Mercado Imobiliário: Uma oportunidade?
Várias pessoas me perguntam qual a perspectiva do mercado
imobiliário. Embora não sendo um especialista focado neste segmento, tenho
experiencia de vários anos como investidor. Para tentar responder essa
pergunta, vamos ver o que está acontecendo no mercado americano depois da
Covid-19. As informações a seguir foram obtidas de um artigo publicado pela
Bloomberg.
A próxima crise imobiliária está aqui e, desta vez, trata-se
de aluguel. Nos EUA, proprietários e inquilinos estão brigando pelo aluguel do
próximo mês, enquanto uma avalanche de despejos ameaça enterrar os dois.
Para evitar uma onda prejudicial de execuções hipotecárias como a que varreu o país há mais de uma década, o Congresso incluiu uma provisão no pacote de resgate de US $ 2,2 trilhões que aprovou em março, que permite que proprietários de hipotecas apoiadas pelo governo, adiem pagamentos por até um ano. Mas Washington parou de oferecer aos locatários um alívio comparável, supondo que aqueles em perigo provavelmente se qualificariam para os cheques de US $ 1.200 que o Tesouro começou a enviar em abril, além de benefícios de desemprego reforçados.
Muitos estados dos EUA impuseram moratórias aos despejos. Mas sem um resgate nacional ao mercado de aluguel, é provável que a dor econômica se espalhe tão eficientemente quanto o vírus que a causou, fluindo para os proprietários, seus credores e cidades que estão perdendo receita com impostos sobre a propriedade.
Cerca de metade das 43 milhões de unidades de aluguel no
país pertence a pequenas empresas. A menos que a ajuda chegue logo, "tanto
os locatários quanto os proprietários diminuirão juntos a escala
socioeconômica", diz Emily Benfer, professora de direito na Universidade
Columbia. “Isso terá um efeito cascata. O aluguel não é apenas destinado aos
proprietários, ele paga impostos, hipotecas e salários das pessoas que mantêm
edifícios.”
Estados com grandes populações de locatários, incluindo
Califórnia, Texas, Nova York e Flórida, instituíram proibições temporárias de
despejo. Mas 23 outros - entre eles Wyoming, Dakota do Norte, Arkansas, Ohio e
Geórgia - adotaram poucas proteções, se houver, para locatários, diz Benfer.
Os credores podem ter danos colaterais, particularmente
bancos regionais que frequentemente financiam investidores imobiliários locais.
No final de 2019, havia US $ 1,6 trilhão em dívidas hipotecárias pendentes em
propriedades multifamiliares nos EUA. Os padrões da última recessão chegaram a
5% e podem subir para 10% durante essa recessão muito mais profunda, diz ela.
Muitos proprietários não estão em melhor situação do que
seus inquilinos e certamente não são ricos o suficiente, diz Jan Lee, que
administra dois edifícios em Chinatown de Nova York, que sua família possui há
quase um século.
Lee não tem hipoteca, mas já sabe que não poderá pagar todos
os impostos sobre a propriedade. E isso pode significar o fim do legado de sua
família. Não há tolerância para impostos de propriedade, e a cidade pode impor
taxas, multas e penhoras atrasadas que ele nunca conseguirá obter.
A pandemia aumentou a desigualdade do mercado imobiliário,
que está desencadeando uma nova era de ativismo dos inquilinos. Nas cidades de
Nova York e Los Angeles a Kansas City, Missouri, onde os aluguéis aumentam ano
após ano, ativistas estão organizando greves de aluguel.
Shane Riggins, 31, desempregado desde março, ingressou no
movimento da Filadélfia. Ele perdeu seu emprego temporário na sala de
correspondência de um escritório de advocacia. Os benefícios de desemprego
aumentaram e ele conseguiu pagar o aluguel de abril e maio. Mas agora ele está
conversando com os outros inquilinos sobre o que fazer a seguir.
