Maldito CDI! #IBOVESPA

 


Eu costumava fazer caminhadas com meus vizinhos quando tinha uma casa em um condomínio na praia. Durante o percurso de uma praia extensa, outros amigos se juntavam, formando um fórum de troca de ideias. Nessa época das festas, costumávamos fazer um retrospecto do ano que estava terminando, bem como expectativas para o ano seguinte, um verdadeiro conjunto de “achômetros”.

Em um desses anos, quando o CDI estava elevado por conta da inflação, comentei sobre a performance ruim dos imóveis. Fui interpelado por um dos colegas da caminhada: "Mas como você chega a essa conclusão?" Como financista que sou, respondi: "Comparo com o CDI." Essa foi a resposta: "Também, comparar com o CDI não dá mesmo!"

Nem continuei a conversa. Ora, iria comparar com o quê? O imóvel, como investimento, tinha a obrigação de render no mínimo como o CDI, pois, se assim não fosse, para que assumir o risco do imóvel? Não é bastante lógico?

Depois da implantação do Plano Real, que aconteceu há 30 anos, a taxa de juros demorou 20 anos para se situar abaixo de 10% ao ano. Era de se esperar que esse último patamar não fosse mais atingido para um país que queria ter um juro real decente.

Mas não é assim que o Brasil enfrenta seu problema de endividamento, com governos que buscam aceitação de maneira rápida, oferecendo benesses ao povo, ao invés de buscar equilíbrio de longo prazo e facilitar o trabalho do Banco Central. Essa política deixa o BCB sem outra alternativa, caso tenha o objetivo de cumprir suas metas de inflação através de uma política monetária austera. Mesmo assim, não existem garantias de que irá conseguir.

A partir do dia 1º de janeiro, Gabriel Galípolo toma posse no Banco Central do Brasil. E, diferente do que o presidente imagina, que segundo suas palavras, “você certamente será o mais importante presidente do BC que este país já teve porque vai ser o presidente com mais autonomia”, pergunto: qual dos presidentes do BCB não teve autonomia? De todos, acho que foi Tombini, justamente no governo da presidente Dilma. Seria essa sua comparação? Vou arriscar um palpite: Duvido!

Em todo caso, o juro nominal vai ficar elevado, e ganhar do CDI não será tão fácil. Será que algum analista, como no comentário feito na praia pelo meu amigo, dirá: "Também, comparar a bolsa com o CDI não dá!"

No post brasil-viciado-em-juros fiz os seguintes comentários: “como poderiam as bolsas americanas caírem no próximo ano e o IBOVESPA subir? Uma dúvida válida.” Naquele momento, eu tinha como previsão principal a queda do S&P e a alta do Ibovespa. Acabou acontecendo o contrário e prevaleceu meu cenário de queda para a bolsa brasileira: “Nessa opção, ao invés da correção ter terminado a alta observada em 2023, seria mais uma tentativa de romper o canal verde abaixo, e uma onda de queda levaria a bolsa ao redor de 96 mil na onda (C) azul. Essa opção ainda contempla a possibilidade da alta em curso, indicada como onda (B) azul, atingir 143 mil antes de começar a cair.”

 



Como é difícil fazer um prognóstico mais assertivo para a bolsa brasileira! Como poderão notar a seguir, tive que fazer mudanças na contagem, embora tenha ocorrido o mesmo resultado. O Ibovespa oscilou dentro das ondas (A), (B) e (C) vermelhas. Será que estamos assistindo à mínima neste final de ano? Pode ser, sem dúvida,, mas não tenho nenhuma segurança de que seja esse o caso. Os principais pontos mais próximos alternativos seriam: 118,6 mil / 115,7 mil / 114,1 mil. Se eu tivesse certeza, poderia montar uma estratégia de compra. Mas, na verdade, toda a região demarcada com o retângulo pode ser o ponto de reversão e, no limite, a 95 mil representa uma queda de 22%. E ninguém quer ficar comprado se isso ocorrer.

 



A Teoria de Elliot Wave é muito útil em situações como essa. Por quê? Pela razão do princípio básico que diz o seguinte: qualquer reversão de movimento se faz com uma sequência de 5 ondas no sentido inverso. E essas 5 ondas, numa janela menor, vou esperar para qualquer posicionamento. Não quero fazer nenhuma projeção de alta antes que isso ocorra.

O S&P500 fechou a 6.037, sem variação; o USDBRL a R$ 6,1802, com queda de 0,19%; o EURUSD a € 1,0419, com alta de 0,14%; e o ouro a U$ 2.633, com alta de 0,80%.

Fique ligado!

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