Cloroquina monetária

 

O evento da Covid-19 desencadeou uma atitude por parte dos governos que coloca os monetaristas de cabelo em pé. De forma geral, a injeção de liquidez nos sistemas mundiais se deu por 2 formas básicas: expansão monetária e expansão fiscal. A primeira está por conta dos bancos centrais enquanto a última pelo ministério da economia.

Nenhum país escapou dessa dupla dose, o que se pode discutir é o tamanho total, e cada uma delas.

Sobre a parte monetária o Fed definiu uma nova estratégia em relação a inflação, dizendo que daqui em diante irá levar em consideração a inflação média de um período, sem revelar os detalhes dessa fórmula. Nitidamente, quis induzir os investidores a assumir risco, pois não pretende subir os juros mesmo que a inflação ultrapasse a meta de 2% a.a.

Hoje foi a vez do ECB, a presidente Christine Lagarde disse que vale a pena examinar uma estratégia no estilo do Federal Reserve que permite que a inflação suba temporariamente acima da meta da instituição.

Uma política de se comprometer a compensar a inflação baixa depois de perder a meta por um tempo "poderia ser examinada" como parte da revisão estratégica da instituição, disse Lagarde em uma conferência em Frankfurt na quarta-feira.

"Se for crível, tal estratégia pode fortalecer a capacidade da política monetária de estabilizar a economia diante do limite inferior". "Isso ocorre porque a promessa de superação da inflação eleva as expectativas de inflação e, portanto, reduz as taxas reais de juros."

As observações de Lagarde são, sem dúvida, o sinal mais forte ainda de que o BCE mudará sua meta, depois de ficar aquém do alvo "abaixo, mas perto de 2%" por anos, apesar do estímulo monetário maciço. Embora o presidente tenha dito que não estava apresentando conclusões, ela observou que fatores estruturais como a globalização estão mantendo a inflação subjugada.

Ela não comentou sobre as perspectivas imediatas para a política monetária, embora tenha dito que a ancoragem das expectativas de inflação baseadas no mercado de longo prazo poderia ter "suavizado".

O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann , falando no mesmo evento, pediu aos formuladores de políticas que tenham cuidado em fazer mudanças na estratégia do BCE, e repetiu seus avisos de que as compras de títulos em larga escala poderiam ofuscar a linha entre a política monetária e fiscal.


A recessão recorde causada pelo surto agravou o desafio. Alemanha, a maior economia da Europa, relatou o declínio mais acentuado nos preços ao consumidor em mais de cinco anos nesta terça-feira.

Lagarde reconheceu que os preços na região diminuirão nos próximos meses, mas diz que eles devem aparecer novamente no início de 2021. Isso pode não ser suficiente para alguns formuladores de políticas, que começaram a preparar o terreno para mais estímulos monetários.

O membro do Conselho Executivo Fabio Panetta argumentou que o risco de fornecer muito estímulo é menor do que ser "muito tímido", e o governador do Banco da Espanha, Pablo Hernandez de Cos, disse que as pressões fracas de preços mostram que "não há espaço para complacência".

O BCE prometeu comprar até 1,35 trilhão de euros (US$ 1,6 trilhão) em títulos públicos e outros ativos sob um programa de emergência pandêmica, e é amplamente esperado que anuncie um impulso até o final do ano.

As últimas projeções do Banco Central mostram uma média de inflação de apenas 1,3% em 2022. A valorização do euro este ano está dificultando a tarefa ao pesar sobre os preços de importação.

Tudo indica que os preços da economia passam por uma deflação estrutural ocasionada por: terceirização da indústria que buscou produzir em locais com menor custo de mão de obra; uma onda tecnológica na busca de diminuir os preços cortando os intermediários; e uma abundância de mão de obra.

Entretanto, os bancos centrais continuam com as mesmas atitudes de injetar liquidez sem que houvesse resultado concreto em qualquer parte do mundo, basta ver os níveis de juros, que mesmo antes da pandemia, tendiam a 0%. Depois da pandemia, os emergentes também entraram nesta dança.

Talvez fosse necessária uma nova teoria econômica a esses novos tempos, pois injetar liquidez no sistema, está parecendo tratar a pandemia financeira com cloroquina! Hahaha ...

No post copo-14-cheio, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “O triângulo foi inviabilizado na segunda-feira, quando o nível inferior de U$ 1.902 foi rompido, colocando o trade em andamento sob risco de ser stopado” ... Queria fazer um esclarecimento sobre a forma com me expressei acima. Na verdade, o triangulo como eu havia imaginado foi rompido, sendo assim, a conclusão que se segue está correta. Porém, uma outra forma de classificar o triangulo era válida, e poderá ser observado a seguir, entretanto, nada muda nas conclusões que se seguiram.

Depois de atingir a mínima de U$ 1.847, uma recuperação pode estar em curso. Daqui em diante, vislumbro 2 possibilidades: ou a correção ainda está em andamento que levaria o ouro a U$ 1.773 (branco), ou a alta que eu estava esperando já começou (amarelo). Mostro essas opções a seguir

Neste momento não existe segurança de nenhuma das opções. Uma pista de nível: se o metal ultrapassar U$ 1.990, é bem provável que a segunda opção esteja em voga; contrariamente, abaixo de U$ 1.847, ganha força a correção em andamento. Como não estamos aqui para adivinhar, aguardo o mercado dizer o que pretende.

O SP500 fechou a 3.363, com alta de 0,83%; o USDBRL a R$ 5,6135, com queda de 0,37%; o EURUSD a 1,1720, com queda de 0,20%; e o ouro a U$ 1.886, com queda de 0,60%.

Fique ligado!

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