A solução: Juros negativos!



O renomado economista, Kenneth Rogoff, professor de economia em Harvard, que além dessa qualificação, escreveu alguns livros sendo que o que mais se destacou foi This Time is Different, logo após a crise de 2008. Neste final de semana, publicou um artigo defendendo que o Fed leve a taxas de juros para um nível negativo. Transcrevi trechos do artigo a seguir.

Para aqueles que viam taxas de juros negativas como uma ponte longe demais para os bancos centrais, talvez, fosse a hora de pensar novamente. No momento, nos Estados Unidos, o Federal Reserve - apoiado de forma implícita e explícita pelo Tesouro - está no caminho de conter praticamente todos os créditos privados, estaduais e municipais da economia. Muitos outros governos se sentiram compelidos a tomar medidas semelhantes. Uma crise que ocorre uma vez no século (esperamos) exige uma intervenção maciça do governo, mas isso tem que significar dispensar mecanismos de alocação baseados no mercado?

As garantias gerais de dívida são um ótimo dispositivo se acreditarmos que o estresse recente do mercado foi apenas uma restrição de liquidez a curto prazo, que logo será aliviada por uma forte recuperação sustentada pós-COVID-19. Mas e se a rápida recuperação não se materializar? E se, como se suspeita, levar anos para que a economia global e dos EUA volte aos níveis de 2019? Nesse caso, há pouca esperança de que todas as empresas continuem viáveis ​​ou que todos os governos estaduais e locais permaneçam solventes.

Uma aposta melhor é que nada será o mesmo. A riqueza será destruída em uma escala catastrófica, e os formuladores de políticas precisarão encontrar uma maneira de garantir que, pelo menos em alguns casos, os credores participem do golpe, um processo que ocorrerá ao longo de anos de negociação e litígio. Para advogados de falência e lobistas, será uma bonança, parte da qual virá da pressão dos contribuintes para honrar as garantias de resgate. Tal cenário seria uma bagunça profana.

Agora, imagine que, em vez de sustentar os mercados apenas por meio de garantias, o Fed poderia levar a maioria das taxas de juros de curto prazo em toda a economia para perto ou abaixo de zero. A Europa e o Japão já foram na ponta dos pés para um território de taxas negativas. Suponhamos que os bancos centrais recuassem contra a fuga do governo para a dívida do governo, indo mais longe, cortando as taxas de política de curto prazo para, digamos, -3% ou menos.

Assim como cortes nos bons velhos tempos de taxas de juros positivas, taxas negativas tirariam muitas empresas, estados e cidades do padrão. Se feito corretamente - e as evidências empíricas recentes apoiam cada vez mais isso - as taxas negativas operariam de maneira semelhante à política monetária normal, aumentando a demanda agregada e aumentando o emprego. Portanto, antes de realizar uma cirurgia de reestruturação da dívida em tudo, não seria melhor tentar uma dose de estímulo monetário normal?

São necessárias várias etapas importantes para tornar viáveis ​​e efetivas as taxas negativas profundas. O mais importante, que nenhum banco central (incluindo o BCE) já adotou, é impedir a acumulação em larga escala de dinheiro por empresas financeiras, fundos de pensão e companhias de seguros. Várias combinações de regulamentação, uma taxa variável no tempo para re-depósitos em larga escala de dinheiro no banco central e a extinção gradual de notas de grandes denominações devem funcionar.

Não é maluquice (ou devo dizer virologia?). Com a retirada de dinheiro em grande escala da mesa, a questão da transferência de taxas negativas para os depositantes bancários - a preocupação mais sensata - seria eliminada. Mesmo sem impedir a acumulação no atacado (que é arriscada e cara), os bancos europeus têm sido cada vez mais capazes de repassar taxas negativas para grandes depositantes. E os governos não pagariam muito protegendo os pequenos depositantes inteiramente das taxas de juros negativas. Novamente, com tempo e planejamento adequados, isso é simples.

Taxas de juros negativas provocaram uma onda de objeções. A maioria, no entanto, é imprecisa ou é fácil de abordar, como discuto no meu livro de 2016 sobre o passado, o presente e o futuro da moeda, bem como em escritos relacionados. Também explico, por que não se deve pensar em "instrumentos monetários alternativos", como flexibilização quantitativa e dinheiro de helicópteros como formas de política fiscal. Embora seja necessária uma resposta fiscal, a política monetária também é muito necessária. Somente a política monetária trata do crédito em toda a economia. Até que a inflação e as taxas de juros reais subam do túmulo, apenas uma política de taxas de juros negativas profundas efetivas pode fazer o trabalho.