Embora seja solidário com o proprietário, que tem apenas uma
propriedade de aluguel e uma hipoteca para pagar, ele se preocupa em economizar
dinheiro suficiente para sobreviver à nova crise econômica.
Pequenos investidores possuem grande parte das moradias
populares que ocorrem naturalmente nos EUA. Se forem forçadas a vender ou
abandonar propriedades, mais do mercado poderá acabar nas mãos de empresas de
Wall Street, algumas das quais construíram grandes portfólios de imóveis para
aluguel ao longo da última década. Novos proprietários com bolsos mais
profundos podem optar por reposicionar unidades de baixa renda para atingir
ocupantes mais ricos.
O mercado americano tem suas particularidades, mas tem algo
em comum com o brasileiro, a existência de pequenos proprietários que possuem
imóveis para aluguel. Uma diferença importante é que, a grande maioria deles
não possui dívidas em seu imóvel, o que torna a situação menos estressante. O
aluguel destes imóveis, normalmente, complementa a renda.
Parece que aqui, pode acontecer uma reação em cadeia, o
locatário perde seu emprego e não consegue pagar o aluguel, e o proprietário
depende dessa renda. Essa situação ocorre corriqueiramente, e nesses casos, o
proprietário solicita o despejo e aluga para outro inquilino. Agora pode ser
bem diferente se ocorrer em cadeia, uma enxurrada de imóveis que estarão
disponíveis provenientes dos locatários que não conseguiram pagar o aluguel.
Aqui pode ocorrer uma diferença marcante, enquanto nos EUA a
maioria dos imóveis está financiada, aqui não deveria ocorrer o pagamento de
juros de crédito imobiliário. Sendo assim, o proprietário teria despesas
menores até que o imóvel seja alugado novamente. Mas, os preços dos aluguéis
deveriam cair.
Um fator a favor dos imóveis no Brasil é a expressiva queda
de juros. Com financiamentos que alcançam até 30 anos, cada 1% de redução na
taxa, reduz a prestação na ordem de 15%. Sendo assim, viabiliza a compra de
imóveis por pessoas que antes não tinham recursos para tanto.
Mas o que mais me incomoda é o elevado número de
desempregados. Por enquanto, está contido pelos benefícios oferecidos pelo
governo para manter esses funcionários nas empresas. Tenho receio que boa parte
desses funcionários serão dispensados assim que a economia for aberta e os
empresários constatarem que, seu negócio foi reduzido em X%, onde esse X pode
ser significativo.
Botton line: Não acho que seja um bom momento para a compra
de imóvel, pois parece que existira uma oferta mais adiante num ambiente de
alto desemprego.
No post a-busca-de-um-culpado, fiz os seguintes
comentários sobre o euro: ... “Prefiro não fazer nenhum
prognostico nesse momento, apenas apontar níveis de importância tanto num sentido
quanto no outro” ...
Na alta: € 1,115 e € 1,13
Na baixa: € 1,075 e € 1,063
Coincidência ou não, a moeda única está quase no mesmo nível
de quando publiquei o post acima - € 1,0856. No gráfico abaixo destaquei
que durante os últimos 4 meses houve uma tentativa de alta e uma de baixa que
acabaram se frustrando.
No início do ano, antes do Corona vírus tomar conta do
mercado, o euro iniciou um movimento de queda. Naquele momento, ficava claro
que o EUA cresceria enquanto a Europa ainda estava patinando. Quando as pessoas
perceberam que o vírus era mundial e que nenhum país poderia escapar, houve uma
reversão abrupta levando o euro a quase atingir as mínimas dos últimos anos.
Logo a seguir, voltou para sua velha balada, ficar contido entre as linhas
cinzas, que tem uma leve tendência de queda. Eta moeda chata!
O SP500 fechou a 2.870, com queda de 2,05%; o USDBRL a R$
5,8858, com alta de 1,19%; o EURUSD a € 1,0850, com alta de 0,36%; e o ouro a
U$ 1.702, com alta de 0,41%.
Fique ligado!
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