a março, também o maior aumento desde o terceiro trimestre do ano passado.

O setor de habitação foi um obstáculo para o crescimento no início de 2019, com os investimentos residenciais caindo a um ritmo anual de 2,8%, marcando o quinto trimestre consecutivo de queda.

Os gastos gerais do governo subiram a uma taxa anual de 2,4% no primeiro trimestre. Enquanto os gastos do governo federal ficaram estáveis, os gastos estaduais e locais aumentaram a uma taxa anual de 3,9%. O Departamento de Comércio citou uma reviravolta nos investimentos, principalmente na construção de rodovias e ruas.

Em um sinal potencialmente alarmante para os formuladores de políticas do Federal Reserve, a medida da inflação global caiu em comparação com o trimestre anterior. O índice de preços para despesas com consumo pessoal aumentou 0,6% no primeiro trimestre, comparado a 1,5% no último trimestre de 2018. Os preços básicos - que excluem alimentos e energia - subiram a uma taxa de 1,3%. É importante notar que, o Fed utiliza esse indicador para estabelecer sua política monetária.

Qual a conclusão que se pode tirar sobre esses dados: A economia americana está bem longe de se imaginar que esteja à beira de uma recessão, mas não tão bem como o resultado de 3,2% possa parecer, pois esse resultado se deveu a uma elevação de estoques que serão reduzidos, diminuindo o crescimento a frente; distorção na balança comercial por uma redução mais forte nas importações oriunda da guerra comercial que se trava; por último a inflação sendo mais baixa, “infla” um pouco o resultado do PIB, que é deflacionado por esse indicador.

Os mercados reagiram a contento com essas premissas, pois caso contrário, a bolsa estaria subindo mais, além da valorização do dólar se aprofundar. Não foi o que aconteceu na parte da manhã. Resumo da opera: bom!

O índice de surpresa publicado pelo Citibank não está tão bom. As estimativas dos dados econômicos publicados, comparados com a expectativa dos economistas, atingiu um nível muito baixo. No gráfico a seguir, mostra a relação entre esse indicador e a evolução da bolsa. No primeiro, em 2016, apresentou uma forte correlação, agora quase que inversa. Será que a alta do SP500 esta semana foi um false break?


No post bolha-de-patrimônio, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” teria que saber é se, o movimento de queda iniciado em outubro, terminou ou ainda existe chance de novas mínimas no curto prazo” ... ... “eu diria que o máximo que se poderia “aceitar” de correção seria 2,60%” ... ... “Não ultrapassando, não existe garantias que a queda não possa começar daqui a pouco” ...


E foi exatamente no nível de 2,60% que houve uma reversão nas taxas -vocês não acham que o mercado de bonds americano segue o Mosca! Hahahaha .... Em função disso, estou propondo um trade de curto prazo, vendendo os juros a 2,5% com um stoploss a 2,6%, o objetivo é buscar 2,3%, ou talvez um pouco menos.

Embora esse trade seja contra o movimento que espero no longo prazo – alta de juros, vamos tentando trades oportunísticos a fim de aproveitar movimentos menores em mercados com pouca volatilidade. Dançando conforme a música.


O SP500 fechou a 2.939, com alta de 0,46%; o USDBRL a R$ 3,9303, com queda de 0,57%; o EURUSD a 1,1145, com alta de 0,15%; e o ouro a U$ 1,285, com alta de 0,67%.

Fique ligado!

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