Camaleão ou mentiroso #usdbrl


A deterioração do governo está se acelerando, observo que a cada dia um novo grupo entra na retórica da crítica. Parece fazer muito tempo que aquelas imagens e discursos inflamados deixava os adeptos do presidente com muita esperança, passados menos de 4 meses o que se nota são inúmeras CPI na fila, o que será mais uma dor de cabeça.

Eu elencaria 3 principais fatores responsáveis por essa deterioração acelerada: uma base eleitoral que já começou muito dívida e mesmo dentro de seus partidários uma boa parte eram contra o oponente e não a seu favor; uma maneira retrograda de enfrentar a nova economia com a escolha de colaboradores obsoletos em ideias; e ter que governar com uma nova realidade das mídias sociais onde todo deslize é amplamente divulgado, diferentemente do que ocorreu em seu mandato passado. Alia-se a idade avançada do presidente que tende a uma postura mais “medrosa” característico dessa fase da vida.

Tenho afirmado que em 6 meses o governo não conseguirá mais aprovar seus projetos, porém, pode ser que esse prazo se acelere. Alguns sinais de nervosismo ficam aparente como a entrevista dada por Fernando Haddad ao Estadão que com um tom policialesco diz querer abrir a caixa preta das renúncias fiscais como se as empresas que lá se encontram praticam algum ilícito fiscal. Cortar despesas, o que seria o correto para ajustar o déficit fiscal, nem pensar. Tudo indica que está sendo pressionado pelo mercado que não gostou de seu Arcabouço Fiscal e do presidente e seus compinchas que pressionam do outro lado. Não é de sua personalidade ser agressivo.

Um artigo publicado por Eduardo Porter na Bloomberg acrescenta a lista de críticas cujo título emprega um termo em inglês “Bromance" para a relação entre Lula e os chineses. Essa palavra, segundo o Bing, é uma gíria em inglês que significa um relacionamento íntimo, não-sexual e romântico entre dois (ou mais) homens, uma forma de intimidade homo social. A junção de brother com romance, equivalente em português a “você é meu irmão”.

Quando Luiz Inácio Lula da Silva deixou Washington em fevereiro, fechando apenas sua segunda viagem ao exterior desde que assumiu a presidência brasileira no mês anterior, seus conterrâneos não conseguiram esconder sua decepção com o apoio sem brilho dos EUA à prioridade mais crítica: US $50 milhões para parar o desmatamento na Amazônia. A quantidade era tão pequena, observou a imprensa brasileira, que "não foi citada na declaração conjunta" da visita de Lula à Casa Branca.

Aparentemente, bastou alguma agitação com o presidente Xi Jinping em Pequim, com um lado do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em Brasília, para concentrar a mente de Washington na lista de desejos do brasileiro. Após uma viagem à China em que Lula disse que Washington e Kiev compartilhavam a responsabilidade pela guerra na Ucrânia, reclamou do domínio do dólar e falou sobre a perspectiva de fazer mais negócios com Pequim. O governo Biden respondeu na quinta-feira com uma oferta de US$ 500 milhões pelo Fundo Amazônia, criado por Lula em 2008 durante seu segundo mandato para atrair apoio internacional para sua agenda ambiental.

Apenas a Noruega, com muitos petrodólares para financiar os esforços ambientais em todo o mundo, deu mais. O Brasil "é grato pela confiança e pela contribuição americana para o fundo", disse a Presidência brasileira em comunicado à Bloomberg News. Tem muito a agradecer. Não apenas conseguiu uma promessa de dinheiro. Ele descobriu uma estratégia matadora para construir apoio para o desenvolvimento do Brasil: apenas explorar o medo ilimitado de Washington de Pequim.

Irritado como pode estar com a posição de Lula em relação ao dólar ou o tapete vermelho estendido para Lavrov na capital brasileira, o governo Biden está certo em jogar bem e acomodar a estratégia de Lula. O Brasil é um parceiro potencialmente vital que poderia ajudar a enfrentar as muitas crises que surgem em todo o hemisfério, da Venezuela e do Haiti ao rio de migrantes que fogem de vários outros incêndios nacionais em lixeiras em toda a região.

Mas, assim como seria um erro para o governo Biden deixar as reflexões de Lula sobre a reconfiguração do poder mundial em torno dos BRICS pairarem como uma nuvem sobre o relacionamento, Lula também deve tomar cuidado para não exagerar em sua mão. O abraço da China poderia facilmente ficar muito apertado para o conforto.

Vários comentaristas brasileiros argumentaram que as prioridades domésticas de Lula são muito  mais urgentes do que qualquer agenda de política externa. Ele precisa de crescimento econômico agora para reforçar o apoio decrescente dos eleitores. Deve fazer o que puder para parecer amigável aos interesses do agronegócio brasileiro, os quais são em sua maioria apoiadores ferrenhos de seu rival de direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A China, o maior mercado de exportação do Brasil, para o qual vendeu US$ 60 bilhões em soja, carne bovina e outras matérias-primas em 2020, pode ajudar a entregar com ambos. A visita de Lula rendeu 15 negócios, de semicondutores a energia, no valor de cerca de US$ 10 bilhões. A chinesa BYD está negociando a compra de uma fábrica brasileira ociosa pela Ford, que deixou o Brasil em 2021, para fabricar carros elétricos no país.

Após observar com pesar a saída de empresas americanas, Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil, disse que a visita de Lula à China equivalia a "um novo desafio para o Brasil: trazer investimentos diretos da China" para sustentar "uma política de reindustrialização". As multinacionais dos EUA não conseguiram proporcionar desenvolvimento econômico. Hora de dar uma chance às multinacionais chinesas.

