Bolha da Incerteza



Eu postei sobre alguns ativos que apresentaram uma formação típica de uma bolha. A configuração em forma gráfica é de uma evolução parabólica. Talvez a mais emblemática e recente ocorreu com o bitcoin, quando os preços atingiram U$ 20 mil ao final de 2017. Normalmente o que ocorre após a bolha estourar é uma retração das cotações para um nível de 10% a 20% do pico. É muito importante frisar que nunca se sabe quando será o ápice.

O FMI criou um índice para acompanhar o índice de incerteza contendo 143 países desde 1996. O índice é baseado nos relatórios de países da Economist Intelligence Unit (EIU). Esses relatórios seguem um processo e uma estrutura padronizados, que ajudam a atenuar as preocupações com precisão, viés ideológico e consistência. Além disso, essa fonte única e de alta reputação, e tem um foco tópico específico para cobertura - desenvolvimentos econômicos e políticos. Esses fatores tornam o índice comparável entre países.

Para construir o índice, registrou-se o número de vezes que a “incerteza” é mencionada nos relatórios nas proximidades de uma palavra relacionada ao comércio. Especificamente, para cada país e trimestre, pesquisou-se nos relatórios da EIU as palavras "incerto", "incerteza" e "incertezas" que aparecem próximas às seguintes palavras: protecionismo, Acordo de Livre Comércio da América do Norte, tarifas, comércio, Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e Organização Mundial do Comércio. Para tornar o índice WTU comparável entre países, escalou-se as contagens brutas pelo número total de palavras em cada relatório. Um aumento no índice indica que a incerteza comercial está aumentando e vice-versa.

Globalmente, o índice de incerteza da política comercial está subindo acentuadamente, mantendo-se estável em níveis baixos há cerca de 20 anos.

O aumento da incerteza prenuncia um declínio significativo da produção. Com base em estimativas, o aumento da incerteza comercial observado no primeiro trimestre de 2019 pode ser suficiente para reduzir o crescimento global em até 0,75 % em 2019.

A incerteza comercial tem aumentado não apenas nos Estados Unidos e na China, mas também em muitos países ao redor do mundo. Altos níveis de incerteza comercial foram registrados nos principais parceiros comerciais dos EUA, como Canadá, México, Japão e grandes economias europeias, e em muitos outros países geograficamente próximos dos Estados Unidos e China.
O nível de incerteza comercial, no entanto, varia significativamente entre regiões e grupos de renda. O aumento recente do índice de incerteza foi o mais sentido no Hemisfério Ocidental, seguido pela Ásia-Pacífico e Europa.

O conteúdo não é novidade para ninguém, porem o que chamou minha atenção é o gráfico evolutivo desse tema. É indiscutível que se trata de uma bolha, e como tanto, em algum momento irá retroceder. Isso significa que estamos vivenciando o auge. Sendo assim, podemos esperar um forte retrocesso, significando que em algum momento a tensão comercial entre EUA e China deixará de ser uma preocupação.

- David, como você pode estar tão seguro, haja visto que não se trata de um ativo.
Minha premissa se baseia no comportamento humano que segue uma tendência semelhante. As bolhas são ocasionadas por modismo que vai ganhando notoriedade conforme evolui, até que num momento, fogem dos padrões lógicos. Entretanto, em algum momento, a racionalidade volta a prevalecer. As pessoas que se envolveram na onda percebem que o “valor” daquele ativo está totalmente inflado.

Essas manias podem aparecer em diversos setores da sociedade não só ativos financeiros, por exemplo: vestuário, musica, comportamento e outros. Todos eles têm uma vida útil e atingem um ápice. Essa é a razão da minha afirmação, em algum momento a incerteza no mundo deverá retroceder e iremos viver momentos menos incertos.

Agora se existe uma certeza no mundo atual, é que a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres está aumentando de forma preocupante. Os detentores de capital, bem como os altos executivos das empresas, tiveram ganhos extraordinariamente superiores aos trabalhadores comuns. Veja a evolução nos EUA nos últimos 40 anos.



No post como como-encarar-resiliência-do-SP500 fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Um gráfico de mais longo prazo mostra a indecisão da bolsa americana nos últimos 12 meses. A maior parte do tempo, o SP500 ficou contido entre 2.700 e 2.930” ... ... “se houver um rompimento do nível de 2.940, uma onda de compras poderá fazer o índice americano desafiar a máxima e romper definitivamente esse patamar, que foi tentado durante 4 vezes no passado recente” ...

No rompimento do nível de 2.940 nos aventuramos num novo trade, objetivando a alta. Mas nem tudo pode ser um mar de rosas, sendo fundamental tomar precauções enquanto a confirmação não acontece. Essa confirmação ocorre, se e quando, o SP500 fechar acima de 3.025, até lá ainda existe uma chance de retrocesso até 2.730, com eu estava esperando anteriormente. Sendo assim, vou elevar o stoploss para o nível de entrada a 2.940. Veja a seguir, o que poderia dar errado.

Se a bolsa americana está preparada para novas altas a partir de agora, é fundamental que não aconteça retrações muito expressivas no curto prazo. Caso contrário, a formação técnica apresentada em vermelho é possível, sem que a tendência de longo prazo seja danificada. Caso seja esse o caminho a ser traçado pelo SP500, deveremos entrar novamente no trade quando atingir 2.730, pois as indicações de curto prazo indicam características de um movimento de correção.

Com tanta incerteza no mundo a configuração do SP500 não poderia deixar de ser complexa. Venho repetidamente enfatizando as diversas possibilidades de contorno possíveis para esse índice. Não sei quando o movimento de alta irá ganhar tração, razão pela qual faço algumas tentativas sempre alocando proteções para evitar grandes prejuízos.

O SP500 fechou a 2.979, sem variação; o USDBRL a R$ 4,0827, com queda de 0,31%; o EURUSD a 1,1041, sem variação; e o ouro a U$ 1.486, com queda de 0,83%.

Fique ligado!

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