Obeso
Neste final de semana encontrei alguns leitores antigos do Mosca. Em tom de crítica ouvi duas
reclamações da sua evolução no tempo. A primeira dizia respeito a complexidade
dos assuntos tratados, onde esse seguidor disse que no começo entendia com
facilidade, e agora até entende os gráficos, porém não o conteúdo da matéria; o
outro apontou a vertiginosa queda de assuntos relativos a economia brasileira.
Refleti um pouco nesses pontos afinal a assiduidade é
imperativo na continuidade de qualquer serviço. Sobre o primeiro ponto, é
verdade que o Mosca evoluiu na complexidade,
incialmente era mais comentários sobre índices de atividade econômica e agora
as matérias são mais profundas. Não sei como equilibrar essa situação, pois,
por outro lado, outros leitores devem estar aproveitando essa mudança, não
poderia voltar aso estágios inicias. Talvez um resumo no final do artigo de
forma simplificada pode ser útil.
Em relação aos assuntos brasileiros o que acabou acontecendo
é que as notícias locais são muito mais desinteressantes que as do exterior, a
economia brasileira caminha para um novo estágio diferentemente que acontecia
no passado. Para o leitor entender meu ponto de vista, era mais fácil elaborar
matéria para comentar sobre o Guido Mantega que do Paulo Guedes. O primeiro
fazia besteiras constantes o que não acontece com o segundo. O que sim poderia
comentar seria sobre as trapalhadas de nosso presidente, mas acredito que, a imprensa
já cobre bem e essas quase não têm impacto sobre a economia.
Mas o que mais chamou minha atenção é que ninguém comentou
sobre a segunda parte do post referente a análise técnica, será que é útil? Na
verdade, esse deveria ser o principal objetivo do Mosca. Talvez parte da reclamação quanto a dificuldade é sobre esse
assunto. Tenho que reconhecer que é bastante especifico, e notei que cada vez
mais me aprofundo nesse tema. Se esse é o caso, peço aos leitores que pulem as
explicações de ondas X, retração, ondas B e etc ... e vá direto aos níveis e
sugestões de trade. Aos que tem conhecimento sobre a área, vou continuar a
expor a lógica das análises, visando sua compreensão por esse grupo.
Um dos fatores que incidem sobre o momento atual é o excesso
de dívida acumulado no mundo. Felizmente ou infelizmente, no Brasil não
sofreemos desse problema, a recessão prolongada iniciada em 2015 limpou boa
parte da dívida local.
Uma razão menos apreciada para taxas de juros mais baixas é
uma montanha de dívidas acumuladas durante a última década. A dívida dos
governos, empresas e famílias em todo o mundo aumentou quase 50% desde antes da
crise financeira, para US $ 246 trilhões no início de março, de acordo com o
Institute of International Finance, uma associação de empresas financeiras
globais.
Os empréstimos ajudaram a tirar as economias da recessão,
mas as deixaram com um alto ônus da dívida, o que dificulta os formuladores de
políticas a aumentar os juros. Isso também eleva a probabilidade de os
consumidores e as empresas recuarem em gastar dinheiro em novos bens, se as condições
econômicas se enfraquecerem.
A evolução da dívida pública americana é impressionante. O
perfil em relação ao PIB durante 200 anos de história mostra períodos de crescimento
que acabavam batendo em um teto considerado perigoso pelos investidores. Em
seguida se sucedia anos de decréscimo, quando novamente voltavam a subir. As
projeções para os próximos anos levaram a níveis nunca antes visto, mas
felizmente (ou infelizmente!), o mercado tem maior tolerância a níveis mais
elevados.
"Globalmente, você está em níveis preocupantemente
altos", disse Sonja Gibbs, diretora-gerente de políticas globais do IIF.
Ela disse que os formuladores de políticas precisam considerar os níveis de
dívida à medida que ajustam as taxas de juros. "Haverá um impacto na
economia em geral".
No Reino Unido, Canadá e Austrália, os banqueiros centrais
recuaram dos aumentos de taxas nos últimos dois anos depois que os consumidores
sofreram mais do que o esperado. Os consumidores norte-americanos, que tomaram
empréstimos para pagar pela faculdade, carros e gastos diários, foram menos
afetados porque os encargos das dívidas são muito menores em relação à renda.
