O petróleo vai se aposentar?

 

Que o mundo está no caminho de reduzir o uso de petróleo como fonte de energia é um fato, mas se isso é factível num horizonte de médio prazo é duvidoso. Um trabalho elaborado pelo JP Morgan fornece informações abrangentes sobre esse tema.

Os recentes aumentos de emissões vêm principalmente de economias emergentes, mas motivado por quais razões. Os países desenvolvidos vêm se desindustrializando há 25 anos, o que mudou fabricação com uso intensivo de carbono de aço, cimento, amônia e plásticos para o mundo emergente. Em outro palavras, os países emergentes agora produzem bens industriais de que precisam, além do que também produzem para o mundo desenvolvido. Qualquer discussão sobre emissões e cargas regionais deve refletir essas realidades.

Esquecendo a redução de emissões; vamos apenas pensar sobre manter as emissões estáveis. As emissões das economias emergentes aumentaram 3% a.a. desde 2007 enquanto nos países desenvolvido as emissões mundiais diminuíram 0,7%. Supondo que as emissões de economias emergentes cresçam no mesmo ritmo e que o mundo desenvolvido deva emitir menos. Para manter as emissões globais estáveis, o mundo desenvolvido precisaria reduzir as emissões em ~ 4% ao ano, o que é 5x-6x mais rápido do que o ritmo atual. Se isso seria o suficiente para evitar que os oceanos continuem a aquecer, não está claro, mas seria um movimento na direção certa.

Como os países desenvolvidos e em desenvolvimento podem acelerar o ritmo de descarbonização? O gráfico abaixo mostra como a energia primária é usada para gerar eletricidade (à esquerda); e a direita, a composição de toda a energia consumida, incluindo eletricidade, discriminada por usuário final.

Principais conclusões: até agora, a descarbonização ocorreu principalmente na rede. A participação de 17% da eletricidade no consumo global de energia limita o potencial de descarbonização da rede; a eletricidade e a descarbonização também terão de fazer avanços substanciais no uso industrial. Embora as tecnologias sejam agora disponíveis para conseguir eletrificação parcial de certos processos industriais, as evidências de tais transições são muito limitados, mesmo em jurisdições com impostos de carbono. A eletrificação da indústria deve obedecer a leis químicas e físicas, bem como econômicas.

No transporte, há um plano em muitos países para a adoção rápida de veículos elétricos, mas a evidência fica sob judice sobre com que rapidez que isso ocorrerá. Em 2019, a participação de veículos elétricos, nas compras globais de veículos elétricos (EV) foi de 2,5%, enquanto nos EUA, a participação de EV foi de 1,9% (ambas as ações aumentaram de ~ 1,2% em 2017); isso soa mais como uma escaramuça do que uma revolução.

E, finalmente, a questão do depósito de carbono. Após 20 anos em desenvolvimento, apenas instalações de captura de carbono armazenam 0,1% das emissões globais a cada ano, e ainda não há um plano viável para a captura direta de ar ou outras formas de CO2 em escalas significativas. Mesmo algo simples e benéfico como o reflorestamento é muitas vezes amplificado, muito além de seu potencial real.

Esses dados fornecem um quadro menos promissor para quem espera uma redução significativa na redução de CO2. Mas a perspectiva de queda pode desencadear uma disputa de longo prazo entre as nações.

Embora haja pouco consenso sobre o momento, a maioria espera que a demanda por petróleo atinja o pico nos próximos anos - se ainda não foi. A gigante do petróleo BP argumenta que 2019 pode ser o pico. Outros esperam que o declínio comece em meados da década de 2020, ou mesmo em meados da década de 2030.


A ameaça de redução da demanda, sempre que vier, mina uma estratégia que regulou o mercado por quase um século: em tempos de fartura, os produtores rivais concordaram em bombear menos hoje para aumentar os preços para um amanhã mais lucrativo. Essa abordagem não faz mais sentido se a demanda cair de forma consistente. As nações produtoras provavelmente ficarão impacientes com a venda de seus suprimentos e competirão para obter o petróleo bruto.

