O voto do robô
Ultimamente pouco se tem comentado sobre a evolução dos
robôs, com a crescente preocupação do mundo estar à beira de uma recessão, este
assunto foi colocado de lado. Porém como um exército que marcha rumo ao seu
destino, os robôs continuam a substituir os humanos.
A campanha de Donald Trump foi baseada na ideia que os
empregos transferidos dos EUA para a China deveriam voltar ao país de origem. A
guerra comercial travada entre esses dois países é uma tática usada pelo
presidente americano nesse sentido. Porém, a situação do mercado de trabalho
Chinês já não é mais a mesma que se imaginava no passado.
Desde a virada do século, o crescente domínio econômico da
China certamente parece um mandato do céu. Como um setor manufatureiro dos EUA
foi destruído pelo chamado Choque da China, os trabalhadores americanos viram
seus empregos desaparecerem.
Mas muita coisa mudou desde o início dos anos 2000. A China
não é a força invencível que era antes. De acordo com a empresa de consultoria
Oxford Economics, os custos unitários da mão-de-obra na China - basicamente,
salários ajustados pela produtividade - eram cerca de um quarto dos EUA em
2003. Agora, eles são quase iguais.
Existem várias razões para a mudança. A primeira, é claro, é
a guerra comercial do presidente Donald Trump - as tarifas tornaram os produtos
chineses menos competitivos e a incerteza sobre quais tarifas adicionais ele
pode impor cria custos para quem pensa em comprar da China. Mas a erosão da
competitividade chinesa antecede Trump. Os salários têm aumentado
constantemente há anos:
É provável que
essa tendência não seja revertida em breve. A China não tem mais uma
mão-de-obra rural barata, que pode trazer para as cidades, para manter baixos
os custos de fabricação. Sua população em idade ativa está diminuindo milhões
de pessoas todos os anos, com quedas ainda maiores por vir.
Se a produtividade estivesse acompanhando o crescimento dos salários, a posição competitiva da China estaria segura. Mas a produtividade tem sido lenta desde a Grande Recessão:
Se a produtividade estivesse acompanhando o crescimento dos salários, a posição competitiva da China estaria segura. Mas a produtividade tem sido lenta desde a Grande Recessão:
Em outras palavras, a ameaça competitiva da China parece
estar diminuindo, pelo menos no que diz respeito aos trabalhadores dos EUA. Os
campeões industriais da China nas indústrias de tecnologia e automotiva ainda
podem oferecer concorrência às empresas americanas, mas terão que competir com
inovação e não com custos.
Isso significa que os trabalhadores americanos começarão a ver seu salário crescer mais rapidamente? Possivelmente, segundo Karl Smith da Bloomberg Opinion. Ele acredita que o recente aumento dos salários como parcela do produto interno bruto poderia ser o prenúncio de uma nova tendência de aumento da remuneração do trabalho e queda da desigualdade:
Esses são certamente sinais encorajadores, mas seria
prematuro concluir que a diminuição da concorrência chinesa tem algo a ver com
a modesta recuperação salarial. Uma explicação alternativa óbvia é que os
ganhos salariais são apenas o resultado da maior expansão econômica desde a
Segunda Guerra Mundial. Os salários também aumentaram como uma parcela do PIB
nos anos 90, apenas para retomar sua queda depois que o boom terminou.
Na verdade, existem evidências de que o recente aumento
modesto dos salários tem pouco a ver com o repatriamento da atividade
manufatureira da China. A proporção de importações de manufatura dos EUA em
relação à produção de manufatura doméstica aumentou, não diminuiu, nos últimos
anos:
Pode ser que a concorrência chinesa tenha proporcionado aos
trabalhadores americanos a sua maior concorrência no passado, mas a tecnologia
será o desafio no futuro. A manufatura pode voltar às costas dos EUA, apenas
para ser dominada por robôs, levando muitos dos demais trabalhadores da
manufatura para o setor de serviços com salários mais baixos e menos
sindicalizados.
Dois dos maiores campos de batalha política da década
passada foram as manufaturas chinesas e as riquezas de Wall Street. Donald
Trump, Bernie Sanders e Elizabeth Warren não estariam onde estão hoje sem eles.
Mas assim que todas as lutas e votações terminarem, os robôs receberão a última
palavra sobre ambos.
O fato de os robôs estarem nas fábricas não vai chocar
ninguém, embora ainda possa decepcionar qualquer eleitor de Trump que espera
que a guerra comercial do presidente revive o emprego nas fábricas. A era da
dominação industrial da China certamente acabou, algumas fábricas retornam aos
EUA, mas ao contrário de gerar empregos, grande parte desse trabalho será feita
por máquinas. Não por coincidência, o emprego nas fábricas está caindo nos
estados da Pensilvânia e Wisconsin.
Um pouco mais surpreendente é a aquisição robótica do setor
bancário. Os algoritmos já realizam muitas negociações, é claro, transformando
a Bolsa de Valores de Nova York em nada mais do que um estúdio de TV colorido.
Mas as máquinas continuam invadindo as finanças o tempo todo, levando a cortes
de empregos em todo o setor.
O Presidente Trump busca a todo custo trazer as fábricas que
no passado foram transferidas para o exterior, principalmente para China. Não
podemos saber qual a sua real intenção, se genuinamente quer aumentar o emprego
ou atrapalhar a China a se tornar a grande potência daqui alguns anos.
Independentemente do seu motivo, em relação ao eleitor americano, não irá fazer
muita diferença, a não ser que espere que os robôs votarão nele nas próximas
eleições!
No post rumo-incerto, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: ...
“uma retração aconteça no intervalo compreendido entre R$ 4,01 – R$ 3,96.
Depois, uma reversão deveria levar o dólar a novas máximas contra o real. Se
esse percurso seguir esse rumo devo sugerir um trade de compra de dólar naquele
intervalo” ...
O dólar chegou a mínima de R$ 4,02, porém, principalmente
após a reunião do COPOM, subiu e agora se encontra muito próximo das máximas
recentes a R$ 4,18. Se minha ideia em termos de análise técnica estiver correta,
estaria faltando uma pequena correção para poder seguir no seu caminho da alta.
- David, essa máxima
que você se refere é R$ 4,1950. O que fazer se ultrapassar?
Teoricamente deveríamos comprar o dólar no rompimento, mas
parece que o movimento recente está “incompleto”, conforme mostro a seguir.
- O que é essa área
cinzenta?
Existe a possibilidade um rompimento da máxima com uma
reversão logo em seguida, o que se denomina como false break. Apenas deixei registrado para caso algum leitor decida
entrar na compra do dólar num rompimento de R$ 4,20. Se for esse o caso, sugiro
um stoploss curto.
Fiz algumas simulações de onde poderia terminar essa alta. Embora
tenha registrado em posts anteriores os níveis de R$ 4,40 e R$ 4,85, e
enfatizado o primeiro como o preferencial, o segundo está ficando mais
provável. Mas tudo não passa de hipóteses onde os preços precisam confirmar
níveis anteriores. Fica somente registrado, e voltamos a esses resultados caso
o rompimento de R$ 4,20 se confirme.
O SP500 fechou a 2.991, sem variação; o USDBRL a R$ 4,1709,
com alta de 0,57%; o EURUSD a € 1,0992, com queda de 0,24%; e o ouro
a U$ 1.523, com alta de 0,47%.
Fique ligado!
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