Vivendo de mesada
O resultado dos dados de emprego nos EUA não é nada animador
para dizer pouco. Nesta sexta-feira serão publicados os dados oficiais. As
previsões são para demissões de 21,85 milhões com uma taxa de desemprego
pulando para 16%.
A publicação hoje do ADP, uma proxy dos dados oficiais, foi
sem precedentes. Os economistas esperavam 20,5 milhões e o resultado veio em
20,36 milhões. Agora, o mais chocante, é o gráfico histórico abaixo.
O detalhamento dos setores não apresenta muita surpresa de
quais os principais setores impactados: Hospitalidade e divertimento com 42%,
seguido pela construção com 12%. Em termos de grupos a indústria com 21% e os
serviços 79%. Mesmo a indústria representando uma parcela menor do PIB, cerca
de 10%, sua participação foi maior por conta que, pouquíssimos trabalhos poderem
ser feito em casa.
Um artigo recente do WSJ observou que isso criou incentivos
para algumas empresas conceder licença a seus funcionários, sabendo que eles
serão cobertos financeiramente enquanto a economia ficar fechada. Enquanto
isso, aqueles que ganham menos de US $ 50 mil por ano, serão totalmente
integralizados e possivelmente estarão mais bem remunerados com o desemprego.
A combinação de aumentar a oferta de dinheiro para pagar as
pessoas para não produzirem bens ou serviços, tem consequências sobre as quais,
muitas pessoas não estão falando.
Ultrapassa o conceito do mercado livre e é tão absurdo
quanto uma taxa de juros negativa. Um empréstimo que é perdoável não é
convencional, para dizer o mínimo, porque um empréstimo é normalmente definido
como um montante emprestado que se espera que seja devolvido com juros. Quando
um empréstimo é concedido ao primeiro a chegar, com o objetivo de pagar às
pessoas para não trabalhar, e é perdoável por ser garantido pelo governo dos
Estados Unidos, não devemos chamá-lo de empréstimo.
Pode ser chamado de socialismo, talvez intervencionismo, e
alguns ainda podem preferir o termo estatismo; mas uma coisa é certa, quando se
trata do programa de proteção de salário: não é capitalismo!
Uma estatística sobre o custo que a Covid-19 tem sobre a
economia não é um cálculo fácil. Porém, um mais direto, aponta que para cada
morte provocada pela corona vírus, ocasionou o desemprego de 434 americanos.
A qualquer pessoa que se pergunte se é melhor fazer um lock
down, ou deixar morrer mais pessoas para não parar a economia, tenho certeza de
que 100% respondera a primeira. Mas indo um pouco mais ao futuro, imaginando
que a economia se recupere de forma parcial, porém o desemprego ainda permaneça
muito elevado, se a mesma pergunta for feita para quem perdeu seu emprego, ou
mesmo quem não perdeu, não sei qual seria a resposta. A verdade é que viver de
mesada do governo não parece ser algo saudável e muito menos produtivo.
Quando eu vejo um gráfico com o P/L da bolsa americana fico
imaginado quem pode acreditar nessa fantasia. A grande maioria das empresas
estão se abstendo de informar quais são suas previsões futuras dado a grande
incerteza sobre como estarão suas vendas e lucros. Mesmo assim, os analistas fazem
suas projeções imaginarias e fazem esse cálculo. Agora, se o dono não sabe,
como o analista pode saber?
O gráfico a seguir fornece uma extensão da disparidade entre
diversos critérios para estimativa dos lucros futuros. Entre o mais otimista e
o mais pessimista, existe uma diferença de 50%. Isso significa que no caso
extremo a bolsa deveria estar 50% abaixo do nível atual.
Mas o mercado perdeu a razão? De certa forma entrou naquilo
que acredita e colocou a grande parte de suas fichas nas grandes empresas de
tecnologia: Amazon, Apple, Google, Microsoft e Facebook, que representam mais
de 20% do SP500. Veja a seguir a performance desse grupo contra o restante das
ações do índice.
No post saída-pelos-fundos, fiz os seguintes comentários
sobre o Ibovespa: ... “ existe uma alternativa dessa
correção, que poderia levar a bolsa até ao redor de 90.000” ... ... “ No
gráfico acima, apontei esses possíveis intervalos onde poderia ocorrer a
reversão que estou esperando - Notem, que o 1º intervalo já poderia ter
acontecido” ...
Na semana, mais trapalhadas do nosso Presidente, bem como a
piora dos casos de corona vírus, impactaram a bolsa negativamente, sem,
contudo, eliminar as opções que tracei acima. O gráfico com janela semanal a
seguir, se nota a falta de interesse no Ibovespa.
Parece que a bolsa brasileira está mofando com oscilações levemente
ascendente, mas nitidamente com o formato de uma correção. Nada de muito
motivador para cima nem para baixo, por enquanto.
No curto prazo, não tem faltado más notícias no Brasil, e
mesmo assim as quedas têm sido contidas, como aquele doente que está em
situação crítica, porem se observa melhoras pequenas diariamente. Vou aguardar
para qualquer posicionamento.
Minha esperança tem sido minada diariamente, com uma rotina
desmotivadora associada a um elevado grau de incerteza. É natural que isso
aconteça. Em dias assim, procuro não tomar muitas decisões, que acabariam tendo
um viés mais negativo. Amanhã é outro dia, será diferente de hoje? Let´s see!
O SP500 fechou a 2.848, com queda de 0,70%; o USDBRL a R$
5,7145, com alta de 2,44%; o EURUSD a € 1,0795, com queda de 0,40%; e o ouro
a U$ 1.683, com queda de 1,31%.
Fique ligado!
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