A experiencia conta



Alguns economistas vêm sugerindo uma nova teoria monetária que pode ter consequências desagradáveis. O acrônimo usado é MMT – Modern Monetary Theory, que de moderno parece não ter nada. Um artigo publicado por Sebastian Edwards, professor da UCLA, lembra o desastre ocorrido em países da América Latina que se utilizaram da expansão fiscal através da emissão de moeda.

De acordo com os defensores do MMT, o Federal Reserve dos EUA deve imprimir grandes quantias de dinheiro para financiar projetos massivos de infraestrutura pública, juntamente com um programa de "garantia de emprego" destinado a afiançar o pleno emprego. Um grande aumento na dívida do setor público, alegam os patrocinadores do MMT, não representa um perigo para um país que pode tomar empréstimos em sua própria moeda, como os Estados Unidos podem.

Essa visão não convencional tem sido criticada tanto por keynesianos quanto por monetaristas. Muitos respeitados economistas acadêmicos, incluindo Paul Krugman, Kenneth Rogoff e Larry Summers, dizem que o MMT faz pouco sentido.

Em resposta, os defensores do MMT argumentam que os críticos da teoria não entendem completamente como funciona uma economia monetária moderna. De acordo com influentes defensores do MMT, como Stephanie Kelton, os governos em países com moeda nacional própria, como os EUA, não enfrentam restrições orçamentárias rígidas porque podem simplesmente imprimir mais dinheiro para financiar despesas mais altas.

Avaliar os méritos do MMT é difícil, por duas razões. Para começar, seus apoiadores não forneceram uma descrição unificada e detalhada de como o modelo deve funcionar. Como Krugman escreveu recentemente, os apoiadores do MMT "tendem a não ter certeza sobre quais são exatamente suas diferenças com as visões convencionais, e também têm o forte hábito de dispensar qualquer tentativa de entender o que estão dizendo." Os partidários não deram a menor ideia de como a política poderia funcionar na prática, especialmente a médio e longo prazo.

No entanto, a abordagem não é sem precedentes. O MMT, ou alguma versão dele, foi testado em vários países da América Latina, incluindo Chile, Argentina, Brasil, Equador, Nicarágua, Peru e Venezuela. Todos tinham sua própria moeda no momento. Além disso, seus governos - quase todos populistas - se basearam em argumentos semelhantes aos usados ​​pelos partidários do MMT de hoje para justificar enormes aumentos nas despesas públicas financiadas pelo banco central. E todos esses experimentos levaram a uma inflação descontrolada, desvalorizações monetárias enormes e declínios precipitados nos salários reais.

As autoridades reagiram impondo controles de preços e salários e rígidas políticas protecionistas. Mas os controles não funcionaram e a produção e o emprego acabaram em colapso. Pior ainda, em três desses quatro países, os salários ajustados pela inflação caíram acentuadamente durante o experimento do tipo MMT. Nos períodos em questão, os salários reais diminuíram 39% no Chile, 41% no Peru e mais de 50% na Venezuela - prejudicando os pobres e a classe média.

Em cada caso, o banco central era controlado por políticos, com resultados previsíveis. No Chile, a oferta de moeda cresceu 360% apenas em 1973, ajudando a financiar um déficit orçamentário equivalente a surpreendentes 24% do PIB. No Peru, em 1989, o crescimento monetário foi de 7.000% e o déficit fiscal excedeu 10% do PIB. Na Argentina, em 2015, o déficit foi de 6% do PIB, com a taxa anual de criação de moeda ultrapassando 40%. E a Venezuela atualmente tem um déficit de 32% do PIB, com a oferta monetária estimada crescendo a uma taxa anual de mais de 1.000%.

À medida que a inflação aumentava nesses países, as pessoas reduziam enormemente suas posses em moeda. Mas como os governos exigiam que os impostos fossem pagos em moeda local, isso não desaparecia completamente. Em vez disso, a velocidade com que o dinheiro mudou de mãos - o que os economistas chamam de "velocidade de circulação" - aumentou dramaticamente. Ninguém queria estar segurando papel-moeda que perdesse 20% ou mais de seu valor todo mês.

Quando a demanda por dinheiro entra em colapso, ampliam-se os efeitos do crescimento monetário sobre a inflação e se desenvolve um círculo vicioso. Uma consequência seria é que, a moeda se desvaloriza rapidamente nos mercados internacionais. Apoiadores do MMT convenientemente ignoram o simples fato de que a demanda por moeda local diminui drasticamente quando seu valor cai. No entanto, esta é talvez uma das maiores fraquezas da teoria e uma que torna extremamente arriscado para qualquer país implementar.

A experiência da América Latina deve servir como um aviso claro para os entusiastas do MMT de hoje. Em vários países, e em épocas muito diferentes, as expansões fiscais que foram financiadas pela impressão de dinheiro resultaram em uma perda incontrolável de estabilidade econômica. As ideias de política económica são frequentemente tão perigosas na prática como são falhas na teoria. O MMT pode ser um exemplo disso.

Para os leitores do Mosca mais experientes devem se lembrar dos anos 80 no Brasil quando a inflação atingiu níveis muito elevados, e como nesses momentos a população empobrece. No caso americano essa situação nunca ocorreu, pois, o Fed não é comandado pelo governo, é independente, e com um mandato bastante claro em termos de inflação.

Alguns candidatos americanos estão sugerindo uma adoção deste modelo. Conhecido o perfil dos diretores do Fed acredito que seria muito improvável sua aplicação. Talvez seja apenas argumentos eleitoreiros sem utilidade prática. Mas se por acaso, isso acontecer, o dólar vai se esborrachar!

No post vai-piorar-antes-de-melhorar, fiz os seguintes comentários sobe o dólar: ... “O dólar continuou com o mesmo tipo de comportamento esta semana, anotado acima, e embora, somente acima de R$ 4,22 altero minha perspectiva, e natural que, caso nosso stoploss seja acionado, as chances pendem em favor de novas altas do dólar” ...


E acabou acontecendo o que eu desconfiava, fomos stopados a R$ 4,05. Como frisei acima, somente teria uma postura de apostar a favor do dólar acima de R$ 4,22. Mas seria isso uma teimosia (não entrar apostando na alta do dólar) ou existe algum motivo?  Se fosse observar o que o Presidente Bolsonaro está fazendo, apostaria contra o real. Eu não esperava muito dele no cargo, mas tenho que confessar que não esperava tão pouco, ou pior, tão ruim. Hoje, está difícil de enxergar como o país poderá seguir. O motivo da minha indagação é mais técnico, explico a seguir.


Conforme indiquei na figura acima, a alta que começou em fevereiro, não tem características de um movimento direcional, é possível considerar com uma correção que depois de atingido o patamar ao redor de R$ 4,20, inicie uma queda que levaria até R$ 3,60.

Ao projetar essa hipótese fiquei na dúvida se deveria propor um trade caso aconteça. Ainda estou dividido, sendo assim, vou aguardar os próximos dias para definir qual será a postura do Mosca e principalmente da forma como o dólar vai chegar, se chegar é claro. Aguardem os próximos dias.

O SP500 fechou a 2.840, com queda de 0,67%; o USDBRL a R$ 4,1018, sem alteração; o EURUSD a 1,1166, sem alteração; e o ouro a U$ 1.277, sem alteração.

Fique ligado!

Comentários