O bitcoin serve para que?
Nas últimas semanas as crypto moedas tiveram um desempenho
importante num mundo com baixo retorno. Desde o início de 2019, o bitcoin subiu
160%, nada mal! Mas qual seria a razão? Não parece ter nada muito importante
que justificasse tal performance, a não ser o fato de ter caído muito.
O seu inventor tinha como principal objetivo criar uma moeda
que pudesse proteger as pessoas de eventuais loucuras feitas pelos bancos
centrais. Talvez naquele momento, muito se falava na substituição do dólar como
moeda de troca. Mas esse temor não acontece nos dias de hoje. Com taxas de
juros extremamente baixas o risco de desvalorização expressiva de uma moeda é
pequeno.
Naturalmente existem exceções como a Venezuela, além de países
que controlam a compra de moeda estrangeira pela população como ocorre na
China. Nesses casos, o bitcoin serve bastante para criar uma porta de saída,
fora do controle das autoridades locais. Como se poderia fazer isso? Um cidadão
compra bitcoins com pesos venezuelanos e depois, troca por dólares. Para
executar essa operação é necessária uma conta no exterior, para receber esses
dólares, ou a pessoa pode optar em ficar com os bitcoins para uso no comércio,
correndo o risco da sua oscilação.
Se esses são os casos, seria de se supor que, o uso do bitcoin
estivesse em franca expansão, porém, tem um problema persistente que poucas
pessoas estão falando, em meio à exuberância renovada do recente aumento de
preços.
Dificilmente alguém está usando a maior crypto moeda do
mundo para qualquer coisa além da especulação. Dados da pesquisadora de
blockchain baseada em Nova York, a Chainalysis Inc., mostram que apenas 1,3%
das transações econômicas vieram de comerciantes, nos primeiros quatro meses de
2019, pouco mudou durante os ciclos de expansão e queda dos dois anos
anteriores.
Embora empresas como a AT&T agora permite que os
clientes paguem com criptomoedas, o problema é que poucos especuladores querem
usar as moedas digitais para pagar por serviços, quando o preço do ativo
digital pode subir outros 50% em questão de semanas. Esse é o principal dilema
da criptomoeda: o bitcoin precisa do estimulo, para atrair o apelo de massa,
para ser considerado uma alternativa eletrônica viável ao dinheiro. Mas desenvolveu
uma cultura de “entesourar” que defende a acumulação em vez de gastar.
"A atividade econômica do Bitcoin continua a ser
dominada pelo comércio de câmbio", disse Kim Grauer, economista sênior da
Chainalysis. "Isso sugere que o principal caso de uso do bitcoin permanece
especulativo, e o uso principal, para as compras diárias, ainda não é uma
realidade.
Veja como funciona. Um cliente, paga em bitcoin, e a empresa
BitPay verifica os fundos, aceitando o bitcoin em nome do negócio. Essa empresa
tem a opção de ficar com o bitcoin ou receber uma moeda fiduciária. Se a
empresa optar por trocar 100%, os dólares serão depositados na conta bancária
no dia útil seguinte, menos uma taxa de 1% de encargos da BitPay, para todo o
processo. Assim, esta empresa está protegida de qualquer volatilidade de preço
do bitcoin.
Embora o volume de transações da BitPay possa parecer
grande, a Visa processou quase meio bilhão de transações todos os dias no ano
passado e movimentou US $ 11,2 trilhões em pagamento e volume de caixa em 2018.
A atividade geral dos comercio ainda está abaixo do seu pico
no final de 2017, quando os serviços comerciais representaram 1,5% da atividade
total da bitcoin, durante o pico da bolha de criptografia. O uso nos
estabelecimentos comerciais caiu para 0,9% no ano passado, quando o preço do
bitcoin despencou antes de começar a se recuperar em 2019, segundo a
Chainalysis.