Uma política de taxas profundamente negativas nas economias avançadas também seria um grande benefício para as economias emergentes e em desenvolvimento, que estão sendo afetadas pela queda dos preços das commodities, fuga de capital, dívida alta e taxas de câmbio fracas, para não mencionar os estágios iniciais da pandemia. Mesmo com taxas negativas, muitos países ainda precisariam de uma moratória da dívida. Mas um dólar mais fraco, um crescimento global mais forte e uma redução na fuga de capitais ajudariam, especialmente quando se trata de mercados emergentes maiores.

Tragicamente, quando o Federal Reserve conduziu sua revisão de 2019 de instrumentos de política, a discussão sobre como implementar taxas negativas profundas foi efetivamente tirada da mesa, forçando a mão do Fed na pandemia. Os lobistas bancários influentes odeiam taxas negativas, mesmo que não precisem minar os lucros bancários, se isso for feito corretamente. A profissão de economista, hipnotizada por interessantes resultados contra intuitivos, surgem que em economias onde realmente existe um limite nulo nas taxas de juros, deve compartilhar parte da culpa.

A implementação emergencial de taxas de juros profundamente negativas não resolveria todos os problemas de hoje. Mas adotar essa política seria um começo. Se, como parece cada vez mais provável, as taxas de juros reais de equilíbrio estiverem mais baixas do que nunca nos próximos anos, é hora dos bancos centrais e dos governos darem à ideia um olhar longo, rígido e urgente.

Essa postura é criticada por vários economistas, o Mosca também acredita que isso acaba não resolvendo como acontece no Japão e na Europa. É verdade que muitas empresas nestes países acabaram não quebrando, mas em contra partida vivem como zumbis. Em todo caso, como o governo americano está disposto a tudo para evitar quebradeiras, esse assunto pode voltar à tona, e como mostrei na última sexta-feira, os mercados já trabalham com essa hipótese – juros negativos, nos contratos futuros.

Na sexta-feira também, foram publicados os dados de emprego que foram horríveis, porém, os detalhes são ainda piores. A maioria do desemprego foi causado no que se denomina de empregos temporários, que em função do setor onde eles atuam, provavelmente não retornará.


O resultado oficial foi de 20,5 milhões, entretanto, se forem computados outros resultados que não aparecem nesse relatório, o número total salta para 34 milhões. Esse desemprego está localizado em grande escala nos salários de baixa renda.

No post  jogando-com-a sorte, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ O dólar deveria recuar até R$ 5,30 e R$ 5,05, para que em seguida ocorra uma reversão de curso.  Ainda para baixo, a queda poderia atingir R$ 4,85. Se mesmo assim, continuar a cair, o movimento de alta de longo prazo fica comprometido dando margem a outras interpretações” ...

A reversão não aconteceu e o dólar operou nas máximas na última sexta-feira, embora no fechamento, ficou nas mínimas do dia em R$ 5,71. No curto prazo, caso o dólar não recue até R$ 5,61, uma nova alta parece que está amadurecendo que levaria a moeda para R$ 6,05 ou R$ 6,30. A partir daí um recuo é possível.

O gráfico com janela mensal aponta uma região de confluência nos níveis atuais do dólar. Normalmente, essas regiões apresentam resistência mais intensa caso o movimento continue subindo. Se ultrapassado, o próximo nível seria ao redor de R$ 6,70/R$ 7,00.


O real é a moeda emergente que mais sofreu em 2020. Motivos não faltaram: a categoria (emergente); queda dos juros; e o Presidente. Todas esses são motivos lógicos, só não sei quem é o mais culpado dos três.

No passado, costumava fazer uma comparação da nossa moeda com algumas outras que tinham alguma semelhança como sendo emergente ou exportador de commodities – menos o Presidente, ninguém tem um pior! Hahaha ... veja o rank.

Antes de acessar nossa performance contra: dólar australiano, dólar canadense, peso mexicano e rand neo zelandês, tinha a impressão de que encontraria uma oportunidade pelo exagero desse ano. Mas, notei que o real está em queda, relativo a essas moedas, há muitos anos, conforme se pode notar na linha vermelha no gráfico abaixo. A flecha no eixo x indica quando o movimento dessa moeda contra o real começou a se tornar mais direcional.


O SP500 fechou a 2.930, sem variação; o USDBRL a R$ 5,8168, com alta de 1,46%; o EURUSD a 1,0811, com queda de 0,26%; e o ouro a U$ 1.695, com queda de 0,30%.

Fique ligado!

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