Ibovespa: ainda vale o risco? #IBOVESPA
No início de 2025, essa não era uma pergunta retórica — era o dilema
central de qualquer investidor no Brasil. Com um CDI estratosférico, previsível
e confortável, a bolsa precisava justificar cada ponto de retorno com risco
real, volatilidade e paciência. Não se tratava apenas de ganhar dinheiro, mas
de explicar por que sair da renda fixa fazia algum sentido.
Esse dilema continua presente, mas começa a perder força conforme o ano
avança. O Ibovespa deixou de ser apenas uma promessa futura e passou a
refletir, ainda que de forma irregular, a expectativa de um ciclo de juros
menos restritivo à frente. Não se trata de euforia, mas de uma mudança gradual
na relação risco-retorno que dominou o mercado nos últimos anos.
O ponto central é que o CDI sempre foi mais do que um indexador. Ele
virou um parâmetro psicológico. Enquanto o juro curto permanecia elevado,
qualquer investimento em ações precisava justificar não apenas o risco, mas a
renúncia a um retorno garantido. Isso criou uma barreira quase intransponível
para a entrada consistente de fluxo na bolsa.
À medida que o debate sobre cortes de juros ganha tração, essa barreira
começa a ceder. Não porque o CDI tenha deixado de ser atraente, mas porque o
custo de oportunidade começa, lentamente, a diminuir. O Ibovespa passa a
disputar capital não apenas com a renda fixa, mas com a própria expectativa de
normalização monetária.
Ainda assim, seria ingênuo imaginar um caminho linear. A economia
brasileira segue presa a um conjunto de fragilidades conhecidas. O risco fiscal
permanece latente, a dinâmica da dívida pública depende fortemente do juro
curto e qualquer desvio de rota na política econômica tende a ser rapidamente
punido pelos preços dos ativos.
Do ponto de vista externo, o ambiente ajuda, mas não resolve. Um cenário
global de crescimento moderado, com possível flexibilização monetária nos
Estados Unidos, cria espaço para mercados emergentes respirarem. O Brasil se
beneficia disso, sobretudo quando o câmbio coopera e os valuations seguem
descontados em relação a seus pares.
É justamente nesse ponto que o Ibovespa começa a mostrar sua assimetria.
Em termos relativos, a bolsa brasileira ainda negocia a múltiplos
historicamente baixos. Esse desconto funciona como um colchão de proteção em
cenários benignos, mas não elimina o risco de solavancos quando o humor muda.
Outro vetor relevante é o comportamento do investidor institucional.
Após anos de resgates em fundos de ações, há sinais de estabilização. Não se
trata de um movimento exuberante, mas de uma mudança marginal importante. O
mercado deixa de ser apenas vendedor e passa a buscar seletivamente
oportunidades.
Esse processo, porém, esbarra em um fator que tende a ganhar
protagonismo crescente: o risco político. Parte dos preços atuais reflete, de
forma explícita ou implícita, a expectativa de um governo mais alinhado à
direita a partir de 2027, com discurso pró-mercado e maior previsibilidade
fiscal. Essa aposta existe, mas está longe de ser garantida.
O cenário eleitoral permanece aberto e a possibilidade de um novo
mandato para o presidente Lula não pode ser descartada. E, goste-se ou não,
essa alternativa não é encarada com bons olhos pelo mercado. Um terceiro
mandato reacenderia temores sobre políticas fiscais mais expansionistas, maior
intervenção estatal e ruído institucional recorrente. Em termos práticos, isso
significaria um aumento do prêmio de risco exigido pelos investidores.
Esse risco político ainda não está plenamente precificado. À medida que
o calendário eleitoral se aproxima, ele tende a ganhar peso e pode voltar a
contaminar a comparação entre bolsa e CDI. Afinal, juros elevados combinados
com incerteza política formam um ambiente particularmente hostil para a renda
variável.
O Ibovespa, portanto, entra no próximo período em uma posição ambígua.
De um lado, há uma melhora relativa no pano de fundo monetário e uma
atratividade crescente dos preços. De outro, persistem riscos estruturais que
impedem qualquer complacência.
O dilema deixou de ser apenas superar o CDI. A questão agora é se a
bolsa brasileira conseguirá sustentar uma trajetória de valorização em meio a
juros ainda elevados, incertezas fiscais e um horizonte político nebuloso.
A resposta, como quase sempre, não virá da narrativa. Virá do preço.
Feliz Natal!
Análise Técnica
No post “maldito-cdi” fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: “Os
principais pontos mais próximos alternativos seriam: 118,6 mil / 115,7 mil /
114,1 mil. Se eu tivesse certeza, poderia montar uma estratégia de compra. Mas,
na verdade, toda a região demarcada com o retângulo pode ser o ponto de
reversão e, no limite, a 95 mil representa uma queda de 22%”
Meu receio acabou não ocorrendo, e a onda 2 - verde agora acabou terminando como observado no gráfico e atingiu o objetivo traçado de 165 mil. Apresento a seguir minha hipótese para continuação do movimento. O objetivo mínimo da onda 3 - verde seria em 178 mil, depois uma correção da onda 4 - verde até o redor de 160 mil voltando a subir para terminar a onda 5 - verde.
O objetivo final ainda é muito cedo para estabelecer pois depende dos movimentos anteriores, mas de forma estimativa algo em torno de 206 mil – 215 mil. É importante ressaltar que na janela mais longa seria o término de uma onda C azul e não de uma onda direcional, isso implica que terminado poderá haver uma queda mais importante.
Minhas ferramentas de análise para a bolsa brasileira são muito
limitadas o que me deixa mais inseguro nas minhas premissas, é como se eu
estivesse dirigindo um fusquinha. Posso pecar na precisão, mas não acredito que
comprometa completamente o trabalho, razão pela qual ainda estou publicando.
O S&P 500 fechou a 6.932, com alta de 0,32%; o EURUSD a € 1,1774, com queda de 0,17%; e o ouro a U$ 4.479, com queda de 0,12%.
Fique ligado!
Dane-se “o mercado”, aquele mesmo que dizia que a eleição do Lula seria “venezuelização” do país e estamos agora com 160.000 pontos na bolsa de valores com uma maioria de gringos espertos que estão lucrando enquanto os bestas cheio de viés ideológicos na renda fixa. Só não se deram mal mais porque a nossa moeda se valorizou também.
ResponderExcluirCom a expectativa da Selic cair vai ser mais altas na nossa bolsa. O Brasil goza de uma neutralidade política nos conflitos geopolíticos que pioram. Não somos um paraíso mas é notório o aumento do poder de compra do mercado interno, então por hora estou ainda apostando e lucrando bem aqui, mas também fui bem com ouro como proteção e ainda devo por mais na Berkshire assim que os preços caírem.