O dólar vai se render ao renminbi? #SP500 #ibovespa
Durante minha existência nos mercados houve algumas ocasiões em que os
investidores estavam prontos para abandonar o dólar. Os motivos para variavam
conforme o soup du jour. Um desses momentos
ocorreu no início da publicação do Mosca em setembro de 2011.
Quando todos esperavam que a moeda americana se esborrachasse, nós alertamos o
oposto sugerindo que iria subir. Até me dispus a buscar os dólares caso fossem
jogar no lixo, pois essa era a maneira como a imprensa desdenhava a moeda.
Mais recentemente surgiu uma nova onda, que de maneira diferente de
todas as outras, a moeda americana estaria sendo ameaçada pela chinesa, o renminbi.
Os principais motivos seriam o movimento do governo chines ao “sugerir” que as
transações comerciais feitas com esse país fossem usadas o renminbi ao invés do
dólar, além da insegurança observada no Fed e governo americano, do qual
destaco: congelamento dos ativos detidos pela Rússia e cidadãos envolvidos na
guerra contra a Ucrânia; atabalhoada política monetária em andamento pela
autoridade monetária; além dos problemas bancários que ocorreram no mês
passado.
Mas será que o dólar vai perder sua hegemonia? Shang-Jin Wei, ex-economista do Asian
Development Bank e atual professor da Columbia Business School publicou no
Project Syndicate um artigo com opinião diversa
Embora a China tenha feito grandes progressos
na internacionalização de sua moeda, o objetivo de destronar o dólar dos EUA
ainda está longe. Para minar o domínio do dólar no comércio transfronteiriço, a
China deve afrouxar os controles de capital e tornar o renminbi mais atraente
para os investidores internacionais.
Após anos de
especulação e falsos começos, parece que a internacionalização do renminbi está
bem encaminhada. Em 29 de março, a China e o Brasil
anunciaram planos para
negociar usando suas próprias moedas, em vez do dólar americano. No dia
anterior, a China National Offshore Oil Corporation e a francesa TotalEnergies
concluíram seu primeiro comércio de gás natural
liquefeito denominado
em renminbi. O presidente russo, Vladimir Putin, disse recentemente que quer usar a moeda
chinesa não apenas
para negociar com a China, mas também como forma de pagamento no comércio com
outros países da Ásia, África e América Latina. E a Arábia Saudita conversa com
a China desde o ano passado sobre a aceitação de
pagamentos por algumas exportações de petróleo em renminbi.
Não é segredo
que a China gostaria de converter o renminbi em uma moeda internacional e se
afastar do domínio global do dólar americano. Embora isso seja frequentemente
interpretado como um movimento geopolítico, uma maneira de isolar a China de
possíveis sanções econômicas lideradas pelos EUA no futuro, transformar o renminbi
em uma das principais moedas de liquidação do mundo também beneficiaria muito a
economia chinesa. Além disso, ajudaria a proteger o país de uma crise cambial,
e é por isso que outros países, incluindo a Índia e os
países da ASEAN,
também estão tentando internacionalizar suas moedas.
A figura abaixo,
baseada em pesquisas em andamento por meus coautores e por mim, ilustra o
progresso que a China fez em seus esforços para internacionalizar o renminbi. A
linha vermelha traça as exportações denominadas em renminbi das empresas
sul-coreanas como parte de suas exportações totais para a China entre 2006 e
2020, mostrando que a participação da moeda chinesa aumentou de 0% antes de
2008 para quase 6% até 2020. Em outubro de 2016, o renminbi tornou-se parte da
cesta de moedas que sustentam o ativo de reserva do Fundo Monetário
Internacional, direitos especiais de saque, juntando-se a um clube exclusivo ao
lado do dólar, do euro, do iene e da libra esterlina.
Embora estes sejam marcos impressionantes, não se deve exagerar o grau em que o renminbi está invadindo a posição do dólar. Como mostra a figura, a participação do dólar americano nas exportações sul-coreanas para a China caiu de quase 98% em 2006 para cerca de 87% em 2020. Em outras palavras, o dólar passou de esmagadoramente dominante para um pouco menos dominante. Mesmo no comércio bilateral China-Coreia do Sul, o renminbi não está nem perto de deslocar o dólar.
Além disso,
cerca de 99% das exportações sul-coreanas para os Estados Unidos durante o
mesmo período foram denominadas em dólares; nenhum foi denominado em renminbi.