Mark Carney, Presidente do BOE, e outros banqueiros centrais
gostariam de aumentar ainda mais as taxas durante os bons anos para dar espaço
a cortes quando as economias desacelerarem. Mas as taxas mais altas atingiram
suas economias com mais força do que muitos esperavam.
Existe uma conexão direta entre dívida, taxas de juros e
crescimento. O aumento das taxas força os consumidores e empresas que contratam
empréstimos a taxas ajustáveis, como dívidas no cartão de crédito, a pagar mais
a cada mês e reduzir outros gastos. Mesmo com empréstimos a taxas fixas, os
mutuários sabem que terão que pagar taxas mais altas para rolar os empréstimos
e, assim, começam a pôr de lado o dinheiro que teriam gasto de outra maneira.
Não é preciso muito para os países carregados de dívidas
sentirem a tensão. Quando o Banco do Canadá elevou as taxas de juros em julho
de 2017, o primeiro aumento em sete anos, autoridades disseram que taxas mais
altas sinalizavam que a economia estava forte.
Mas as famílias do país tinham tomado emprestando
pesadamente, elevando sua relação dívida / pagamento após impostos para o nível
mais alto entre as economias mais avançadas do mundo. Depois que cinco aumentos
elevaram a taxa de juros em 1,75%, a desaceleração resultante foi mais
acentuada e mais ampla do que se esperava.
As taxas mais altas pressionaram os consumidores dos EUA com
muitas dívidas no cartão de crédito e grandes empréstimos para automóveis. Os
níveis médios de juros dos empréstimos para automóveis aumentaram quase 2 % em
2018 para cerca de 5%.
Em janeiro, o Fed sinalizou que estava interrompendo seus
aumentos nas taxas depois que cresceram as preocupações com a economia,
incluindo o mercado imobiliário, o crescimento global e o impacto da guerra
comercial
O Banco da Inglaterra, enfrentando os riscos do Brexit, além
de preocupações comerciais e de crescimento, elevou as taxas de juros pela
última vez há mais de um ano. Uma razão é que as famílias e as empresas estão
enfrentando dívidas.
Na Austrália, onde os consumidores devem US $ 2 por cada
dólar que ganham, economistas do banco central do país descobriram que cada
aumento de 10% na dívida reduz as despesas domésticas em 0,3%.
O excesso de peso tem semelhanças com o excesso de dívidas. Quando
se está satisfeito não adianta oferecer um bolbo de chocolate, não entra mais!
Assim é com a dívida que, quando ultrapassa determinados níveis, não resolve
diminuir os juros para incentivar o consumo. Para perder peso é necessária uma
dieta rígida, que é tanto maior quanto maior a balança. Nesse momento o mundo
está obeso!
No post o-juro-positivo-impagável, fiz os seguintes comentários sobre
o dólar: ...
“Como vocês podem notar a seguir, acredito que estamos próximo do esgotamento
do movimento que levou a moeda americana de R$ 3,71 em julho, o que sugere uma
queda entre R$ 3,99 – R$ 3,94” ...
O esgotamento acabou acontecendo na semana passada, porém em
níveis um pouco mais elevados. Antes de entrar nos detalhes, existem determinadas
hipóteses que visiono para o dólar. Porém, o mais importante é saber se o
movimento de alta já se iniciou, o a correção ainda está em curso. Ao observar
a correção, projeto algumas hipóteses que prefiro não externar evitando
confundir o leitor. Vou trabalhar com o cenário mais provável até hoje.
Eu espero que uma retração aconteça no intervalo compreendido
entre R$ 4,01 – R$ 3,96. Depois, uma reversão deveria levar o dólar a novas máximas
contra o real. Se esse percurso seguir esse rumo devo sugerir um trade de
compra de dólar naquele intervalo. Por outo lado, caso a moeda americana continue
a queda – abaixo de R$ 3,96, os outros cenários ganham tração fazendo com que a
correção se estenda por mais tempo, além de atingir cotações mais baixas.
O importante notar é que, por enquanto meu cenário de mais médio
prazo, é de alta no dólar, o que estou buscando é um melhor ponto de entrada.
O SP500 fechou a 2.978, sem alteração; o USDBRL a R$ 4,1018,
com alta de 1,01%; o EURUSD a € 1,1047, com alta de 0,17%; e o ouro a
U$ 1.498, com queda de 0,55%.
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