Quanto posso perder? #gold #ouro
Acredito que os leitores conhecem o instrumento que mede a volatilidade da bolsa americana cujo acrônimo é VIX, para quem não conhece a definição aqui segue uma breve discrição: “O VIX (CBOE Volatility Index) é um índice de referência projetado especificamente para rastrear a volatilidade do S&P 500. O VIX é calculado usando uma fórmula para derivar a volatilidade esperada pela média dos preços ponderados de put — opção de venda, e calls — opção de compra fora do dinheiro. É interpretado como volatilidade implícita anualizada de uma opção hipotética no índice de ações S&P500 com 30 dias para expirar, com base nos preços das opções S&P500 de curto prazo negociadas no CBOE”. Em outras palavras, o indicie é tão mais elevado quanto mais incerteza existe entre os investidores. Por último, a volatilidade pode ser elevada porque os preços sobem ou caem bastante, mas o VIX é superior quando as bolsas caem.
O período vivido
está entre os raros momentos que se observa tamanha indefinição sobre o futuro.
Entretanto, a maioria dos analistas espera que a economia americana vá entrar
em recessão. Na política monetária, os juros se elevaram rapidamente visando
combater a inflação “temporária definitiva”, colocando outra indefinição no
nível que vai parar e quando o Fed vai iniciar o movimento de queda. Os
mercados ficam oscilando de um lado para o outro no quesito juros e a bolsa com
pequenas oscilações, o que é incomum. John Authers publicou na Bloomberg sobre
esse quebra-cabeça quando compara a volatilidade da bolsa através do VIX em
relação a volatilidade dos bonds cujo acrônimo é MOVE: “O índice MOVE mede a
liquidez e a volatilidade dos preços dos bonds. É calculado tomando a média
ponderada da volatilidade implícita normalizada nas opções do título do Tesouro
de um mês com um preço de exercício a uma distância fixa do rendimento atual do
Tesouro”.
Enquanto as ações estão calmas, os bonds não
estão — e isso não deve acontecer
Com enfoque realmente técnico, Christopher Jacobson, do Susquehanna International Group, aponta que os níveis de “vol of vol” parecem ter encontrado um piso nas últimas semanas e agora estão aumentando, mesmo quando o próprio VIX cai. Desde o final de março, o VIX caiu quase 12%, enquanto o VVIX, medindo a volatilidade do VIX, subiu 3%. Portanto, é possível que a volatilidade das ações esteja em processo de alta.
Alguns
sugeriram a esperança do mercado de que o Federal Reserve alivie seu agressivo
aperto na política monetária no segundo semestre do ano como a razão para a
reação silenciosa do VIX. Com base nesse argumento, a crise bancária apenas
melhorou a chance de cortes de juros e, acalmou o VIX. Os traders de swaps
estão agora precificando um aumento final em maio. Mas se a história é um guia,
os cortes de juros do Fed tendem a ocorrer apenas quando o VIX é maior do que
sua média de longo prazo de 20, escreveu Nicholas Colas, co-fundador da
DataTrek Research, em uma nota na quarta-feira. Ele pergunta: “O Fed realmente
cortará os juros se os mercados de ações permanecerem quietos durante todo o
ano? O registro histórico sugere que isso é improvável.”
Mergulhando
mais fundo, Colas analisou a relação histórica entre o VIX e a taxa de fundos
federais. O gráfico abaixo mostra o VIX (linha preta) e a taxa dos Fed funds
(linha vermelha) que remontam a 1990. A linha tracejada é a média do VIX de 20:
Algumas conclusões de Colas: o Fed muitas vezes, mas nem sempre, corta as taxas quando a volatilidade do mercado de ações aumenta acentuadamente. Exemplos, incluindo a invasão iraquiana do Kuwait em 1990, a Crise Asiática de 1998, a entrada nas recessões de 2002 e 2008 e o início da pandemia de 2020, provam esse ponto. E a maior volatilidade do mercado de ações nem sempre anda de mãos dadas com um ciclo de aperto do Fed. Por exemplo, os níveis de VIX foram mais baixos durante o ciclo de taxas de 2004 – 2007 e a maioria do ciclo de 2016 – 2019:
Quase
certamente precisamos de um aumento na volatilidade do mercado de ações para
pressionar o Fed a afrouxar como esperado no segundo semestre de 2023. O
mercado está muito longe de dizer ao Fed que eles precisam reduzir as taxas de
juros de curto prazo. Entre agora e os cortes de juros esperados no final deste
ano, precisamos, portanto, observar o tipo de volatilidade que leva o Fed a
agir. Caso contrário, por que o Fed faria algo além de manter as taxas onde
estão? No que nos diz respeito, este é o verdadeiro “Fed put”.1
1 “Fed
put” foi uma expressão criada pelo mercado para definir a atuação do Fed
baixando os juros para prevenir um declínio catastrófico do mercado.
As ações dos
EUA avançaram acentuadamente no acumulado do ano, com o S&P 500 subindo acima
de 8% e o Nasdaq 100, pesado em tecnologia, registrando ganhos de dois dígitos.
