Macaco velho


O velho ditado, macaco velho não coloca a mão em cumbuca, tem o significado de alguém com experiencia, que sabe muito bem do que faz por ter feito isso diversas vezes. No mundo das finanças o legendário Warren Buffet se encaixa bem nesse termo. Para se ter uma ideia sobre seu sucesso, quem tivesse investido U$ 100 na sua empresa, Berkshire Hathaway, teria hoje U$ 1,0 milhão, esse mesmo valor investido no índice Dow Jones equivaleria a U$ 1.500.

Todo ano sua empresa realiza uma reunião com os acionistas, evento muito esperado pelo mercado, aonde presta contas dos resultados do exercício, bem como suas perspectivas para o futuro próximo. Este ano foi diferente, pois a reunião se fez por conferência sem ser presencial.

Warren Buffett fechou alguns de seus famosos acordos - assumindo participações lucrativas no Goldman Sachs e na General Electric - quando outros entraram em pânico durante a última crise financeira. Ele está pisando com mais cuidado desta vez.

Buffett respondeu perguntas de acionistas no fim de semana que queriam saber por que ele não agia, oferecendo recursos, as empresas que clamavam por liquidez em meio a paralisações relacionadas a pandemias. Essa crise é diferente, disse Buffett.

"Houve um período antes do Fed agir, estávamos começando a receber ligações", disse Buffett na reunião de sábado. "Não eram ligações atraentes, mas estávamos recebendo ligações. E as empresas das quais estávamos recebendo ligações, depois que o Fed agiu, várias delas conseguiram dinheiro no mercado público, francamente, em termos que não teríamos dado. "

A reação cautelosa de Buffett à crise mais recente chamou muita atenção dos investidores. Embora a Berkshire tenha comprado US $ 1,7 bilhão de suas próprias ações no primeiro trimestre, ela foi uma vendedora líquida de ações até abril, quando perdeu participação em quatro grandes companhias aéreas americanas.

A abordagem parece colocá-lo no campo de outros investidores notáveis que pensam que os mercados podem não ter visto o pior impacto da pandemia. Buffett disse que a perspectiva de recomprar as ações da Berkshire não é muito mais atraente do que em janeiro, mesmo com a queda do preço das ações.

Buffett disse que não podia prometer que a Berkshire superaria o S&P na próxima década, mas ele poderia prometer não ser imprudente. Manter essa disciplina é gratificante para os investidores de longa data.

Buffett continua cauteloso com a crise atual, dizendo que o leque de possibilidades econômicas era "extraordinariamente amplo". Ainda assim, ele terminou a reunião com sua nota otimista clássica de que as pessoas nunca deveriam apostar contra a América. E deixou em aberto a possibilidade de que os dias de negociação da Berkshire retornem.

A Berkshire também não fez nada, mesmo com US $ 137 bilhões em caixa. Como tal, alguns dizem que sua perspectiva otimista não se alinha com suas ações nos últimos tempos. Mas Buffett explicou que o pânico não atingiu os mercados de ações e crédito na medida em que ocorreu durante a crise financeira de 2008 - ou não por tanto tempo, graças às medidas extraordinárias adotadas pelo Federal Reserve. Seus investimentos durante esse período "não foram feitos só para fazer uma declaração, foram feitos para tirar proveito do que pensávamos ser condições muito atraentes". Ele não está encontrando tantos investimentos atraentes agora, em parte por causa das ações do Fed, que eliminaram a necessidade de muitas empresas buscarem uma salvação de um investidor astuto, como Buffett.


O pânico nos mercados “mudou drasticamente quando o Fed agiu, mas quem sabe o que acontece na próxima semana, no próximo mês ou no próximo ano? O Fed não sabe. Não sei e ninguém sabe” (destaque meu), disse Buffett. "Existem muitos cenários diferentes que podem se desenvolver. E, em alguns cenários, gastaremos muito dinheiro. E em outros cenários, não vamos. "

Eu não participei dessa conferência, porém esses relatos feitos pelos jornalistas me fazem refletir sobre esse macaco velho. Me recordo que na outra crise em 2008, ele se tornou muito ativo, como comentado no início desse post, comprando participações acionarias em algumas empresas e bancos na bacia das almas. Desta vez, está muito mais cauteloso, basta ver a frase grifada acima.

De certa forma, me sinto confortado com a sua declaração, como venho comentando, nesta crise, não tenho convicção de como a economia vai se comportar no futuro. Sendo assim, vou reagindo conforme os fatos se sucedem.

Um pequeno comentário sobre a decisão do COPOM ao reduzir a taxa de juros SELIC para 3%. Na história brasileira, essa é a taxa mais baixa de juros nominais. Em termos reais, já se localiza levemente negativa. Outro fator de destaque, é que isso se deu num período onde a taxa de câmbio contra o dólar, sofreu uma desvalorização expressiva. Em situações anteriores, não seria normal a queda de juros nessa situação. A atratividade dos papeis de renda fixa pré-fixado são interessantes, e só tem esse comportamento, pela desconfiança do financiamento do déficit público, ocasionado também pela postura do Presidente que parece estar disposto a conceder benefício aos parlamentares para conseguir apoio. O risco é Paulo Guedes se encher, e pedir as contas!

No post extrapolação-temerosa, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “ No curto prazo os delimitadores se encontram anotados acima: para cima, é provável que superando U$ 1.746, novas altas serão obtidas; em contra partida no sentido inverso, o intervalo entre U$ 1.630 e U$ 1.600 deve conter o ouro, caso o cenário seja de alta” ...

Desde essa última publicação, o ouro recou levemente até U$ 1.668 e parece agora estar se preparando para novas altas. Mas isso só pode ser confirmado, caso, a máxima seja ultrapassada sem que haja um false break novamente. Desta forma, vou sugerir um trade de compra do metal a U$ 1.750, caso feche acima desse nível, com um stoploss a U$ 1.710 (anotado em verde).

Existe uma outra possibilidade, a da formação de um triangulo conforme demarcado a seguir (em laranja). Nesse caso, o preço provável de compra seria a U$ 1.695. Caso isso aconteça, prefiro dar a ordem mais à frente.

O ouro parece ser a recomendação da moda pelos gestores de recursos. O motivo parece bastante lógico, pois com taxa de juros 0% e a injeção maciça de recursos pelos governos, fica-se com a impressão de que as moedas estão perdendo valor, e na verdade perdem, em situação normal de temperatura e pressão. Porém, se a deflação for o caminho que vai se seguir, isso não é verdade. A moeda é o melhor ativo a se ter.

O SP500 fechou a 2.881, com alta de 1,15%; o USDBRL a R$ 5,8477, com alta de 2,34%; o EURUSD a € 1,0830, com alta de 0,32%; e o ouro a U$ 1.717, com alta de 1,85%.

Fique ligado!

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