A dependência das drogas

O Mosca não precisa enfatizar os malefícios de ser viciado, principalmente em drogas. É muito fácil entrar e muito mais difícil sair, normalmente começa com alguma fraqueza de momento. Este tipo de dependência também está presente nos mercados internacionais nos dias de hoje. Desde 2008, quando da eclosão da grande recessão, que não é tão grande assim hoje, os bancos centrais ao redor do mundo iniciaram um movimento de injeção de liquidez através da compra de ativos. Os leitores antigos lembram a associação que criei com o dinheiro arremessado por helicópteros. Essas aeronaves estavam espalhadas por todos os cantos.

Agora com o evento da Covid-19, os helicópteros não deram vazão ao volume ofertado, foi necessário os B-52, bombardeiro usados em missões de alta intensidade. E o mercado está viciado, e como todo viciado, não tem limites no seu consumo

Ontem na reunião do Fomc, o banco central americano não tinha muito a oferecer em termos de novas ações. Mas as palavras podem substituir as ações? O Federal Reserve emitiu uma declaração de política prometendo levar a inflação acima de 2%. Em suas projeções, as autoridades indicaram que isso significaria manter as taxas de juros perto de zero pelo menos até 2024 e até que o desemprego caia para 4%.

“Esta orientação para o futuro muito forte, uma orientação para o futuro muito poderosa, que anunciamos hoje, fornecerá um forte apoio para a economia”, disse o presidente Jerome Powell aos repórteres. Para enfatizar, ele usou a palavra “poderoso” dez vezes na entrevista coletiva.

Essa orientação futura foi uma consequência lógica do anúncio do banco central no mês passado de que agora tinha como meta uma inflação média de 2%. Como a inflação agora está abaixo de 2%, isso significará colocá-la acima de 2% e mantê-la por algum tempo.

Para que a orientação futura - palavras, ao contrário de ações políticas - funcione, é preciso persuadir os investidores de que o Fed manterá as taxas de juros em algum nível predefinido, que deve então repercutir em outros preços financeiros, como rendimentos de títulos, impulsionando o crescimento econômico e eventualmente a inflação.

As palavras do Fed antes de quarta-feira estavam surtindo algum efeito, mas você precisa arregalar os olhos para ver. Desde julho, a inflação esperada aumentou modestamente e os rendimentos dos títulos ajustados pela inflação caíram em um valor semelhante.

A razão para esse impacto modesto é que com as taxas de juros de curto prazo já em zero e as taxas de longo prazo abaixo de 1%, persuadir os investidores a permanecerem em zero por mais tempo não é muito difícil.

Powell insistiu que o Fed não está "sem munição. Temos muitas ferramentas. Temos as ferramentas de empréstimo.” Já esgotou sua munição de juros de curto prazo e está comprando mais de US $ 100 bilhões em dívidas por mês. O Congresso e o Tesouro forneceram ao Fed US $ 75 bilhões de capital para sustentar até US $ 600 bilhões em empréstimos a pequenas e médias empresas, mas até agora ele emprestou apenas cerca de US $ 2 bilhões.

Os poderes de empréstimo do Fed são voltados para crises de liquidez - para evitar que bancos e empresas fundamentalmente saudáveis ​​entrem em colapso devido a uma escassez temporária de dinheiro. Ao contrário de 2008, quando o sistema financeiro sofreu uma crise de liquidez, as empresas hoje enfrentam uma crise de solvência: um colapso prolongado nas receitas por causa da pandemia. Mesmo com o Congresso cobrindo perdas com empréstimos, o Fed tem que acreditar que está emprestando para uma empresa solvente, observou Powell.

Portanto, apesar das palavras "poderosas" do Fed e das inúmeras ferramentas, Powell mais uma vez implorou ao Congresso e ao governo que injetassem mais ajuda fiscal na economia. A ausência de apoio fiscal "aparecerá em coisas como despejos e execuções hipotecárias e ... coisas que marcarão e prejudicarão a economia".

Por enquanto, as palavras de Powell podem se provar mais poderosas não por influenciar investidores, mas por influenciar o Congresso.

Antigamente o mercado ficava avido para buscar alguma informação adicional no dots, que espelha a expectativa de cada membro sobre os juros, sem que seja identificado a quem pertence cada projeção. Esse era o quadro mais divulgado no dia seguinte da reunião. Nesse momento não consegui encontrar os dots em nenhum noticiário, tive que ir até o site do Fed.