A tendência pode ser um sinal problemático para a
longevidade do bitcoin. Seu criador anônimo, Satoshi Nakamoto, previu o uso do
bitcoin em transações cotidianas, desde a compra de café até o pagamento de
aluguel de carros. Mais recentemente, os investidores têm enfatizado que o bitcoin
transformou-se em uma versão digital do ouro - um ativo que mantém valor em tempos
de incerteza econômica, pois a crypto não está correlacionado a ações ou
títulos. Isso pode ser uma ilusão, no entanto.
Esforços para aumentar a atividade comercial continuam. Uma
startup chamada Flexa disse recentemente que, permitirá que as pessoas paguem
usando certas criptomoedas em empresas como Nordstrom e Whole Foods Market A Flexa já permite que as pessoas gastem bitcoin,
em mais de 30.000 locais nos EUA.
Parece que a moeda digital caminha para ser um instrumento
de especulação com pouquíssima utilidade como moeda. Mas para ter uma utilidade
é necessário que possa ser trocada por moedas, e isso, ela já adquiriu.
Pode competir com o ouro? Pode, porém, vejo várias
limitações nessa comparação. Primeiro o metal tem uma utilidade física, pode
virar joia a qualquer momento; possui uma tradição secular como sendo um ativo
seguro, é aceito pelos bancos centrais; e tem um processo de produção bastante
desenvolvido e divulgado. O bitcoin por sua vez tem uma grande vantagem de
portabilidade, não é necessário o aluguel de espaço para guardar.
Eu recomendaria a sua compra? Diferentemente de outros
ativos, não é admissível de se efetuar uma análise fundamentalista, seria
somente opinativo. Como saber se um grande possuidor vai vender por achar seu
preço alto? Ou que um outro acredita que está muito barato? Se você pretende se
envolver nesse mercado, recomendo a análise técnica, a melhor ferramenta nesse
caso. Agora, se você acredita que o bitcoin substituirá uma moeda de grande
circulação, não se iluda, na melhor das hipóteses, será como o ouro, ou você já
viu alguém pagar o supermercado com uma barrinha do metal?
No post o-bcb-esta-arriscando, fiz os seguintes comentários
sobre o juro de 10 anos: ... “o Mosca poderia sugerir um trade para alta de juros, com
um stoploss a 2,25%, apresentando um bom risco x retorno. Ocorre que, alguns
outros fatores técnicos sugerem uma possível continuidade do movimento de queda
até 2%. Embora as condições sejam favoráveis em termos de risco, do ponto de
vista técnico não é convincente” ...
Mas o juro não respeitou o círculo apontado acima e ruma
agora para o próximo nível de 2,05%. E nesse ponto, acontece um momento
importante do ponto de vista técnico. Caso se forme uma base, um movimento de
alta deverá se suceder, que poderia levar o juro até 2,65%/2.80%, para em
seguida voltar a cair. Até aí, tudo bem, faz parte do jogo. O problema é se
continuar caindo abaixo de 2,05%, aí o negócio fica feio!
No gráfico acima resolvi chamar a região onde os juros
deveriam ficar contidos em “muralha do Fed”. Ainda trabalho com o cenário mais
provável que seria uma alta do juro que se sucederia, após ter formando uma
base. Agora, se isso não acontecer, aumentam a chance do nível de 1,4% ser
revisitado, ou quem sabe, até ser rompido.
Em 2016, quando a taxa chegou nesse nível, o comentário
daquele momento era o risco de deflação. Agora é diferente, pois a inflação
muito baixa não parece ser o problema e sim, uma recessão.
Para diminuir esses riscos eu sugiro que amarrem as mãos e
tampem a boca do Presidente Trump, pois somente dessa forma, o mundo estaria a
salvo de uma pessoa tão paranoica e narcisista como ele. Parece que governa a
maior economia do mundo como se estivesse jogando War, onde é mais importante
ele ganhar e não os EUA. Mas como isso
não é possível somente um processo de impeachment poderia detê-lo.
O SP500 fechou a 2.752, com queda de 1,32%; o USDBRL a R$
3,9211, com queda de 1,52%; o EURUSD a € 1,1165, com alta de 0,31%; e o ouro a
U$ 1.305, com alta de 1,29%.
Fique ligado!
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