Este ano, um excesso de petróleo, juntamente com uma queda na demanda induzida por coronavírus, de 20%, proporcionou um vislumbre desse futuro. O pico pode ser seguido por um platô ou declínio suave, em vez de uma queda abrupta. Assim que a demanda começar a diminuir, no entanto, os preços serão mais voláteis e entrarão em uma trajetória de queda, assim como fizeram com o carvão e o óleo combustível para geração de energia, diz Artyom Tchen, da pesquisadora Rystad Energy.

Se os países produtores começarem a acreditar que seus barris podem ficar presos no solo, o mercado pode degenerar ainda mais. O resultado pode ser uma reminiscência de seus primeiros anos, quando a produção do “Velho Oeste” drenava poços e esmagava os preços. Sem a Opep, os preços médios anuais teriam sido quase duas vezes mais voláteis nas últimas três décadas, de acordo com uma análise de Bassam Fattouh, do Oxford Institute for Energy Studies.

Para ter certeza, os cortes na exploração devem compensar parte do impacto da redução da demanda. Este ano, as grandes empresas de petróleo ajustaram suas previsões, levando a grandes baixas contábeis, novos critérios de investimento e orçamentos de capital mais baixos. Os produtores europeus planejam fazer a transição para fontes de energia com baixo teor de carbono, enquanto os bancos restringiram suas exigências de empréstimos. Tudo isso resulta em menos dinheiro para perfurar novos poços de petróleo.

No entanto, em nível global, a oferta provavelmente permanecerá surpreendentemente robusta, dada a quantidade de produção que está nas mãos de campeões nacionais com objetivos políticos e financeiros. Uma nova disputa de longo prazo entre os inimigos das nações produtoras rivais está em jogo, mesmo que ainda não exista. Os próximos 50 anos para o mercado de petróleo provavelmente não se parecerão muito com os últimos 50.

Com esse cenário misto, como o Mosca imagina qual será o preço do petróleo no futuro? Como diz o ditado essa é uma briga de cachorro grande. Mas humildemente, sem ter a menor opinião sobre o fundamento deste mercado, me aventuro a fornecer uma ideia usando a análise técnica.

Nesse gráfico de longo prazo com janela mensal, vislumbro um pequeno recuo de curto prazo para em seguida atingir uma cotação próxima a U$ 50. Em seguida, um movimento de queda deveria culminar com uma cotação ao redor de U$ 15, isso lá para 2025. O gráfico não parece animador para os produtores.

No post a-dependencia-das-drogas, fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq100: ...” o nível ao redor de 10.200 passa a ser o candidato mais forte para que ocorra a reversão, desde que, se contemple a correção Pequena” ... ... “Nesse momento são necessárias algumas observações: a) Não acredito que a correção tenha terminado, porém, se a bolsa começar a subir e ultrapassar 11.900 vou ficar bem desconfiado que terminou; b) na queda, o nível de 10.200 deveria conter essa correção, caso continue abaixo desse nível, a chance da correção Pequena diminui consideravelmente, entrando em cena a correção Grande” ...

Passado uma semana e estamos praticamente na mesma situação, pois o nível é praticamente o mesmo. Mas, se pode estreitar os intervalos de verificação. No gráfico a seguir, dentro do retângulo, se encontram 2 níveis que se rompidos nos dão alguma pista.
Acima de 11.250 – Caso isso ocorra, aumentam a chance para considerar a correção Pequena, embora não seja definitivo, deveríamos avaliar o shape dessa alta.

Abaixo de 10.650 – Nesse caso, o nível de 10.200 deveria ser testado, e para que se caracterize como a correção Pequena, é “saudável” que pare por aí.

- Saudável! O que você quer dizer com isso?

Puxa você não dá nenhum refresco! Ao invés de colocar que esse nível não é definitivo, quis enfatizar que seria desejável que o índice revertesse nesse patamar. Caso contrário, vou ficar dividido entre os dois cenários, pois, pode ainda ser a correção Pequena, mas também pode ser indicação da correção Grande.

O SP5000 fechou a 3.246, com alta de 0,30%; o USDBRL a R$ 5,5089, com queda de 1,53%; o EURUSD a 1,1671, com alta de 0,12%; e o ouro a U$ 1.868, com alta de 0,24%.

Fique ligado!

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