O que se pode extrair desse documento? Que a taxa de juros via ficar onde está até 2023 (apenas poucos membros acreditam que estará em 0,5%) e no longo prazo entre 2% e 3%. Resumindo em meu entender: Não tem a menor ideia o que vai acontecer com a economia, mas que mesmo assim irão manter o juro em 0,25%, faça chuva ou faça sol.

Mas tudo isso não foi suficiente para saciar o desejo do mercado, ele queria mais. Essa foi a razão para a queda observada nos mercados de risco logo em seguida.

Não sei como estarão os mercados daqui a uma semana, é provável que se acalmem, pelo menos por esse motivo, afinal, é melhor manter a “cocaína financeira” no nível atual, do que cortar – no caso diminuir os recursos. Fico imaginado se algum dia, um banco central terá coragem de enxugar essa liquidez!

No post mudança-comportamental fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq100: ...” A correção Pequena teria com o objetivo atingir a mínima de 11.000, ou mais provável 10.200 (notem que a cor azul e verde informa o que é mais provável). Os movimentos de curto prazo, nos dará informação para identificar em qual dos casos o Nasdaq 100 se encaixa” ...

O indicie Nasdaq100 ainda não se resolveu em qual dos dois cenários se encaixa (correção Pequena ou Grande), mas já nos deu uma pista de até onde deve chegar se for a primeira. Conforme apontei acima, o nível de 11.000 já foi atingido, e se fosse o caso de reversão, já deveria ter dado indicações de alta, o que foi abortado com a queda de hoje.

Sendo assim, o nível ao redor de 10.200 passa a ser o candidato mais forte para que ocorra a reversão, desde que, se contemple a correção Pequena. Mas inicialmente, precisaria romper o nível de 11.000.


Peço aos leitores que não se entretenham com os diversos números e corres que aparecem no gráfico, pode parecer muito confuso para quem não conhece a teoria de Elliot Wave – e, é! Mas por outro lado, a força do aplicativo que comecei a usar, é verificar se em cada barrinha de dados não existe alguma inconsistência. Fantástico, deste ponto de vista.

Nesse momento são necessárias algumas observações: a) Não acredito que a correção tenha terminado, porém, se a bolsa começar a subir e ultrapassar 11.900 vou ficar bem desconfiado que terminou; b) na queda, o nível de 10.200 deveria conter essa correção, caso continue abaixo desse nível, a chance da correção Pequena diminui consideravelmente, entrando em cena a correção Grande.

Venho observando que o volume de leitura do Mosca tem crescido significativamente, uma alta de quase 3/4 vezes o que costumava a ser, até um tempo atrás. Por exemplo, nas últimas 24 horas foram 713 visitas. Sinto a cada aumento desses como minha responsabilidade aumenta.

O post completou recentemente 9 anos ininterruptos, e nesse tempo, mudei sensivelmente a apresentação e o conteúdo, mas mantive o conceito de dividir o conteúdo em 2 partes: incialmente algum assunto de interesse com visão econômica; e depois a análise técnica. Deve ser isto que atende os meus leitores, não saberia dizer qual é mais importante. É como um cachorro quente precisa de uma Coca-Cola, os dois são importantes.

Até o momento, o número de post publicados é de 2.168 e o número de visitas 337.699. Sou um cara de números, não nego isso, para dizer a verdade me orgulho. Não foram poucas as vezes que fiz o cálculo de quanto tempo demoraria para atingir 1.000.000 de visitas. Com a quantidade de leitura antiga, demoraria muitos anos, a tal ponto que ficava em dúvida se chegaria lá, afinal, no próximo ano mudo de decêndio, e não tenho 30 anos! ou quem sabre até quando estaria em boas condições. Mas agora, com essas novas estatísticas, chegarei lá em 2024, bem factível. Só tenho a agradecer a confiança dos leitores por permitir sonhar com esse número.

Muito obrigado!

O SP500 fechou a 3.357, com queda de 0,84%; o USDBRL a R$ 5,2320, com queda de 0,11%; o EURUSD a 1,1847, com alta de 0,28%; e o ouro a U$ 1.946, com queda de 0,68%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Sigo aqui acompanhando os textos publicados e verificando vários pontos de vista sobre o mercado. Parabéns pelo Blog!

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