Ameaça sub adjacente



Hoje se comemora o Memorial Day nos EUA ficando fechado os mercados financeiros. Este feriado é um dia para lembrar os homens e mulheres que morreram enquanto serviam nas Forçadas Armadas. Depois do surto do Covid-19 os médicos e enfermeiros que acabaram falecendo por conta do vírus, mais que merecem também ser lembrados!

Recentemente, pouco se tem falado sobre a substituição de trabalhos humano por robôs, tendência que está se acelerando nos últimos anos. O Covid-19 polarizou todos as fontes de informações.  Um renomado economista do MIT, Daron Acemoglu, tem escrito vários trabalhos nesta área, se tornando uma figura de renome quando se trata desse assunto.

Em muitas partes dos EUA, os robôs vêm substituindo trabalhadores nas últimas décadas. Mas até que ponto, realmente? Alguns tecnólogos previram que a automação levaria a um futuro sem trabalho, enquanto outros observadores foram mais céticos em relação a esses cenários.

Agora, um estudo em coautoria de Daron Acemoglu, coloca números firmes sobre a tendência, encontrando um impacto muito real, o impacto dos robôs varia amplamente de acordo com a indústria e a região e pode desempenhar um papel notável na exacerbação da desigualdade de renda.

"Encontramos efeitos negativos bastante significativos sobre o emprego", diz Daron Acemoglu, embora ele observe que o impacto da tendência pode ser exagerado.

De 1990 a 2007, o estudo mostra que a adição de um robô adicional por 1.000 trabalhadores reduziu a taxa nacional de emprego / população em cerca de 0,2%, com algumas áreas dos EUA afetando muito mais do que outras. Isso significa que cada robô adicionado na fabricação substituiu cerca de 3,3 trabalhadores em média. Esse aumento no uso de robôs no local de trabalho também reduziu os salários em cerca de 0,4% durante o mesmo período.

Um outro estudo de Daron Acemoglu, examina a introdução de robôs na fabricação francesa nas últimas décadas, iluminando a dinâmica dos negócios e as implicações trabalhistas em detalhes granulares.

De fato, como mostra o estudo, um aumento de 20 pontos percentuais no uso de robôs na fabricação de 2010 a 2015 levou a um declínio de 3,2% no emprego em todo o setor. E, no entanto, para as empresas que adotam robôs durante esse período, as horas trabalhadas dos funcionários aumentaram 10,9% e os salários aumentaram modestamente também.

De acordo com estimativas da OCDE, mais de 1 em cada 5 empregos de baixa renda em seus países membros correm alto risco de automação. Mas não são mais apenas tarefas rotineiras manuais afetadas pela automação. A inteligência artificial é cada vez mais capaz de executar tarefas de "rotina cognitiva", típicas do setor de serviços. Por exemplo, a inteligência artificial ultrapassou recentemente os seres humanos no reconhecimento de fala e imagem, indicando que a automação também pode ter um impacto em ocupações relativamente qualificadas no futuro. No entanto, a parcela de empregos de alta renda com risco de automação ainda é significativamente menor do que em ocupações que exigem menos habilidades.


As empresas que adicionaram robôs a seus processos de fabricação tornaram-se mais produtivas e lucrativas, e o uso da automação reduziu sua participação no trabalho - a parte de sua renda destinada aos trabalhadores - entre aproximadamente 4 e 6 pontos percentuais. No entanto, como seus investimentos em tecnologia impulsionaram mais crescimento e mais participação de mercado, eles adicionaram mais trabalhadores em geral.

Por outro lado, as empresas que não adicionaram robôs não viram mudança na participação da mão-de-obra e, para cada aumento de 10 pontos percentuais na adoção de robôs por seus concorrentes, essas empresas viram seu próprio emprego cair 2,5%. Essencialmente, as empresas que não investem em tecnologia estavam perdendo terreno para seus concorrentes.

“Analisando para o resultado, você pode pensar [no início] que é o oposto do resultado americano, onde a adoção de robôs anda de mãos dadas com a destruição de empregos, enquanto na França, as empresas que adotam robôs estão expandindo seu emprego”, diz Acemoglu. "Mas isso é apenas porque eles estão se expandindo às custas de seus concorrentes. O que mostramos é que, quando adicionamos o efeito indireto a esses concorrentes, o efeito geral é negativo e comparável ao que encontramos nos EUA "

Todos esses resultados contemplam dados anteriores ao surto atual, e considerando que, mais e mais, se projeta que o distanciamento fará parte dos protocolos das empresas nas indústrias e serviços, qual seria o impacto dessa onda dos robôs? É razoável supor que haverá uma aceleração neste segmento. Por exemplo, foi noticiado que, robôs que fazem hamburgers e preparam doses de chopp já estão em funcionamento em alguns restaurantes nos EUA, além de novas ideias devem surgir para substituir humanos em funções que colaboram com o distanciamento.

Desta forma, além de alguns segmentos da economia que serão duramente impactados, a proliferação dos robôs destruirá outros empregos que não estariam dentro do protocolo de distanciamento exigido. Resumindo, a retomada do emprego terá um novo inimigo que não está nas contas dos economistas.

No post plano-beta, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ A área anotada em amarelo deveria conter a queda, caso o dólar ainda tenha novas altas no curto prazo, caso contrário, podemos estar entrando numa correção que levaria as cotações entre R$ 5,45 a R$ 5,05” ...

Um movimento de correção (pelo menos) começou para o dólar, conforme aponto no gráfico abaixo, deveria estar contido como mais provável entre R$ 5,25 e R$ 6,00, ou ainda R$ 5,00 na parte inferior. Como já havia comentado no post acima, abaixo de R$ 4,75 a alta do dólar teria terminado.

 
- David, como assim o dólar poderia cair? Com tudo isso que está acontecendo no Brasil? Covdi-19, Bolsonaro etc.
Naturalmente esse não é meu cenário principal, ainda continuo acreditando que ainda existe mais altas para o dólar.

O que poderá fazer eu mudar de opinião: primeiro a violação desses níveis estabelecidos acima; segundo o shape do movimento atual, que diga se de passagem, por enquanto está aparecendo mais direcional, colocando em dúvida a correção.

Estou aguardando uma mini correção para poder sugerir um trade de venda de dólar.

- Corajoso!
Meu amigo, nunca se esqueça do lema que temos no Mosca: compromisso com o bolso e não com a opinião.

Nos últimos meses acredito que não ouvi ninguém comentar que estava vendido no dólar. Numa ponta o Banco Central, na outra, a grande maioria dos fundos de investimento e empresas cobrindo algum tipo de exposição. No mercado a vista uma boa parte da compra foi feita pelos investidores estrangeiros que saíram de ativos brasileiros.
Para o cenário de queda mais acentuado, acredito que será necessário o dólar iniciar um movimento de queda contra as moedas de países desenvolvidos, bem como de mercados emergentes. Se isso acontecer, gerando uma pressão maior no dólar, eu pergunto ao amigo: quem vai comprar todos esses dólares que o Banco Central vendeu?

Por enquanto, tudo isso são conjunturas, porém eu queria destacar esses pontos para reflexão dos leitores, e pontuar que quando existe somente um vendedor, e esse vendedor é o Banco Central, ou o mercado bota ele em nocaute, ou o risco de saída para quem comprou é uma porta estreita.

O USDBRL fechou a R$ 5,4576, com queda de 1,38%; o EURUSD a € 1,0896, sem alteração; e o ouro a U$ 1.729, com queda de 0,28%.

Fique ligado!

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