Por outro lado, a participação do dólar nas exportações sul-coreanas para o
Japão foi de 45%, aproximadamente igual à do iene, com o won e o euro
representando o resto. Em outras palavras, o dólar dos EUA continua a dominar o
comércio global, incluindo o comércio bilateral que não envolve os EUA,
enquanto o renminbi é essencialmente usado apenas em transações envolvendo a
China.
Parte da razão
para a contínua preeminência do dólar é que, além de seu posição como potência
comercial, os EUA têm mercados de capitais muito grandes e líquidos, onde os
investidores estrangeiros podem estacionar seus ativos denominados em dólar.
Devido a seus controles de capital, o mercado financeiro doméstico da China é
muito menos líquido, tornando o renminbi pouco atraente para os investidores
internacionais.
Teoricamente,
a China poderia elevar o perfil global do renminbi afrouxando os controles de
capital. Mas fazer isso poderia ter um custo significativo, expondo a economia
chinesa às consequências (muitas vezes negativas) dos movimentos das taxas de
juros dos EUA e dos ciclos financeiros globais. Além disso, a liberalização
prematura da conta de capital poderia exacerbar as distorções existentes no
sistema financeiro da China, onde a poupança interna nem sempre é canalizada
para as empresas mais produtivas. As autoridades chinesas estão profundamente
conscientes desses riscos, razão pela qual priorizam a estabilidade financeira
em detrimento da internacionalização do renminbi.
Existem, no
entanto, outras formas de promover o renminbi. Uma série de acordos de swap
cambial entre o Banco Popular da China e seus homólogos em outros países, por
exemplo, poderia ajudar a tornar o renminbi menos arriscado para empresas e
investidores internacionais.
Além disso, um
renminbi digital poderia facilitar a liberalização parcial da conta de capital
sem remover formalmente os controles de capital. Ao remover o anonimato dos
investidores estrangeiros, um renminbi digital permitiria que o PBOC limitasse
as transações financeiras transfronteiriças a tipos menos voláteis e ativasse
mais convenientemente um disjuntor quando necessário. Conseguir separar os
fluxos de "dinheiro quente" de tipos mais estáveis de investimento
estrangeiro poderia convencer o banco central a relaxar alguns controles de
capital e permitir que o capital financeiro fluísse mais livremente.
Em suma,
embora a China tenha alcançado progressos notáveis no sentido de tornar o
renminbi uma moeda de reserva global, ainda está longe de atingir seu objetivo.
Embora possa usar uma moeda digital para entregar de fato a liberalização
parcial da conta de capital, não prejudicará a hegemonia do dólar sem ir muito
mais longe no afrouxamento dos controles de capital.
É perceptível
que a China pretende desafiar os EUA como primeira potência mundial, para
atingir esse intento são necessários alguns pontos sendo um deles uma política
mais aberta. Nesse ponto, o presidente chinês vem agindo de forma distinta do
passado, como relata Minxin Pei na Bloomberg
Nos primeiros
dias da presidência de Biden, sua equipe de política externa elaborou um plano
para lidar com a China "a partir de uma
posição de força".
Um de seus principais componentes foi construir uma coalizão de parceiros para
ganhar influência contra o principal rival dos Estados Unidos.
O presidente
chinês, Xi Jinping, decidiu claramente que vale a pena copiar a ideia. Mesmo
que a China tenha rejeitado os
esforços dos EUA para estabelecer um telefonema entre Biden e Xi, o
líder chinês tem cortejado diligentemente muitos dos mesmos parceiros que Biden
cortejou, especialmente líderes europeus, como o presidente francês Emmanuel
Macron, que visitou Pequim na semana passada.
A China já
lançou ofensivas de charme semelhantes muitas vezes antes, com resultados
mistos. Desta vez, também, o preço do sucesso provavelmente será maior do que
Xi está disposto ou capaz de suportar.
Não se pode
culpar o líder chinês pelo esforço. Somente em 31 de março, ele se sentou com
os primeiros-ministros da Espanha, Cingapura e Malásia. Poucos dias depois, o
novo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, encontrou-se com o ministro das
Relações Exteriores do Japão. (O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da
Silva, programado para visitar a China no final de março, teve que adiar sua
viagem devido à doença). Xi concedeu a Macron, defensor da "autonomia
estratégica" europeia, um nível de hospitalidade e atenção que poucos
dignitários estrangeiros receberam, incluindo chá na residência
do falecido pai de Xi
em Guangzhou.