Mas os ventos contrários permanecem, incluindo a inflação persistente, os
crescentes riscos de recessão e um desastre no teto da dívida.
Além do VIX,
muito falado é também o índice ICE BofA MOVE ponderado pela curva de
rendimentos, uma medida de volatilidade do Tesouro observada de perto. Ele despencou 40% após atingir seu ponto mais alto desde 2008 em março e mais do que
dobrar a partir do final de janeiro.
Stan Shipley,
da Evercore ISI, apontou para a crescente lacuna entre as métricas de
volatilidade implícitas dos mercados de Tesouro e ações, que historicamente
tiveram uma alta correlação. Muito disso se deve a diferentes perspectivas
macroeconômicas:
O índice
“Move” é bastante alto (território de recessão) e é consistente com um clima
econômico volátil e choques financeiros que agitam os rendimentos do Tesouro. No entanto, a volatilidade das ações é baixa.
A macroperspectiva para a volatilidade das ações está mais próxima de um pouso
“suave”, onde os rendimentos não se movem significativamente nem há um ataque
de choques financeiros que agitam os preços das ações e os spreads de crédito.
As lacunas não
são sem precedentes — ocorreram em 2015 e no final de 2020 até o início de
2021. No entanto, Shipley observa que o atual durou mais do que o esperado:
“Essa lacuna já tem quase 14 meses. Já se passaram vários meses devido ao
estreitamento.”
Argumentos
semelhantes se aplicam ao setor de tecnologia, onde as empresas são atualmente
percebidas como beneficiando de rendimentos mais baixos dos títulos. A empresa
de pesquisa Quant Insight vê dois cenários sob os quais as ações de tecnologia
parecem bastante precificadas:
- Se o mercado de taxas estiver
muito pessimista e os rendimentos dos títulos subirem, isso remove um
pilar crucial que sustenta o desempenho superior da tecnologia.
- Se a visão de ações estiver
errada, provavelmente veremos um mercado com avaliações otimistas
enfrentando uma recessão, crise de crédito, reação de risco com
volatilidade crescente e spreads de crédito mais amplos. Então, a
tecnologia na totalidade parece vulnerável.
Para o mercado
todo, ou os rendimentos dos títulos se acalmam ao se estabelecerem em um nível
mais alto devido à inflação sustentada ou se estabelecem mais baixos devido à
desaceleração da economia. De qualquer forma, podemos esperar uma reação
todo-poderosa das ações. O elo comum é que seria sensato se preparar para
mais volatilidade das ações.
A relação
entre o VIX e o MOVE se encontra em níveis historicamente baixos como mostra o
gráfico a seguir que mede o primeiro contra esse último. O mais interessante é
que nesse momento, o indicador é baixo mais pela queda do VIX.
— David, chega de tanta tecnicidade e diz logo o porquê dessa distorção.
Não tenho a menor ideia, e não sou só eu, não encontrei
nenhuma explicação plausível. O que encontramos são analistas sugerindo que a
volatilidade pelo VIX suba, e desta forma, se deveria posicionar para tanto.
Mas, sem saber o motivo da queda, comprar só por que caiu muito?
Isso me lembra uma ocasião no final da década de 80 quando
um colega veio a mim com uma operação ótima. O BOJ havia levado a taxa de juros
a 0%, e no mercado de opções se podia apostar comprando uma call de juros cujo
nível de exercício era 0,25% a.a., pagando um prêmio ínfimo. Seu argumento: O
que se pode perder? Fizemos a operação e perdemos o que se podia perder, o
prêmio! A taxa de juros ainda hoje é de 0%! Será que o VIX vai ser mais um caso cuja justificativa é: Quanto posso perder?
No post existe-retorno-de-3612 fiz os seguintes comentários sobre o ouro: …“ Partindo dessa premissa (término), a onda 2 estaria em curso e se espera que essa queda atinja algum nível compreendido no retângulo, e será onde provavelmente vou sugerir um trade de compra” …
O ouro deu um primeiro passo no sentido que estava esperando caindo 5 ondas (não visível nessa janela) até U$ 1.969. Mas como podem observar a seguir, ainda existe um longo caminho até que a onda 2 termine — pelas projeções do modelo isso deveria ocorrer em julho deste ano.
Vale algumas observações para me certificar que o término citado no post acima ocorreu, além de uma formação no curto prazo um pouco suspeita, conforme explico a seguir: a onda i está ok — veja suas subdivisões, mas a onda ii formou uma configuração que merece acompanhamento. Nada errado, mas importante verificar. Se o ouro começar a cair, e principalmente abaixo de U$ 1.969, fica mais tranquila na minha análise. Porém, se ao invés disso, mantêm a alta e ultrapassa U$ 2.023/ U$ 2.034, ficarei bem desconfiado que algo diferente acontece.
O SP500 fechou a 4.129, com queda de 0,60%; o USDBRL a R$ 5,06 com queda de 0,33%; o EURUSD a € 1,0962, sem variação; e o ouro a U$ 2.004, com alta de 0,56%.
Fique ligado!
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