Há algum perigo para a nova abordagem do Brasil, no entanto, começando com o histórico menos do que estelar do país com a política industrial, que o sobrecarregou com um conjunto de gigantes protegidos e não competitivos.

Além disso, a própria história recente do Brasil está em desacordo com a noção da China como um motor para o desenvolvimento industrial de qualquer outra pessoa. As incursões da China em todo o mundo ao longo do último quarto de século se concentraram na aquisição de matérias-primas com as quais constrói uma potência industrial em casa. A experiência do Brasil não foi exceção.

Considere o crescente comércio bilateral da China e do Brasil. O Brasil pode ter exportado US$ 68 bilhões em coisas para a China em 2020. US$ 60 bilhões foram matérias-primas.




Os EUA, pelo contrário, compraram menos. Mas do total de US$ 22 bilhões, as matérias-primas representaram apenas US$ 3,5 bilhões.




 O investimento apresenta um quadro semelhante. Dos US$ 66 bilhões em investimentos chineses no Brasil registrados entre 2008 e 2022 pelo China Global Investment Tracker, do American Enterprise Institute, pouco foi gasto no desenvolvimento da base manufatureira do Brasil. Cerca de 75% estavam em projetos de energia.



Em 2011, Jorge Arbache, economista da Universidade de Brasília e conselheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil,
argumentou em um ensaio que a parceria crescente e assimétrica do Brasil com a China o lembrou do canto das Sereias na Odisseia de Homero: irresistivelmente sedutor, mas muito arriscado. "Isso beneficia o Brasil no curto prazo, mas incentiva uma crescente dependência brasileira da economia chinesa no longo prazo", disse ele.

Em relatório publicado no ano passado, Vinicius Mariano de Carvalho, do King's College, em Londres, e Tatiana Rosito, hoje secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda do Brasil, observaram que "o Brasil não tem conseguido implementar satisfatoriamente suas prioridades oficiais declaradas nas relações com a China: diversificação e aumento da participação de produtos de alto valor agregado nas exportações brasileiras".

Lula pode querer olhar para o desempenho da economia industrial do Brasil desde que a China começou a aumentar suas importações de commodities brasileiras. Porque as importações brasileiras de produtos industrializados chineses também cresceram. Hoje, os empregos industriais representam 20% do emprego brasileiro, abaixo dos 23% de 15 anos atrás. O valor agregado da indústria caiu para 18,9% do Produto Interno Bruto (PIB), de 23,1% quando Lula assumiu o cargo. Na China, para comparação, a indústria absorve 27% dos empregos e seu valor agregado equivale a 39,4% do PIB.

Em seu ensaio, Mariano de Carvalho e Rosito observam que "este artigo não considera a China como uma solução ou a culpada de qualquer desafio de desenvolvimento brasileiro, mas considera a potência asiática como oferecendo novas oportunidades (e riscos) que não estão sendo totalmente explorados". Uma estratégia ponderada e paciente para a China pode ajudar o Brasil a se inserir em cadeias produtivas de alto valor em uma nova economia de baixo carbono.

Lula claramente tem grandes esperanças. Mas Pequim — que enfrenta uma safra de desafios econômicos próprios — pode não querer compartilhar grande parte de sua recompensa industrial. De fato, seu histórico de cuidar do bem-estar dos lugares em que investe não é muito bom. Embora possa fazer sentido para o Brasil alavancar o medo do Tio Sam de uma crescente pegada chinesa na vizinhança, pode não querer que a China se mude para sempre.

Essas considerações estão em acordo com as posições recentes do Mosca. De maneira desordenada, o novo governo vai tentando buscar alternativas de crescimento sem uma estratégia de um estadista, como Lula imagina ser. Basta ver sua arrogância acreditando que ele consegue colocar um fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, mas com uma política de botequim onde as decisões saem de um bate-papo depois de algumas cervejas.

Felipe Moura, colunista do Estadão classificou o Lula como um negacionista de si próprio camuflando suas pegadas com falsas narrativas, que só são legitimadas por comunicadores amigos.

O que nos espera é mais um período de espera de 4 anos, torcendo para o próximo presidente encarar os problemas nacionais de frente e não se entregar as negociações do toma lá dá cá! Será o presidente um camaleão ou um mentiroso? Você sabe a resposta.

No post não-se-investe-com-dicas fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Remarquei os pontos no gráfico a seguir, onde R$ 4,83/R$ 4,81/R$ 4,76 parecem ser os mais prováveis para ocorrer a reversão. Vou comprar na queda se ocorrer? Não, vou esperar uma boa indicação de reversão, as famosas 5 ondas. Para finalizar, somente abaixo de R$ 4,57 essa estratégia estará eliminada” ...



Parece que mínima que eu estava aguardando ocorreu na semana passada quando o dólar atingiu R$ 4,89. Do ponto de vista técnico esse ponto apresenta um nível adequando segundo uma das métricas, ou seja, é possível. Ainda não correu as 5 ondas necessárias para indicar que o movimento de alta está em curso. No curto prazo, denotei os pontos de interesse: ultrapassar R$ 5,089 confirma as 5 ondas, isso deveria ocorrer sem que o nível de R$ 4,9646 ocorra.



O SP500 fechou a 4.137, sem variação; o USDBRL a R$ 5,0417, com queda de 0,17%; o EURUSD a € 1,1042, com alta de 0,51%; e o ouro a U$ 1.988, com alta de 0,27%.

Fique ligado!

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