Muito
provavelmente, Xi dará à sua estratégia mais tempo para trabalhar, esperando
que incentivos econômicos e uma retórica mais conciliatória possam gradualmente
corroer os laços entre os EUA e seus amigos, e colocá-lo em uma posição mais
vantajosa se ele e Biden se encontrarem à margem da cúpula do G-20 na Índia em
setembro ou da cúpula da APEC em São Francisco em novembro.
A melhor
aposta de Biden também é permanecer paciente. Os limites autoimpostos da mais
recente ofensiva de charme da China em breve se tornarão aparentes. Enquanto
isso, o mundo provavelmente está melhor se ambas as superpotências estiverem
ocupadas competindo por amigos, não fazendo novos inimigos.
Para responder
à pergunta inicial, acredito que ainda faltam muitos passos para a moeda
chinesa ameaçar o dólar. Sem uma moeda conversível e um mercado de bonds
negociando livremente no mercado internacional, será muito difícil para a
comunidade financeira acreditar que a China ficou mais market friendly
sem impor restrições ou proibições como ocorreu no último ano punindo várias
empresas e setores que segundo esse país ameaçavam a segurança ou outro
objetivo traçado. Somente um desastre que possa ocorrer com o dólar poderia
acelerar esse processo, mas nesse caso vejo o bitcoin como primeiro na fila. Antes que eu me esqueça continua minha oferta de buscar os dólares caso alguém queira jogar no lixo! Hahaha ...
Amanhã será publicado a inflação medida pelo CPI nos EUA que será de grande interesse dos investidores. A maioria dos analistas aponta para uma queda, mas nem todos como o esperado pelo Nomura a seguir, se estiverem certos, não será uma boa notícia.
No post é-tudo-marketing fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “No gráfico acima se encontram os objetivos expressos nas ondas (3), (4) e (5) culminado com 4.579, logico que muita água tem que rolar até achegar lá. Mas nesse percurso, o nível de 4.195 é crucial, qual titubeio e queda podem prenunciar uma opção mais perigosa de queda. Continuo cautelosamente otimista sem me enganar que não existe risco” ...
Passou uma semana e praticamente não houve mudanças, pois, a bolsa se encontra no mesmo nível. O patamar de 4.195 não foi ultrapassado, desta forma, mantenho as mesmas recomendações acima.
- David, por
que você está tão cauteloso?
Existe uma área
de indecisão bastante extensa que venho enfatizando algum tempo. Para que você
possa visualizar o que estou dizendo, no gráfico as seguir com janela de 1
semana destaquei com a elipse, bem como as linhas em vermelho delimitam as idas
e vindas nesse período.
Achei interessante a ilustração a seguir que contém a desempenho de algumas ações nesse começo de ano. Notem que nem todos os setores obtiveram o mesmo resultado onde as ações de tecnologia foram muito bem e a de bancos muito mal, a consequência foi uma alta comedida de 7% do SP500.
No post jogo-sem-vencedor estabeleci duas estratégias para um trade de compra do Ibovespa: ...” a) Na queda que está ocorrendo espero que a reversão deva ocorrer entre 99,8 mil/98,5 mil, o que não pode acontecer nesse movimento seria uma queda que ultrapassa 97 mil; b) Se o movimento tem consistência deveríamos observar 5 mini ondas para cima e o rompimento do nível de 104 mil” ...Embora opção a) ocorreu no limite superior do intervalo, haja visto que, a mínima atingida foi de 99,8 mil, eu decidi entrar na segunda hipótese hoje pela manhã no rompimento do nível de 104 mil, o stop loss 102,1 mil. Mais detalhes amanhã.
O SP500 fechou a 4.109, sem variação; o USDBRL a R$ 5,0059,
com queda de 1,18%; o EURUSD a € 1,0913, com alta de 0,50%; e o ouro a
U$ 2.004, com alta de 0,72%.
Fique ligado!
Eu acho que amanhã ocorrerá no EUA o que ocorreu no Brasil. Inflação em baixa e mercado em alta. Na reunião do FED virá a porrada para baixo. Se o ibov futuro abrir em baixa amanhã pretendo montar uma posição entre 9:15 e 9:30.
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